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Foto: iStock Photo
Publicado originalmente por Revista Galileu
Comprar um produto com “zero gordura trans” não quer dizer que, efetivamente, o alimento estará livre desse tipo de gordura utilizado pela indústria alimentícia e associado ao desenvolvimento de enfermidades, como problemas no coração. Um novo estudo analisou 11 mil produtos e constatou que 18,7% contêm ou podem conter gordura trans em sua composição, segundo informações da lista de ingredientes — apenas 7,4% dos produtos identificam a presença do ingrediente em seus rótulos. Apesquisa feita pelo Idec, ONG de Defesa do Consumidor, com o Nupens/USP (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo).
A pesquisa identificou que 11% de salgadinhos, 9% de produtos de panificação e 8,4% dos biscoitos que apresentam a alegação de marketing “zero gordura trans” em seus rótulos, na verdade, contêm gordura trans em sua lista de ingredientes. Analisando a tabela nutricional, foi identificado que 2,7% de biscoitos, 0,9% de salgadinhos e 0,6% de produtos de panificação apresentam zero gordura trans na tabela, mas também contêm o ingrediente em sua formulação. O estudo alerta que estes produtos sempre devem ser avaliados com cautela pelos consumidores antes de serem comprados.
Isso acontece porque as atuais normas brasileiras permitem mensagens como “zero gordura trans” em embalagens de produtos com teores do ingredientes igual ou inferior a 0,1 grama por porção. Além disso, a tabela nutricional pode apresentar a informação “0 grama de gordura trans” se a presença for igual ou inferior a 0,2 grama por porção.
“Mensagens positivas sobre nutrição são utilizadas como estratégias de marketing pela indústria de alimentos e têm um foco seletivo, ignorando a presença de outros nutrientes não saudáveis e encorajando a consumo de produtos com baixa qualidade nutricional”, diz um trecho do estudo.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estuda mudar as normas para a descrição da presença de gordura trans em rótulos.“Já existem evidências científicas suficientes mostrando que o consumo de gordura trans está diretamente associado ao risco aumentado de doenças cardiovasculares. Não existe limite seguro de consumo desse tipo de gordura, portanto ela deve ser evitada”, explica Laís Amaral, nutricionista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
Publicado originalmente por Revista Galileu