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Prefeitura de São Paulo reduziu viagens de ônibus em 20% desde 2019, revelam ONGs

Organizações da sociedade civil, entre elas o Idec, Minha Sampa!, SOS M’Boi Mirim, Rede Nossa SP e Instituto Pólis, lançaram campanha para que frequência seja retomada

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Atualizado: 

05/10/2023

O Idec, a Minha Sampa!, o SOS M’Boi Mirim, a Rede Nossa SP, o Instituto Pólis e outras 13 organizações da sociedade civil lançaram a campanha “Devolve nosso busão!” para denunciar que, entre 2019 e 2023, a Prefeitura de São Paulo reduziu em 20% o número de viagens realizadas por ônibus no sistema municipal de transporte. Houve também diminuição da frota de veículos em 16%, no mesmo período. A afirmação tem como base os dados fornecidos pela própria SPTrans, via Lei de Acesso à Informação (LAI), referentes à frequência dos ônibus do sistema.

Todas as regiões registraram queda de viagens. Ou seja, é um problema que atinge a cidade toda, sendo: a Leste, em 21%; Norte, em 20%; Sul, em 18%; Centro, 16%; Sudeste, 16%; e Oeste, em 15%. Quarenta linhas tiveram queda de mais de 50% das viagens, sendo que algumas das mais importantes impactadas em cada região foram:

A lista completa de linhas com as respectivas reduções de viagens está disponível aqui.

“A redução das viagens piora muito a qualidade do transporte na cidade e de vida das pessoas, pois o tempo de  espera dos usuários, que já não era pouco, aumenta, e os veículos ficam lotados. Isso faz com que a população deixe de usar o serviço, optando pelo transporte individual, como motos e carros. Essa troca amplia os congestionamentos e a poluição. Leva também ao encarecimento da tarifa do ônibus, pois menos passageiros significa perda de receita para as empresas, que buscam recompor seu orçamento com o aumento da passagem”, explica Annie Oviedo, Analista de Mobilidade Urbana do Idec.

Clareana Cunha, mobilizadora da Minha Sampa! ressalta que as regiões mais atingidas são as periferias, “justamente aquelas pessoas que mais dependem do transporte público, que é um direito do qual se depende para acessar outros direitos, como educação, saúde, trabalho e lazer. A população de São Paulo não pode ser penalizada por decisões equivocadas da gestão municipal”.

Em manifestação recente, a Prefeitura afirmou que, após a pandemia, houve uma redução do número de passageiros e, portanto, a oferta de viagens foi diminuída para readequar o serviço.

Para as organizações realizadoras da campanha, a resposta da Prefeitura não tem fundamento, pois a demora e lotação dos ônibus têm sido discutidas no Conselho Municipal de Transportes desde a retomada das atividades pós-pandemia, e a SPTrans não está demonstrando atenção ao tema. 

Segundo as organizações, o argumento de que a demanda de passageiros ainda está abaixo do que era antes da pandemia também é equivocado. Isso porque as pessoas só voltarão a usar o serviço quando ele tiver qualidade, frequência e preço adequados. Ou seja, é preciso que os ônibus voltem a circular para que as pessoas sintam confiança em usar o sistema. Além disso,  para lidar com a queda de passageiros, a Prefeitura tem a opção de substituir os ônibus convencionais por microônibus, mantendo a frequência das viagens.

Campanha Devolve nosso busão

Com o objetivo de pressionar a Prefeitura a restabelecer a frequência que o transporte público de São Paulo tinha antes da pandemia, as cinco organizações criaram a campanha https://devolvenossobusao.org/.  A ideia é conscientizar as pessoas de que não devemos aceitar essa situação, que viola direitos fundamentais da população. Para participar, basta preencher o formulário que existe na página e uma carta de protesto será enviada diretamente ao prefeito Ricardo Nunes