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Idec quer mais debates em plano do governo para reduzir açúcar em alimentos

Instituto defende ampla participação da sociedade civil e de acadêmicos nesse processo para não repetir erros dos acordos voluntários de diminuição de sódio, que não são efetivos

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Atualizado: 

22/12/2015
A convite do Ministério da Saúde, o Idec está participando das discussões para a criação de um Plano Nacional de Redução do Consumo de Açúcar, coordenado pela pasta. 
 
O plano pretende atacar o problema em diferentes frentes, propondo a reformulação de alimentos ultraprocessados; o incentivo ao consumo de alimentos in natura; a adoção de medidas que desestimulem o consumo de produtos com alto teor de açúcar; e a regulamentação da venda desses alimentos em cantinas escolares, por exemplo. 
 
O Idec considera muito importante a iniciativa e apoia a sua continuidade, pois o consumo excessivo de açúcar está associado a doenças crônicas. No entanto, a ONG preocupa-se com a forma como o processo será conduzido e propôs ao Ministério da Saúde que as discussões sejam ampliadas para mais organizações da sociedade civil e também para acadêmicos, a fim de contrabalancear a influência das empresas do setor. 
 
“É importante que a pactuação de metas para a redução de açúcar nos produtos não seja bilateral, só entre o Ministério e as indústrias. Isso ocorreu nos acordos voluntários para a redução de sódio e os resultados não foram efetivos”, destaca Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Instituto.
 
O Idec fez uma série de pesquisas para avaliar a eficácia dos acordos de diminuição de sódio, firmados entre as indústrias e o governo, e constatou que as metas eram muito baixas - na maioria dos casos, os produtos já tinham teor de sódio abaixo do valor fixado na proposta de diminuição.
 
Campeões de açúcar devem ser reformulados
 
Para definir os alimentos processados que devem ser reformulados, o Ministério está levando em conta os que mais contribuem para a ingestão de açúcar pela população, de acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009. 
 
Os “campeões” são refrigerante e suco adoçado, que representam 42% do consumo de açúcar dos brasileiros; bolachas e biscoitos, com 18,9%; e chocolate em pó, com 8,9%.
 
Rotulagem e outras medidas
 
Para o Idec, algumas propostas previstas no plano são até mais importantes do que a reformulação de produtos. Exemplo disso são medidas que desincentivem o consumo de alimentos ultraprocessados com alto teor de açúcar, como a taxação diferenciada. O imposto sobre bebidas açucaradas, adotado em países como o México, tem se mostrado eficiente para reduzir o consumo desses produtos, por exemplo. “Porém, esse tipo de medida certamente sofrerá muita resistência das indústrias de alimentos e bebidas”, alerta Ana Paula. 
 
Outro ponto importante destacado pelo Idec ao Ministério da Saúde é a necessidade de tornar obrigatória a informação do teor de açúcar nos rótulos dos alimentos, hoje facultativa. “Sem essa informação no rótulo, é impossível para o consumidor escolher os produtos que já possuem menor quantidade desse nutriente e dificultaria também o monitoramento do plano de redução de açúcar”, destaca a nutricionista do Idec.
 
O Idec está participando do grupo de trabalho da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que está discutindo a revisão das normas de rotulagem nutricional, entre elas a discriminação do teor de açúcar, e defende que isso aconteça o mais rápido possível.
 

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