O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) está lançando o e-book "Não se deixe enganar: 10 verdades sobre a comida da mentira”. Escrito em parceria com diversas instituições comprometidas com a saúde e a alimentação do povo brasileiro, o e-book pode ser baixado gratuitamente no site idec.org.br/10-verdades-ultraprocessados.

O material foi elaborado após meses de pesquisa e reúne os melhores argumentos para ajudar as pessoas consumidoras a fazerem as melhores escolhas alimentares baseadas em fatos, sem se deixar levar pela publicidade e pela narrativa enganosa vindas da indústria de ultraprocessados.

Para a coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, Laís Amaral, a indústria de alimentos parece estar na contramão das evidências científicas recentes e dos movimentos que buscam uma alimentação adequada e saudável para toda a sociedade.

"Em nome do lucro, a indústria tenta defender o espaço conquistado pelos ultraprocessados, mesmo com todas as pesquisas que afirmam que esses produtos fazem mal à saúde de quem os consome, provocando obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e diversos tipos de câncer", complementa. 

Amaral explica que comida de verdade, a que todos devem ter acesso, são os alimentos in natura ou minimamente processados e as preparações culinárias elaboradas a partir deles, que sempre fizeram parte da cultura e dos hábitos alimentares brasileiros. 

Isso inclui a sua valorização até mesmo na nova cesta básica, apresentada no mês passado pelo Governo Federal, incluindo alimentos de dez grupos diferentes: feijões de todos os tipos e leguminosas; cereais, como arroz, tipos de pães, milho, grãos, farinhas e massas; raízes e tubérculos, incluindo diversos tipos de batata, mandioca, inhame e farinhas; legumes e verduras in natura ou embalados, respeitando a sazonalidade e a regionalidade;  frutas, com mais de 100 opções in natura, frescas, secas ou em polpa, também de acordo com a temporada e a região; castanhas e nozes (oleaginosas); carnes e ovos; leites e queijos; açúcares, sal, óleo e gorduras; café, chá, mate e especiarias, para temperar os alimentos.

"Chamamos tudo isso de comida de verdade. São os ingredientes que as diversas cozinhas e tradições brasileiras utilizam no dia a dia, há centenas de anos, e que caracterizam uma alimentação de qualidade", afirma a coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, que também é nutricionista. 

O e-book trata os produtos alimentícios ultraprocessados como "comida da mentira", porque a indústria constrói uma narrativa enganosa de que são mais práticos, mais baratos e mais gostosos, mais fáceis de armazenar e de consumir. 

No entanto, eles não trazem nada de bom para a saúde da população dentro de suas embalagens.

Ultraprocessados com excesso de nutrientes críticos, como sódio, açúcar adicionado, gorduras, além da presença de aditivos alimentares como corantes, aromatizantes, edulcorantes e edulcorantes (conhecidos popularmente como adoçantes) fazem parte da narrativa da milionária indústria alimentícia, que está muito mais preocupada em manter suas vendas e sua fatia de mercado do que com as consequências de uma alimentação que causa danos reais à saúde das pessoas e do meio ambiente. 

Um dos exemplos do e-book reforça: um estudo recente, desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Nacional do Chile, mostrou que 57 mil mortes por ano no Brasil são atribuíveis ao consumo de ultraprocessados.

"Há 36 anos, o Idec atua em diversas frentes de defesa da alimentação saudável. Protocolamos ações, fazemos denúncias e integramos equipes de construção de políticas públicas. Não estamos falando de ativismo. Estamos falando de promoção de alimentação adequada e saudável para todas as pessoas", finaliza Amaral. 

O e-book "Não se deixe enganar: 10 verdades sobre a comida da mentira" é uma realização do Idec, com o apoio de ACT Promoção da Saúde, Instituto Desiderata, FIAN Brasil e Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP).