|
Produtos com preço superior ao ofertado
|
Soma dos preços ofertados**
|
Soma dos preços praticados**
|
Diferença entre a soma dos preços praticados e a dos ofertados (em porcentagem a mais) **
|
Estorno da quantia paga a mais foi realizado?
|
Quantidade de produtos sem preço
|
Leitores óticos com problema
|
Quantidade
|
Percentual em relação ao total*
|
Carrefour
|
4 / 45
|
9%
|
R$ 13,12
|
R$ 19,26
|
+47%
|
Parcialmente***
|
19
|
4
|
Extra
|
3 / 45
|
7%
|
R$ 12,23
|
R$ 13,87
|
+13%
|
Sim
|
44
|
4
|
Pão de Açúcar
|
11 / 46
|
24%
|
R$ 195,92
|
R$ 214,67
|
+10%
|
Sim
|
29
|
Nenhum
|
Sonda
|
2 / 46
|
4%
|
R$ 18,96
|
R$ 20,49
|
+8%
|
Sim
|
11
|
1
|
Walmart
|
3 / 46
|
7%
|
R$ 25,17
|
R$ 28,24
|
+12%
|
Sim
|
17
|
Nenhum
|
* percentuais arredondados, sem casas decimais
** apenas dos produtos com divergência de preço
*** dos quatro produtos com preço superior ao anunciado, foi feita a devolução da quantia paga a mais referente a apenas dois dos produtos
Outros problemas
Há algumas modalidades de discrepância de valores: a mais evidente é quando a etiqueta afixada na gôndola informa um preço e o sistema de dados do estabelecimento registra um valor superior.
Mas há também outras duas situações. Uma é a presença de duas etiquetas (ou até mais), cada uma informando um valor, e o praticado é o maior deles. Outra é quando a etiqueta visualmente unida ao produto faz, na verdade, alusão a outro produto, de modo que o consumidor é induzido a erro.
Há alguns agravantes além desse erro de posicionamento de etiquetas: as letras que especificam o produto (e, portanto, indicam a qual item a etiqueta se refere) normalmente são muito pequenas; é preciso esforço e concentração razoáveis para captar a mensagem. Sem contar que também é comum o uso de siglas indecifráveis.
Existem ainda casos de etiquetas que anunciam um determinado valor em letras garrafais e, com tamanho bem mais comedido de fonte, explicam que tal valor se aplica apenas à compra de um grande número de unidades do produto. O valor unitário, maior, aparece também com letras modestas. A prática foi constatada ocasionalmente em uma loja do Extra, embora esse não fosse o foco da pesquisa.
Como foi feita a pesquisa
Duas lojas distintas das redes Carrefour, Extra, Pão de Açúcar, Sonda e Walmart foram visitadas, todas na cidade de São Paulo. A primeira dessas duas visitas teve o objetivo principal de verificar se havia produtos anunciados por um determinado valor, mas cobrados por valor superior. Para isso, foram coletados 45 produtos, de modo a contemplar os diversos setores do estabelecimento. À medida que cada produto era colocado no carrinho de compras, o pesquisador anotava o preço anunciado. Em seguida, os preços reais dos 45 produtos foram checados nos terminais de leitura ótica. Os itens com preços reais superiores ao anunciado foram comprados e, após esse processo, o estorno era solicitado no Serviço de Atendimento ao Cliente.
As visitas às segundas unidades de cada rede tiveram dois objetivos principais: elencar quantos itens estavam sem preço e verificar o estado de funcionamento dos leitores óticos, percorrendo todos os corredores da loja em até 75 minutos.
A separação de objetivos em cada uma das duas visitas contou com exceções. Por exemplo, quando ocasionalmente era encontrada uma divergência de preço na visita que pretendia avaliar os leitores óticos e os produtos sem preço, esse resultado entrou para a pesquisa. Isso explica porque o universo total de produtos das redes Pão de Açúcar, Sonda e Walmart é de 46 itens (e não 45). O mesmo princípio vale para os terminais de leitura - daí os quatro defeituosos do Extra terem sido encontrados em duas lojas distintas.
O que dizem as empresas
O Idec entrou em contato com as assessorias de imprensa das empresas e comunicou o resultado da pesquisa. Todas afirmaram que seguem o CDC e a legislação referente à afixação de preços. O resumo de cada resposta está abaixo:
Carrefour: diz que adota rigorosos procedimentos de conferência diária de preços nas gôndolas de suas lojas, de acordo com os valores cadastrados em sistema, e que, se o consumidor constatar uma divergência, realiza prontamente o reembolso da diferença, prevalecendo sempre o menor preço. A empresa afirma que reforçará estas orientações em suas unidades, para garantir o melhor atendimento aos consumidores.
Grupo Pão de Açúcar (redes Extra e Pão de Açúcar): afirma realizar rígido controle e fiscalização dos preços por meio de conferência diária e auditorias periódicas. Informa também que está analisando iniciativa s para contribuir com esse trabalho, como a ampliação das lojas com etiqueta eletrônica (o que permite atualização em tempo real de ofertas e mudanças e preços) e impressoras portáteis. A empresa diz que, em eventual divergência de preço encontrada nas lojas do grupo, o menor valor é considerado, evitando qualquer tipo de prejuízo ao consumidor. Sobre os monitores com avarias encontrados no Extra, a rede informa que se trata de um problema pontual e solicita saber quais foram as lojas visitadas para averiguar o ocorrido e confirmar os reparos, se necessários.
Sonda: responde que tem um forte trabalho de manutenção dos leitores de preços, com uma equipe interna dedicada a isso e uma equipe de manutenção terceirizada.
Em relação aos preços dos produtos nas gôndolas, afirma ter equipes em lojas que fazem conferências dos preços diariamente e, ainda, que estuda o uso de etiquetas eletrônicas para que a troca de preços não necessite tanto da interferência humana, não correndo o risco de erro nas atualizações.
Walmart: informa que possui procedimentos internos que garantem a precisão dos preços dos mais dos 45 mil itens vendidos. Em relação à falta de precificação e divergência de valor apontado na pesquisa, diz que está apurando as causas.
Orientações ao consumidor
- Procure ler com atenção as informações impressas sob o preço da mercadoria; nem sempre a etiqueta mais perto do produto se refere a ele.
- É lei: se o produto tiver dois preços, deve prevalecer sempre o menor.
- Se estiver com dúvida em relação ao preço, não hesite em consultar o terminal de leitura.
- Ao passar no caixa, nem sempre é possível verificar se os preços estão corretos; por isso, confira sempre a nota fiscal. Anotar os preços ofertados pode ajudar.
- Se constatar que pagou a mais, dirija-se ao guichê de atendimento ao cliente e explique o ocorrido.
- Caso o mercado que costuma frequentar seja muito desorganizado, deixe de ser cliente dele.
- Se o estabelecimento se recusar a cobrar o preço mais baixo, tire fotos dos produtos e das etiquetas; com as provas e a nota fiscal em mãos, recorra ao Procon ou a um Juizado Especial Cível (JEC).
O Idec é uma associação de consumidores que não possui fins lucrativos. Promove, desde 1987, a educação, a conscientização e a defesa dos direitos do consumidor, por relações de consumo mais justas. Sem vínculos com governos, partidos políticos ou empresas, mantém sua independência pela contribuição de pessoas físicas. Membro da Consumers International e integrante do Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor e da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais.