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Pesquisa do Idec revela que a maioria dos chocolates não possui informação sobre a quantidade de cacau no rótulo

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Atualizado: 

21/03/2013

Das 11 marcas pesquisadas, apenas uma tem o percentual estampado. E aquelas comercializadas fora do País, assumem duplo padrão no que se refere à quantidade do cacau e também à informação ao consumidor

 

 

Uma pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), com as 11 marcas de chocolates mais comercializadas no Brasil - Arcor, Brasil Cacau, Cacau Show, Garoto, Hershey’s, Kopenhagen, Lacta e Nestlé, e fabricações próprias de três grandes redes, Carrefour, Dia e Qualitá -, concluiu que maioria não informa no rótulo a quantidade de cacau do produto.
 
Entre os chocolates ao leite, apenas os da Cacau Show têm o percentual de cacau estampado na embalagem. As outras dez não fazem nenhuma menção à quantidade do fruto. Ainda não existe nenhuma lei que obrigue as empresas a colocarem esse dado na embalagem, mas, para o Idec, seria razoável que essa iniciativa partisse dos próprios fabricantes.
 
O teor de cacau também não é estampado nas embalagens de muitos chocolates meio amargo e amargo. Dos oito chocolates meio amargo pesquisados, apenas três têm a preciosa informação indicada no rótulo: Cacau Show, Hersheys e Arcor. E entre os onze de chocolate amargo, dois não têm o dado: os tabletes de 40 e 85 g da Kopenhagen, e os tabletes de 20 e 100 g da Brasil Cacau (marcas que pertencem ao mesmo grupo). O Idec foi então atrás do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) das empresas que não divulgam o teor de cacau na embalagem. Mais uma missão inglória. Apenas o Carrefour e o Dia revelaram os dados pedidos. Nas outras, ou o atendente disse que não dispunha da informação, ou que retornaria o contato posteriormente (o que acabou não sendo feito). Ou, pior, afirmou que esse dado é “segredo de fábrica”.
 
Além disso, entre os produtos pesquisados, cinco deles são fabricados apenas com a quantidade mínima de cacau, estipulada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Para ser considerado chocolate, o produto deve ter, ao menos, 25% de cacau (se for chocolate ao leite).
 
“Seria muito importante que o teor de cacau viesse impresso no rótulo, até porque, se trata de um direito à informação ao consumidor, assegurado pelo CDC (Códio de Defesa do Consumidor), desta maneira, fica a sensação de que essa informação trata-se apenas de uma estratégia de marketing usada quando isso é conveniente aos fabricantes”, opina Ana Paula Bortoletto Martins, pesquisadora do Idec.
 
A pesquisadora ainda lembra que os benefícios do cacau à saúde, como a produção de mais serotonina, que dá a sensação de bem-estar e diminui a pressão arterial, estão diretamente relacionados à sua quantidade no chocolate. Por isso, alerta: “é importante que o consumidor esteja atento a essa informação no rótulo, para sua melhor escolha e, no caso de não encontrar, cobre esse direito das empresas, por meio dos canais de atendimento ao consumidor”.
 
 
Duplo padrão
O Idec também pesquisou alguns chocolates importados vendidos no Brasil e que têm
preços lá fora, relativamente, parecidos com os dos chocolates brasileiros escolhidos: Casino Lait Dégustation, Guylian, Lindt Swiss Classic, Milka, Nestlé Crunch e Ritter Sport. E, ao contrário dos chocolates nacionais, o teor de cacau está presente nos rótulos de todos os chocolates importados pesquisados, mesmo que seja em letras miúdas, no verso da embalagem.
 
O que chamou a atenção é que dois desses chocolates estrangeiros, também são fabricados no Brasil: Crunch (da Neslté)* e Milka (da Kraft).
 
Nos dois casos, o teor de cacau é maior nos produtos fabricados lá fora: ambos têm no mínimo 30% de cacau – lembrando que os nacionais têm no mínimo 25%. As duas empresas, portanto, praticam o que se chama de “duplo padrão”: independentemente de questões relacionadas à legislação de cada país, elas tratam de maneira diferente os consumidores brasileiros e os de seu continente de origem.
 
* Embora o chocolate Crunch não seja ao leite, pois contém flocos de arroz, achamos oportuno incluí-lo nesta pesquisa, justamente para se verificar a existência de duplo padrão.