Metas estabelecidas são tímidas e há falta de participação social nas tomadas de decisão
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21/06/2017
Atualizado:
25/03/2024
Na terça-feira (13), o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, e a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) renovaram o acordo para reformular a quantidade de sódio nos produtos processados e ultraprocessados.
Apesar da expectativa de redução de 28,5 mil toneladas de sódio nos alimentos industrializados até 2022, o Idec vê com desconfiança o compromisso firmado, devido à falta de participação social nas discussões e a ineficácia de metas voluntárias no País.
“Não existe punição prevista caso alguma parte do acordo não seja cumprida, uma vez que as decisões são feitas pela própria indústria”, afirma Ana Paula Bortoletto, nutricionista e pesquisadora do Idec.
Desde 2011, diversos acordos voluntários foram assinados com o objetivo de reduzir o uso de sódio no Brasil. Cerca de 30 categorias da indústria alimentícia adotaram a medida, entre eles os setores de carnes e lácteos.
O Idec realizou uma série de pesquisas para monitorar o cumprimento das metas incluídas nos acordos. Em uma avaliação feita com base nos anos de 2011 até 2014, foi constatado que o valor estipulado era muito baixo e ineficiente, pois grande parte dos produtos envolvidos apresentavam a quantidade de sódio dentro da meta para ser reduzido ou estavam muito próxima de atingi-la
Atenção para os ultraprocessados
Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2008 e 2009 mostra que a população brasileira tem mudado os hábitos alimentares relacionados ao sódio.
Apesar de o sal de cozinha e os temperos prontos serem a principal fonte do consumo da substância, essa tendência tem diminuído, enquanto o consumo de alimentos processados e ultraprocessados têm aumentado - produtos que normalmente contêm sódio em excesso.
“A alimentação não trata apenas dos nutrientes, mas sim dos alimentos que os contêm. Assim, na hora de nos alimentarmos, devemos ter em mente a importância das escolhas saudáveis”, comenta a nutricionista e pesquisadora do Idec Laís Amaral.
Açúcar em discussão
A redução de açúcar também está na pauta do Ministério da Saúde. Em 23 de maio, um encontro técnico foi promovido pelas associações do setor de alimentos e bebidas para tratar de acordos voluntários. Também estiveram presentes o Ministério da Saúde, a Anvisa, representantes do setor produtivo e pesquisadores.
Durante a reunião, foi decidido que o Plano de Redução de Açúcar em Alimentos Industrializados terá formato parecido com o de sódio e seu lançamento está previsto para o segundo semestre deste ano. O foco inicial será nos produtos lácteos, bebidas adoçadas, biscoitos, bolos e achocolatados.
Para o Idec, as estratégias de redução do açúcar e do sódio são importantes para a prevenção da obesidade e doenças crônicas, mas não devem ser vistas como a principal solução.
“É importante que o Plano de Redução de Açúcar foque nesses produtos ultraprocessados, pois além de conterem aditivos alimentares, eles possuem maior participação na ingestão de açúcares livres, de acordo com a pesquisa do IBGE”, afirma Amaral.