Típicos nas festas juninas, alimentos à base de milho foram alvo do estudo. Pesquisa do Instituto demonstra que alguns alimentos contendo OGMs não estavam assim identificados
Presentes nos pratos típicos das festas juninas, os produtos à base de milho, em sua maioria, contém Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), mas nem sempre o consumidor tem acesso a essa informação. Uma pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) demonstrou que algumas marcas de farinha de milho, fubá, canjica e milho para pipoca estão em desacordo com a legislação por não informarem no rótulo o símbolo T amarelo, na embalagem, ou pela ausência da informação da espécie doadora dos genes.
Além disso, também foi verificado que, dos sete supermercados visitados, na cidade de São Paulo, nenhum está cumprindo a Lei Estadual, que determina que os alimentos que contêm transgênicos precisam estar separados dos demais nas gôndolas.
"A pesquisa é de grande importância para o consumidor, pois a informação é essencial como meio de garantir aos cidadãos seu poder de escolha, que já foi declarado em diversas pesquisas de opinião e, nesse aspecto, a informação clara e adequada no rótulo dos produtos é fundamental", explica a pesquisadora em alimentos do Idec, Ana Paula Bortoletto Martins.
Como foi feita a pesquisa
Foram avaliadas quatro marcas diferentes (Mestre Cuca, Hikari, Yoki, Kisabor) de cinco produtos à base de milho (farinha de milho amarela, fubá, milho para pipoca, milho para pipoca de micro-ondas e canjica de milho branca). Os produtos foram avaliados em relação à presença do símbolo transgênico, de uma das expressões que devem acompanhar o símbolo e da espécie doadora dos genes nos rótulos de todos os produtos (conforme Decreto Federal nº 4.680/2003, Lei Estadual nº 14.274/2010 e Portaria nº 2.685/2003 do Ministério da Justiça).
Na ausência de indicação no rótulo da presença ou ausência de OGMs, foi realizado o contato com o SAC dos fabricantes solicitando a comprovação de que os produtos não contêm transgênicos.
Importante: Não foi realizada a análise laboratorial da presença de organismos geneticamente modificados para a comprovação de que o que foi declarado pelas empresas está correto. A pesquisa baseou-se no princípio da boa-fé das empresas em cumprir a legislação referente ao direito à informação sobre a presença de organismos geneticamente modificados nos alimentos.
Resultados
Descrição dos produtos analisados e avaliação da adequação da rotulagem:
Marca
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Produtos
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Informação sobre a presença de transgênicos
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Mestre Cuca
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transgênico: farinha de milho amarela e fubá
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reprovada
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não transgênico: milho para pipoca e canjica
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aprovada
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YOKI
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transgênico: farinha de milho amarela e fubá
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reprovada
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não transgênico: milho para pipoca e canjica
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reprovada
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HIKARI
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transgênico: farinha de milho amarela, fubá e canjica
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aprovada
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não transgênico: milho para pipoca e canjica
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aprovada
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Kisabor
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transgênico: farinha de milho amarela, fubá, milho para pipoca e canjica transgênicos
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aprovada
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Respostas das empresas
A FFAMM, responsável pela marca Mestre Cuca, informou que: "Em relação à falta de informação do gene doador. esclarecemos que foi devido a uma questão técnica de interpretação, entretanto, esta informação já estará constando em nossos próximos lotes de embalagens(sic)". YOKI não localizou o e-mail nem a resposta obtida pelo SAC da empresa e ainda informou que "nem todos os produtos à base de milho fabricados pela empresa são transgênicos". A empresa Hikari e a Kisabor não enviaram resposta até o fechamento desta pesquisa.