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Período de pandemia registra aumento do consumo de ultraprocessados no Brasil

População brasileira segue na contramão do Guia Alimentar, que recomenda que esses produtos não devem fazer parte de uma alimentação adequada e saudável

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Atualizado: 

12/11/2020

Novo estudo do Datafolha encomendado pelo Idec mostra que os brasileiros de 45 a 55 anos estão consumindo mais alimentos ultraprocessados durante a pandemia. O consumo desses produtos nessa faixa etária era de 9% em outubro de 2019, enquanto em junho deste ano saltou para 16%. Esse é o resultado de um estudo realizado pelo Idec que compara os dados da pesquisa Datafolha de junho de 2020 com a de outubro de 2019.

Os dois levantamentos foram feitos com pessoas de 18 a 55 anos, pertencentes a todas as classes econômicas e de todas as regiões do Brasil. A pesquisa deste ano teve 1.214 entrevistados, enquanto a do ano passado contou com 1.384 participantes. O grupo estudado representa a população brasileira.

 Salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados foram os produtos campeões de consumo, subindo de 30% para 35% no período. O segundo lugar no ranking ficou para margarina, maionese, ketchup ou outros molhos industrializados, cujo consumo subiu de 50% em 2019 para 54% em 2020.

Outro dado interessante é em relação ao consumo de ultraprocessados entre homens e mulheres. Durante a pandemia, a população masculina está comendo mais salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados, o que resultou em um aumento de 6% no período. Já as mulheres, aumentaram o consumo de três categorias: margarina, maionese, ketchup ou outros molhos industrializados; embutidos, como presunto, mortadela e linguiça; e pratos prontos e congelados, como macarrão instantâneo, sopa de pacote, lasanha ou outra refeição congelada. Os aumentos foram de 7%, 6% e 5%, respectivamente.

Ultraprocessados por faixa etária

O aumento do consumo de ultraprocessados também não fica restrito a uma única faixa etária. Tanto a população de 25 e 34 anos quanto a de 45 e 55 anos intensificaram o uso de margarina e molhos industrializados durante a pandemia, resultando em um aumento de 52% para 61% e de 41% para 53%, respectivamente.

Ainda, segundo a pesquisa, a população entre 45 e 55 anos relatou também ter consumido mais bebida achocolatada ou iogurte com sabor (de 13% para 19%); salgadinho de pacote ou biscoito salgado (de 20% para 29%); e macarrão instantâneo, sopa de pacote, lasanha congelada ou outro prato pronto comprado congelado (de 6% para 12%).

O consumo de ultraprocessados pelo Brasil

Analisando as regiões, 57% da população no Sudeste relatou consumir os produtos do grupo da margarina. Em 2019, 50% das pessoas dessa região o fizeram. Em segundo lugar ficaram os sucos de fruta em caixa, caixinha ou lata ou refrescos em pó, com um aumento de 30% para 36% no período. Na terceira posição ficou o salgadinho de pacote ou biscoito salgado, de 27% para 33%.

Escolaridade e renda

Quando olhamos para a escolaridade dos participantes, percebemos que 33% das pessoas que estudaram até o ensino fundamental consumiram salsicha, linguiça, mortadela, presunto e outro alimento embutido em 2020, enquanto esse consumo era de 24% no ano anterior. Além disso, 51% dos indivíduos com essa escolaridade utilizaram margarina, maionese, ketchup e outros molhos industrializados em seus alimentos neste ano, sendo que 42% os consumiam em 2019.

Já entre os indivíduos com ensino superior, o aumento do consumo se deu no grupo dos pães (pão de forma, de cachorro-quente ou de hambúrguer). Em 2020, 39% declaram ter consumido pelo menos um tipo desse produto, sendo que em 2019 esse número era de 30%.

Considerando a renda, as pessoas com maior poder aquisitivo registraram um aumento no consumo de salgadinho de pacote ou biscoito salgado (de 24% para 33%) e margarina, maionese, ketchup e outros molhos industrializados (45% para 54%). Já entre a população de baixa renda, houve diminuição no consumo de sorvete, chocolate, gelatina, flan e outra sobremesa industrializada, de 22% em 2019 para 14% em 2020.

Consumo de alimentos in natura

O Idec também analisou o comportamento de consumo de alimentos in natura durante a pandemia. Entre a população de maior renda, houve um aumento no consumo de pelo menos uma hortaliça entre 2019 (83%) e 2020 (89%).

Já quando analisado o local de moradia da população, revelou-se que o consumo de pelo menos uma fruta diminuiu nos municípios do interior, de 68% para 62%. Além disso, na região Nordeste, a frequência do consumo de pelo menos uma fruta diminuiu de 72% em 2019 para 64% em 2020.