Idec defende a importância de um instrumento que possibilite a informação dos consumidores
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04/03/2013
Atualizado:
04/03/2013
A campanha Por Trás das Marcas integra uma iniciativa global da Oxfam Internacional e foi lançada no Brasil e em outros 12 países na última terça-feira (26/2). A mobilização sai com a divulgação do relatório de mesmo nome com a análise das políticas de compra das dez maiores marcas globais de alimentos. O trabalho, que levou um ano para ser liberado, avalia produtos das empresas Nestlé, Mondelez, Mars, General Mills, Kellog, Unilever, Coca-Cola, PepsiCo, Associated British Foods e Danone.
A Oxfam se baseou nas informações públicas divulgadas pelas próprias empresas em suas páginas globais. As políticas foram avaliadas em sete temas: transparência, mulheres, terras, trabalhadores rurais, agricultores, água e emissões de gases de efeito estufa. No entanto, somente foram consideradas as políticas que impactam na produção dos gêneros agrícolas que integram a cadeia de fornecimento das empresas.
"Para nós, consumidores, é fundamental entendermos o que está por trás dos alimentos que comemos e, principalmente, compreender que nosso poder de decisão de compra afeta diretamente a forma como as empresas farão seus negócios. Uma campanha como essa nos traz um ótimo instrumento para exercer este poder", opina o pesquisador do Idec João Paulo Amaral.
Ranking
Com os resultados, a empresa montou um ranking — geral e por tema — que apresenta as conclusões gerais:
- — Nenhuma das dez empresas tem políticas condizentes com seu tamanho e consequente responsabilidade sobre impactos a quem vive da agricultura familiar e camponesa;
- — Os atuais níveis de transparência não permitem à sociedade civil avaliar problemas relacionados às empresas, e não mostram quanto essas organizações estão implementando essas políticas;
- — As maiores empresas entre as dez são as que estão no topo do ranking — e também são as com maior número de evidências de desrespeito a direitos dos produtores e trabalhadores rurais;
- — A questão agrária (conflitos no campo, concentração fundiária e invasão de terras indígenas, por exemplo) é praticamente ignorada pelas diretrizes de compras das empresas;
- — Quase nada é previsto para o combate à desigualdade de gênero na área rural.
O objetivo da análise é aumentar o peso da responsabilidade que essas empresas globais de alimentos têm sobre seus próprios impactos. Tanto o relatório da campanha quanto o ranking final das empresas podem ser acessados no site: www.oxfam.org.br/portrasdasmarcas.