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O lado obscuro das Olimpíadas: Idec apóia campanha contra a exploração de trabalhadores

<p> <i>&quot;Play Fair 2008&quot; denuncia m&aacute;s condi&ccedil;&otilde;es de trabalho na produ&ccedil;&atilde;o de grandes marcas de artigos esportivos</i></p>

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Atualizado: 

10/08/2011

A abertura dos jogos olímpicos de Pequim aconteceu hoje, 8/8, e foi transmitida ao mundo todo pela tevê. No entanto, o ingresso para a cerimônia custou cerca de quatro meses de trabalho dos operários das fábricas têxteis chinesas. Essa e outras discrepâncias entre o "brilho" dos jogos e as condições dos trabalhadores da indústria esportiva são denunciadas pela Play Fair 2008 (Jogue Limpo, em inglês).

A campanha é resultado de um movimento que começou em 2003, um ano antes das Olimpíadas de Atenas, alertando o mundo sobre os abusos aos direitos trabalhistas no setor têxtil. Cinco anos depois, porém, pouco mudou. A Play Fair 2008 está integrada pela Confederação Sindical Internacional (CSI), pela campanha Roupa Limpa (CCC), presente em 11 países europeus, e pela Federação Internacional de Trabalhadores da Indústria Têxtil, Vestuário e de Couro (FITTVC), com afiliados em 110 países. Também conta com o apoio de um grande número de sindicatos e ONGs. O Idec é o único órgão brasileiro que apóia oficialmente a Play Fair.

A ocasião das Olimpíadas não é coincidência. Ao contrário, a campanha vem justamente alertar para o lado obscuro dos jogos. Enquanto as indústrias de artigos esportivos arrecadam milhões com o evento, os trabalhadores amargam remunerações baixas, jornadas extensas, equipamentos inseguros e horas-extras que não são registradas, nem pagas.

Segundo a investigação da Play Fair, o salário pago pelas fábricas é aquém do necessário para se viver no contexto dos países analisados. Além disso, há casos em que as fábricas pagam ordenados inferiores ao mínimo estabelecido pela legislação local. Trabalhadores de fábricas esportivas chinesas, por exemplo, recebem um salário de cerca de 3 euros por dia, sendo que o mínimo estabelecido no país é 9,7 euros.

Em contrapartida, os ganhos das grandes marcas são bilionários. Em 2007, o lucro da Nike foi de mais de US$ 2 bi, o da Adidas passou de US$ 1 bi e o da Puma chegou a US$ 500 milhões. A Play Fair pede às empresas que, para além do discurso, cumpram metas para solucionar os problemas apresentados e garantam os direitos dos seus empregados.

A campanha pressiona também o Comitê Olímpico Internacional (COI) para que tome medidas contra a violação dos direitos trabalhistas na confecção de produtos licenciados para os jogos. Contatado pela primeira vez em 2003, o COI continua sem propostas concretas. O comitê apenas previu incluir alguma referência ao tema das cadeias de fornecimento éticas ao selecionar a sede para os Jogos Olímpicos de 2016, mas não disponibilizou detalhes a respeito.

O Idec enviou uma carta ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) questionando sua atuação a fim de assegurar práticas responsáveis do ponto de vista social e ambiental das empresas com as quais mantém relacionamento.

Patrocínio
Além das empresas estritamente esportivas que fornecem roupas e calçados para equipes, há uma série de outras companhias não ligadas ao esporte que patrocinam os jogos. A Olimpíada chinesa bateu o recorde histórico em recursos obtidos com patrocínio e direitos de transmissão - US$ 4,4 bilhões, valor 42% superior ao do evento de Atenas, em 2004.

Ao desembolsar milhões nas Olimpíadas e em eventos similares, a companhia visa, por pressuposto, atingir o consumidor. Segundo Claudinei Santos, coordenador da pós-graduação em marketing esportivo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o patrocínio é um investimento em marketing, por meio da associação da marca aos valores esportistas.

Assim, na hora das compras, o consumidor deve levar em conta os aspectos que estão por trás dos emblemas e pode questionar ou boicotar empresas cujas práticas são irresponsáveis.

Algumas companhias que patrocinam oficialmente as Olimpíadas, como a Coca-Cola e o McDonald´s nada têm a ver com os valores esportivos de práticas saudáveis. Pelo contrário, insistem em propagandas de seus alimentos pouco nutritivos, inclusive para crianças, com estratégias nada éticas.

No país, não é muito diferente. Entre as empresas que patrocinam o COB, várias delas não mantêm relação alguma com a prática esportiva como é o caso da Sol, fabricante de cerveja. Por isso, na carta enviada ao Comitê, o Idec interroga também sobre seus critérios para os acordos de patrocínio.

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