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A empresa dona do Chat GPT agora quer que você faça a venda da íris do olho para ela. O projeto Worldcoin da Open AI já atua em vários países, inclusive o Brasil, e troca as informações contidas na íris por criptomoedas. Por aqui, eles ofereceram cerca de R$ 600 para cada pessoa que vendesse a própria íris.
Ainda não há certeza sobre qual será o uso desses dados biométricos, mas já se sabe que a compra de uma parte de um corpo de uma pessoa, mesmo que seja a imagem dessa parte, viola diversas regras éticas e de privacidade.
A seguir, você vai entender melhor sobre essa prática e os problemas trazidos por ela. Confira!
O que é o projeto WorldCoin?
De acordo com a própria empresa, o WorldCoin pretende criar um sistema global de identificação de seres humanos por meio da coleta desses dados da íris e também dos rostos das pessoas.
O objetivo por trás dessa coleta seria criar uma ferramenta de autenticação humana, para se ter certeza de que não se trata de um robô ou bot acessando. Porém, como a coleta é paga para ser feita, ainda é bastante nebulosa. Não se sabe o que a empresa vai fazer com esses dados, mas como envolve dinheiro, a meta é, claro, vender essa ferramenta e as informações para empresas e governos.
E sem saber como esses dados serão utilizados, para quem eles serão vendidos e de que forma vão ser armazenados é que surgem os diversos perigos dessa prática.
Perigo 1: abusar de pessoas em situação de vulnerabilidade
Ao pagar pelos dados dos rostos e íris das pessoas, a empresa busca como público para esse sistema quem está em uma situação financeira delicada, que precisa desse dinheiro para se alimentar ou pagar as contas.
A empresa não se preocupa em informar para quê exatamente está coletando e sabe que as pessoas que passam por dificuldades financeiras podem não buscar essas informações. É uma exploração de vulnerabilidades sociais e de direitos nossos.
Isso faz com que essas pessoas sofram ainda mais abusos do que já sofrem diariamente pela situação em que vivem.
Perigo 2: riscos à privacidade e segurança de dados
A empresa não fornece um termo de consentimento claro, nem permite que a pessoa revogue a permissão de uso desses dados. Isso tudo combinado com a falta de transparência sobre como essas informações serão utilizadas.
Tudo isso gera uma série de riscos à privacidade e segurança de dados das pessoas que venderam a íris.
A íris é uma característica única do corpo, como a digital de nossos dedos, e deve ser coletada sempre com cuidado, já que em caso de vazamento ou descuido, é impossível de ser alterada. A empresa alega que, na criação da ferramenta, os dados são criptografados e protegidos. Mas não sabemos para onde vão os dados originais e quão seguro e confiável é o sistema da empresa.
Essas informações podem ser utilizadas para fraudes, crimes e gerar uma onda de insegurança jurídica.
Imagine só que você vende a sua íris para uma empresa, alguém rouba esse dado e utiliza a imagem do seu olho como porta de entrada para invadir sua conta no banco ou praticar um golpe contra outras pessoas. Até você conseguir explicar que foi um dado seu que foi vazado e que não foi você que usou a sua própria íris para burlar um sistema de segurança e praticar um crime, vai demorar bastante, não é mesmo?!
Por isso, todo cuidado ao vender dados pessoais tão sensíveis como esse é pouco!
Perigo 3: falta de controle sobre o armazenamento dos dados
A empresa não explica e nem informa como ela vai armazenar esses dados biométricos. Muito pelo contrário, o trabalho dela é fazer toda essa coleta e armazenagem da forma mais escondida possível.
Isso gera mais uma série de desconfianças que podem se tornar perigos. Se esses dados estiverem mal armazenados, eles serão um prato cheio para golpistas.
Perigo 4: não tem restrição de idade
Além de comprar os dados de pessoas adultas, a empresa não impõe restrição de idade para a coleta da íris. Ou seja, crianças, adolescentes, idosos, qualquer um pode vender as suas informações sensíveis. E isso traz outros perigos ainda piores.
A coleta da íris não é isolada. Junto dela vem várias informações sobre a pessoa dona daquele olho. Por isso, ao vazar dados sobre uma criança, por exemplo, pode fazer com que ela seja alvo de violências, de pedofilia e de outros abusos.
Toda a prática realizada pela WorldCoin ataca diversos pontos de diferentes leis brasileiras, como a Lei Geral de Proteção de Dados e o Código de Defesa do Consumidor. É um absurdo ela poder comprar dados biométricos sensíveis de pessoas em situação de vulnerabilidade, desrespeitando as nossas leis, e não ser impedida de fazer isso pelas autoridades.
Alguns países, como a vizinha Argentina, proibiram a empresa de atuar. O que não ocorreu no Brasil. Quer entender mais sobre como a proteção de dados é importante para a sua vida? Clique neste link e acesse o nosso conteúdo sobre o tema!