Bloco Associe-se

Associe-se ao Idec

Preço dos itens opcionais dos carros populares variam até 78%

<i>Diferen&ccedil;a entre pacotes da mesma empresa tamb&eacute;m &eacute; grande - chegando a quase R$ 2 mil</i>

separador

Atualizado: 

15/09/2011

O consumidor que desejar incluir em um carro básico itens opcionais, seja por conforto ou segurança, vai se deparar com diferenças de até 78% nos preços de cada item. Esse foi o cenário que o Idec encontrou ao realizar uma pesquisa sobre a venda desses produtos para os automóveis.

O Instituto verificou as práticas comerciais das cinco montadoras do País que oferecem carros populares. Foram avaliadas Chevrolet (Celta LS), Fiat (Palio Fire Economy ), Ford (Ka), Volkswagen (Gol) e Renault (Clio). A pesquisa foi realizada a partir da consulta ao site das montadoras e por telefone, em duas concessionárias de cada montadora localizadas na cidade de São Paulo.

Se o consumidor desejar adquirir somente o ar condicionado, único item disponível para a venda separadamente nas concessionárias de todas empresas pesquisadas, vai se deparar com grandes diferenças nos preços. A variação entre o opcional do Gol - R$ 2.700 - e do Ka - R$ 4.810 - é de R$ 2110.

O Idec também constatou que incluir itens de conforto como ar condicionado e direção hidráulica encarece o preço total do veículo em até 22%. No caso do Palio File e do Celta LS, únicos automóveis em que a compra dos dois itens é possível separadamente, o valor final dos carros chega a ficar de 15% a 20% mais caro.

Para os outros automóveis, Ka, Gol e Clio, incluir ar condicionado e direção hidráulica só é possível se o consumidor adquirir um pacote que além desses itens inclui também outros opcionais. Nesses casos o aumento no custo final chega até R$ 6.200.

Site ou loja?
A diferença entre os preços não ocorre só de uma montadora para outra. O levantamento apontou desencontro de informações entre a concessionária, o site e os canais de atendimento das montadoras.

Um exemplo é o do kit airbag duplo (kit -KP01) do Ford Ka. A diferença entre os valores informados foi de R$ 1.930. No site, o valor do pacote era de R$ 7.940, já na concessionária, o preço informado foi de R$ 9.870.

Na Volkswagen também ocorreu situação semelhante. No site da montadora, o pacote que contém ar condicionado e direção hidráulica, chamado de Kit VI, oferece também outros opcionais que elevam o preço do kit a R$ 6.200. Quando solicitado à concessionária um pacote que contivesse direção e ar, o kit oferecido foi o Trend, no valor de R$ 2.200. Uma diferença de R$ 4.000 entre os kits - mais de 180%.

No pacote com itens de segurança, com freio ABS e air bag, as informações também diferem em cada canal de venda. A concessionária informou dois valores diferentes: primeiro R$ 2.800 e depois R$ 3.500. Enquanto isso, no site, o valor do pacote era de R$ 2.310 e estava atrelado à compra compulsória de outros "opcionais", que juntos totalizavam R$ 5.720.

Venda casada
Quando esses itens de segurança não vêm de fábrica com o automóvel, sua comercialização deve poder ser feita separadamente. "Não há requisito técnico que justifique apenas a oferta conjunta desses itens. Logo, a prática é venda casada", declara o advogado do Idec, Guilherme Varella.

O Instituto também constatou venda casada em outros aspectos. De todos os opcionais pesquisados, o ar condicionado foi o único item disponível para a venda separada nas concessionárias de todas as empresas. 

Na maioria dos casos o consumidor não pode comprar o item separado, somente dentro de um kit. A prática, porém, de vincular a compra de um produto ou serviço a outro sem que haja necessidade é considerado venda casada e é proibida pelo CDC (Código de Defesa do Consumidor). "Sugerir a compra do carro completo e indicar apenas um kit, de valor alto, sem a possibilidade de negociação dos componentes, representa restrição à liberdade de escolha do consumidor, que é garantido pelo CDC", afirma Varella

O que elas têm a dizer:
O Idec enviou o resultado às empresas e apenas a Chevrolet não respondeu. Para conhecimento e providências cabíveis, as informações também foram encaminhadas ao DPDC (Departamento de Defesa do Consumidor), ao Ministério Público Federal e à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Leia a seguir as respostas enviadas pelas empresas:

    • A Fiat confirmou que não vende produtos opcionais separadamente e alega que os combos não configuram venda casada porque não estão atrelados à compra do veículo;
    • A Ford também disse que os kits não configuram venda casada, mas "meras opções de produtos que facilitam a escolha dos clientes";
    • A Renault afirmou que o Clio é comercializado em diferentes versões e que foi identificado pelo Idec não é venda casada, mas "configurações de fábrica" disponíveis para escolha do cliente;
    • A Volkswagen informou que as configurações de seus veículos são programadas de acordo com a demanda mercadológica e que alguns componentes são estruturados conjuntamente por necessidades técnicas, mas não explicita quais são eles e quais as necessidades técnicas.