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Dados dos próprios bancos apontam ganhos obtidos no Plano Verão

<p> <i>Estudo do economista Roberto Luis Troster mostra que ganhos dos bancos em aplica&ccedil;&otilde;es como CDI foi 7,8 vezes superior ao que &eacute; devido aos poupadores da primeira quinzena de janeiro de 1989; estudo derruba tamb&eacute;m os n&uacute;meros alegados pelos bancos referentes &agrave;s eventuais corre&ccedil;&otilde;es das cadernetas</i></p>

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Atualizado: 

09/08/2011

Com dados dos balanços dos próprios bancos e também informações do Banco Central, referentes ao período imediatamente anterior ao Plano Verão (dezembro de 1988; o plano foi decretado em janeiro de 1989), o ex-economista chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Roberto Luis Troster, elaborou estudo apresentado anteontem no Corecon (Conselho Regional de Economia-SP), dia 25, que destrincha valores como o total depositado nas cadernetas de poupança à época, quanto desta soma era direcionada ao SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e quanto ficava livre para os bancos direcionarem a outras aplicações, como CDIs (Certificados de Depósitos Interbancários), cujo rendimento é muito superior ao que é remunerado na poupança. 

O valor devido para os poupadores da 1ª quinzena

A partir do valor total depositado na caderneta em janeiro de 1989, cerca de NCz$ 36,1 bilhões (cruzados novos), o economista estimou também qual seria o montante devido às cadernetas de poupança com aniversário na 1º quinzena de janeiro de 1989, justamente as que foram prejudicadas pela não aplicação de 20,46% -- diferença entre a taxa de inflação (IPC) e a remuneração da poupança no mês de janeiro de 1989 (LFT) feita pelos bancos. O valor desta diferença não creditada era, na época, de NCz$ 3,58 bilhões ou 9,9% do total de depósitos.

Como os bancos ganharam em outras aplicações

Mesmo se à época do Plano Verão os bancos eram obrigados a destinar cerca de 65% do total depositado nas poupanças ao SFH, segundo as regras vigentes, apenas 35,17% iam para esta finalidade. Outros 15% dos depósitos iam para o Banco Central na forma de recolhimento compulsório. Sobravam, assim, 49,83%% dos recursos da poupança que os bancos destinavam a aplicações como CDIs e títulos públicos. 

O ex-economista-chefe da Febraban calculou então a diferença entre a rentabilidade dessas aplicações, que ficaram com os bancos, e o que foi remunerado ao poupador entre janeiro de 1989 e dezembro de 2007, e mostrou que apenas em um ano do período (1989) ela chegou a 22,91%, superior, portanto, aos 20,46% reclamados hoje na Justiça pelos poupadores. No período todo, a diferença de rentabilidade entre a poupança e os CDIs chega a 684%.

Neste exercício de projeção, o valor devido à época para as cadernetas da 1ª quinzena, teria rendido até dezembro de 2007, cerca de R$ 29 bilhões, segundo os índices de correção da poupança; o mesmo valor, rendeu aos bancos, em aplicações como CDIs, a soma de R$ 228,7 bilhões. O ganho dos bancos foi, portanto, 7,8 vezes superior ao que é devido aos poupadores.
Este valor é superior ao total de ativos do Bradesco (R$ 220 bilhões) e foi incorporado ao patrimônio dos bancos desde então.

Cai o argumento da Febraban ao STF

Com estes números, cai também por terra o argumento que a Febraban e os bancos vinham brandindo e com o qual queriam sensibilizar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo, a saber, de que as ações correspondentes ao Plano Verão poderiam gerar um desembolso de mais de R$ 100 bilhões ao sistema financeiro, algo arriscado e insuportável, sobretudo em meio à crise mundial.

Vale dizer, ainda, que as estimativas são de que apenas 10% dos poupadores lesados recorrerão à Justiça, o que faria com que sequer a totalidade dos R$ 29 bilhões devidos fossem efetivamente desembolsados pelos bancos nas ações judiciais.

Veja o estudo completo de Roberto Luis Troster