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Estudo de caso: seis anos de luta pelo “Direito de Saber”

Idec e Vital Strategies lançam estudo de caso sobre a campanha que levou a uma das maiores participações populares em uma consulta pública no país

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Atualizado: 

05/11/2021

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e a organização global de saúde Vital Strategies lançam um estudo de caso sobre a campanha de comunicação que levou a uma das mais bem-sucedidas consultas públicas do Brasil. A ideia é que o caso apresente um modelo de campanha que possa ser replicado por outros países que tenham o objetivo de obter o apoio público para rotulagem de embalagens. 

Aprovado em outubro de 2020, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o novo padrão de rotulagem chega depois de seis longos anos de debate entre os órgãos públicos, representantes da indústria e da sociedade civil.

"Foi um grande esforço para envolver a sociedade civil nesse processo, fomos capazes de pressionar e defender as evidências científicas e os interesses de saúde pública como uma prioridade", avalia a diretora executiva do Idec, Carlota Aquino.

De acordo com o estudo de caso, "Como a mídia ajudou a construir o caso para rotulagem de advertência no Brasil", a campanha Direito de Saber, iniciada em 2018, levou a uma das maiores participações populares em uma consulta pública, com mais de 23 mil contribuições. A sociedade civil foi representada pelo Idec e pela Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, com apoio da Vital Strategies e da Global Health Advocacy Incubator, que desenvolveram uma ampla campanha de advocacy, que incluía uma grande campanha de comunicação para sensibilizar os consumidores sobre a importância e urgência de novos rótulos para enfrentamento de uma crise de saúde pública.

“Os símbolos de advertência na frente da embalagem que identificam produtos prejudiciais à saúde permitem que os consumidores façam escolhas mais informadas e saudáveis”, explica a coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, Janine Coutinho. "Observamos uma rápida transição da alimentação baseada em comida de verdade para um alto consumo de produtos alimentícios ultraprocessados, que ​​foi responsável por um aumento enorme nas taxas de obesidade e outros problemas de saúde no Brasil. A partir de um estudo do Idec e outros dados disponíveis no Brasil, confirmamos que havia necessidade de os consumidores terem informações mais claras para ajudá-los a fazer escolhas alimentares mais saudáveis”, completa. 

Realizada em diferentes canais de comunicação – como TV, rádio, mídia impressa e digital, a campanha teve o objetivo de expor as informações enganosas encontradas nos rótulos dos produtos alimentícios e apresentar o modelo dos triângulos pretos, para sinalizar os alimentos com alto teor de açúcar, sódio, gorduras saturadas e gorduras totais e qualquer quantidade de gorduras trans e adoçantes como a medida mais adequada para garantir o direito do consumidor de saber o que está consumindo.

O maior esforço de comunicação se deu a partir da abertura da consulta pública da Anvisa em 2019. Após a escolha da audiência e os testes de conceito, chegou-se à mensagem da campanha "Quando abrir a boca, não feche os olhos" – que era acompanhada do apelo para que as pessoas apoiassem o modelo de triângulos pretos na consulta pública. Os materiais da campanha foram vistos 741,4 milhões de vezes.

Para garantir o sucesso da campanha, a performance de cada ação era monitorada, levando a adaptações em tempo real. Também ficou clara a necessidade de abordar a comunidade médica como um grupo separado e as mensagens criativas foram ajustadas para esse público.

Além de mídia on e offline, a campanha também trabalhou em proximidade com influenciadores. Para alcançar audiências diversas, foram abordadas figuras públicas, como a chef Rita Lobo, que participou de uma live com o Idec uma semana antes do encerramento da consulta, explicando como preencher o formulário da Agência.

Na reta final da consulta pública, a campanha contou com ação que projetava um vídeo na lateral de um prédio na Avenida Paulista. A projeção durou três horas, exibindo uma seleção de vídeos da campanha e alcançando milhares de pessoas que por ali passaram em um movimentado dia de semana. A ação gerou mais de 30 publicações em mídia local e nacional.

Mas é importante lembrar que essa luta começou muito tempo antes, ainda em 2014, quando a Anvisa criou um grupo de discussão sobre o tema. Foi depois de pesquisa do Instituto e de outros levantamentos desenvolvidos durante o período de discussão técnica sobre a informação nutricional nos rótulos, que em 2018, a Anvisa produziu um posicionamento preliminar sobre o tema e abriu um processo de consulta pública para melhorar os rótulos dos alimentos no Brasil.

O Diretor Executivo da Vital Strategies no Brasil, Pedro de Paula, reforça o papel fundamental das campanhas de comunicação no engajamento da população em defesa de políticas públicas de saúde. “A rotulagem é uma medida fundamental para ajudar os consumidores a fazer escolhas melhores, gerando, consequentemente, populações mais saudáveis. Ao contribuir com um volume de participação sem precedentes durante uma consulta pública, a campanha ‘Direito de Saber’ comprova que estratégias de comunicação cuidadosamente pensadas e testadas podem informar o público sobre a relação entre alimentos ultraprocessados e doenças, e incentivar a ação”, reforça Pedro de Paula.

Acesse aqui o estudo de caso "Como a mídia ajudou a construir o caso para rotulagem de advertência no Brasil". 

Sobre o Idec

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) é uma associação de consumidores que não possui fins lucrativos. Promove, desde 1987, a educação, a conscientização e a defesa dos direitos do consumidor, por relações de consumo mais justas. Sem vínculos com governos, partidos políticos ou empresas, mantém sua independência pela contribuição de associados e apoiadores. É membro da Consumers International e integrante do Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor e da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais.

Sobre a Vital Strategies

A Vital Strategies é uma organização global de saúde que acredita que todas as pessoas devem ser protegidas por um forte sistema de saúde pública. Trabalhamos com governos e a sociedade civil em 70 países, incluindo o Brasil, para projetar e implementar estratégias baseadas em evidências que abordam seus problemas de saúde pública mais prementes. Nosso objetivo é ver os governos adotarem intervenções promissoras em escala o mais rápido possível. Para saber mais, visite vitalstrategies.org ou no Twitter siga @VitalStrat.Fique informado: siga #KnowCOVID ou siga as contas do Twitter, Facebook ou Instagram da Vital Strategies.