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O Idec, ONG de Defesa do Consumidor, divulgou nesta sexta-feira, em prévia do Dia Mundial do Consumidor, comemorado na próxima segunda-feira (15), o seu ranking anual de atendimentos de dúvidas de consumo. No topo do levantamento referente ao ano de 2020, uma novidade: após oito anos na liderança, as reclamações contra planos de saúde foram ultrapassadas pelos problemas relacionados ao sistema financeiro.
Em um ano marcado pela pandemia do novo coronavírus – que levou praticamente o mundo todo a uma crise sanitária e econômica sem precedentes - as queixas sobre Serviços Financeiros atingiram 22,6% das reclamações, seguido por Saúde (20,9%), Demais Serviços (12,9%), Produtos (11,8%) e Telecomunicações (9,1%). Como comparação, em 2019 Saúde tinha 23,8% dos registros; seguido por Serviços Financeiros (18,5%); Produtos 16,6% e Telecomunicações, com 14,6%.
O principal problema de consumo envolvendo bancos foi “dificuldade para renegociar ou parcelar dívidas” (14,4%). Em seguida vieram “falta de informação” e “cálculo de juros ou saldo devedor de cartões de crédito”, com 8,6% cada. “Desde 2018, ano em que lançamos o documentário No caminho do superendividamento, temos notado o crescimento das demandas relacionadas a superendividamento. Além disso, temos os efeitos da pandemia, que impactou drasticamente o orçamento das famílias brasileiras”, justifica Igor Marchetti, advogado do Idec e responsável pelo levantamento.
Ione Amorim, economista do Idec, lembra que no começo da pandemia o setor bancário foi rapidamente atendido pelo Banco Central com R$ 1,3 trilhão para socorrer empresas e cidadãos, mas demorou para agir e não foi transparente em relação às regras para renegociação de dívidas. “Muitos consumidores ficaram à deriva, expostos a acordos pouco claros e a regras abusivas e sem transparência dos bancos, acentuando o quadro do superendividamento. Enquanto isso, os bancos priorizavam novas concessões de crédito, sem revisão de juros e com aumento de tarifas. Os mais vulneráveis ficaram à mercê de estelionatários e, assim, o número de fraudes explodiu, sinalizando a necessidade de fortalecer os mecanismos de segurança”, declara Amorim.
Na segunda colocação do ranking, o tema de Saúde segue predominantemente sendo ocupado pelas questões contra planos de saúde. Dentro deste item, o somatório dos problemas com “reajuste anual e por faixa etária” totaliza 33% das demandas de saúde, seguido por “negativa de cobertura”, com 13,44%, que ficou à frente de “falta de informação”, com 9,69%.
Na terceira colocação ficaram as dúvidas e queixas relacionadas a outros tipos de serviços, com 12,1% dos atendimentos. Os assuntos mais demandados foram “dificuldade para cancelar serviços”, com 19,35% dos casos, seguido por “má prestação de serviço” e “descumprimento de oferta”, que juntos totalizam mais de 10% dos casos.
Na quarta colocação ficaram as dúvidas e queixas relacionadas a Produtos, com 11,8%, e em quinto ficaram as dúvidas e queixas sobre o setor de telecomunicações, com 9,1%. O ranking anual do Idec é divulgado sempre próximo ao Dia Mundial do Consumidor, comemorado na próxima semana. Na segunda-feira (15), o Idec divulgará mais uma pesquisa sobre o perfil dos consumidores brasileiros.