Pesquisa do Idec também analisou as taxas de juros e verificou aumento de até 42% em apenas seis meses
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15/06/2017
Atualizado:
21/06/2017
Um levantamento feito pelo Idec com os seis maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander) verificou que o custo da anuidade de cartão de crédito subiu até 188% entre agosto de 2014 e de 2015. O aumento é mais de dez vezes superior à inflação acumulada no período, medida em 9,56%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
O reajuste mais elevado foi aplicado pelo Santander, que aumentou a anuidade do cartão Esso Shell Nacional de R$ 25 para R$ 72. O HSBC vem na sequência, com a tarifa anual do Cartão Básico, que passou de R$ 50 para R$ 118 – 136% mais cara. Completando o “pódio”, está o Bradesco, com o cartão Bradesco Gold, que em 2014 já tinha uma tarifa salgada, de R$ 150, mas aumentou ainda mais este ano: R$ 275 (83%).
Outros bancos também aplicaram reajustes consideráveis, com destaque para o Banco do Brasil, com 63%, e para o Itaú, com 50% de aumento. Confira mais detalhes na tabela abaixo.
O levantamento também observou que cresce o número de opções de cartões oferecidos pelos bancos: só o Itaú tem 141, e o Bradesco, 63. Alguns deles têm programas de benefícios que isentam a anuidade, mas normalmente são aqueles voltados para clientes de renda elevada ou que mantêm aplicações financeiras no banco. “O consumidor que não se enquadra nesse perfil, acaba pagando integralmente a anuidade, que fica cada vez mais caras”, destaca Ione Amorim, economista do Idec responsável pela pesquisa.
Anuidade: reajustes máximos aplicados pelos bancos
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Banco |
Nome do cartão
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Anuidade em agosto de 2015
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Anuidade em agosto de 2014
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Reajuste
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Santander |
Esso/Shell Nacional
|
R$ 72
|
R$ 25
|
188%
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HSBC |
Cartão Básico
|
R$ 118
|
R$ 50
|
136%
|
Bradesco |
Bradesco Gold
|
R$ 275
|
R$ 150
|
83%
|
Banco do Brasil |
Private Label Internacional
|
R$ 178
|
R$ 109
|
63%
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Itaú |
Itaú Múltiplo Nacional versão Itaucard 2.0
|
R$ 120
|
R$ 80
|
50%
|
Caixa |
Black e Infinite
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R$ 720
|
R$ 600
|
20%
|
Fonte: site dos bancos - elaboração: Idec
Juros nas alturas
Além das anuidades, a pesquisa também comparou os reajustes nas taxas de juros dos cartões de crédito dos seis bancos de janeiro – quando a taxa média praticada pelas instituições bancárias passou a ser informada pelo Banco Central – a julho deste ano.
Nesses seis meses, os maiores reajustes no crédito rotativo foram aplicados justamente pelos bancos públicos: o da Caixa subiu 42% (de 94,78% para 134,96% ao ano) e o do Banco do Brasil, 27% (de 224% para 285% ao ano) nos seis primeiros meses deste ano.
Embora esses bancos tenham aplicado os maiores percentuais de reajuste, outros têm taxas ainda maiores. O “campeão” é o Itaú, que cobra nada menos do que 632% de juros ao ano do cliente que cai no rotativo do cartão de crédito.
Para a economista do Idec, o aumento das taxas de juros do cartão acendem um alerta para o consumidor, já que, em tempos de crise, o uso do cartão tende a se intensificar pela facilidade de acesso e pelo incentivo dos bancos a essa modalidade de crédito. “Isso acaba contribuindo para o endividamento excessivo do consumidor”, aponta Ione.
Taxa de juros do cartão de crédito
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Banco |
Janeiro 2015
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Julho 2015
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Variação da taxa de juros
(de jan. a jul.) |
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Ao mês
|
Ao ano
|
Ao mês
|
Ao ano
|
Ao mês
|
Ao ano
|
|
Caixa |
5,71%
|
94,78%
|
7,38%
|
134,96%
|
29%
|
42%
|
Banco do Brasil |
10,30%
|
224,40%
|
11,91%
|
285,98%
|
16%
|
27%
|
Bradesco |
14,05%
|
384,44%
|
15,10%
|
440,37%
|
7%
|
15%
|
HSBC |
14,27%
|
395,63%
|
15,04%
|
437,09%
|
5%
|
10%
|
Santander |
15,42%
|
458,83%
|
16,06%
|
497,23%
|
4%
|
8%
|
Itaú |
17,95%
|
624,69%
|
18,05%
|
632,15%
|
1%
|
1%
|
Cartão lidera inadimplência
Segundo dados do Banco Central, em julho, o rotativo do cartão de crédito era a modalidade com pior índice de inadimplência efetiva: 37%. Ou seja, mais de um terço dos consumidores que utilizam o rotativo do cartão não conseguem pagar as faturas em dia.
De acordo com Ione Amorim, a inadimplência no cartão explica-se tanto pelas altas taxas de juros quanto pelo incentivo que os bancos dão ao uso dessa linha de crédito. “Nas pesquisas que o Idec está fazendo este ano com esses seis bancos, constatamos que cinco deles enviaram cartão de crédito sem solicitação logo após a abertura de conta. Na segunda fase da pesquisa, três desses bancos recusaram empréstimo pessoal, que tem taxa de juros bem mais baixas, no valor de R$ 300, mas liberaram limites altos no cartão de crédito”, relata a economista. “Ou seja, há um claro incentivo das instituições financeiras à modalidades mais caras de crédito, sobretudo ao cartão. E o resultado disso é que o consumidor compromete sua renda excessivamente e não consegue pagar suas dívidas”, conclui.
Inadimplência por linha de crédito
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Modalidade
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jul/15
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Cartão de crédito rotativo
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37,0%
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Cheque especial
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14,9%
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Aquisição outros bens
|
9,9%
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Crédito pessoal não consignado
|
7,1%
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Crédito consignado privado
|
5,4%
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Aquisição veículos
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3,9%
|
|||
Crédito consignado público
|
2,2%
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|||
Crédito consignado INSS
|
1,7%
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Crédito imobiliário
|
0,7%
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|||
Cartão de crédito parcelado
|
0,5%
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Fonte: Banco Central |
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