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Em um ano, anuidade de cartão de crédito sobe até 188%

Pesquisa do Idec também analisou as taxas de juros e verificou aumento de até 42% em apenas seis meses

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Atualizado: 

21/06/2017
Um levantamento feito pelo Idec com os seis maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander) verificou que o custo da anuidade de cartão de crédito subiu até 188% entre agosto de 2014 e de 2015. O aumento é mais de dez vezes superior à inflação acumulada no período, medida em 9,56%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). 
 
O reajuste mais elevado foi aplicado pelo Santander, que aumentou a anuidade do cartão Esso Shell Nacional de R$ 25 para R$ 72. O HSBC vem na sequência, com a tarifa anual do Cartão Básico, que passou de R$ 50 para R$ 118 – 136% mais cara. Completando o “pódio”, está o Bradesco, com o cartão Bradesco Gold, que em 2014 já tinha uma tarifa salgada, de R$ 150, mas aumentou ainda mais este ano: R$ 275 (83%). 
Outros bancos também aplicaram reajustes consideráveis, com destaque para o Banco do Brasil, com 63%, e para o Itaú, com 50% de aumento. Confira mais detalhes na tabela abaixo.
 
O levantamento também observou que cresce o número de opções de cartões oferecidos pelos bancos: só o Itaú tem 141, e o Bradesco, 63. Alguns deles têm programas de benefícios que isentam a anuidade, mas normalmente são aqueles voltados para clientes de renda elevada ou que mantêm aplicações financeiras no banco. “O consumidor que não se enquadra nesse perfil, acaba pagando integralmente a anuidade, que fica cada vez mais caras”, destaca Ione Amorim, economista do Idec responsável pela pesquisa.
Anuidade: reajustes máximos aplicados pelos bancos
Banco
Nome do cartão
Anuidade em agosto de 2015
Anuidade em agosto de 2014
Reajuste
Santander
Esso/Shell Nacional 
R$ 72
R$ 25
188%
HSBC
Cartão Básico
R$ 118
R$ 50
136%
Bradesco
Bradesco Gold
R$ 275
R$ 150
83%
Banco do Brasil
Private Label Internacional
R$ 178
R$ 109
63%
Itaú
Itaú Múltiplo Nacional versão Itaucard 2.0
R$ 120
R$ 80
50%
Caixa
Black e Infinite
R$ 720
R$ 600
20%

Fonte: site dos bancos - elaboração: Idec

 

Juros nas alturas

Além das anuidades, a pesquisa também comparou os reajustes nas taxas de juros dos cartões de crédito dos seis bancos de janeiro – quando a taxa média praticada pelas instituições bancárias passou a ser informada pelo Banco Central – a julho deste ano. 

Nesses seis meses, os maiores reajustes no crédito rotativo foram aplicados justamente pelos bancos públicos: o da Caixa subiu 42% (de 94,78% para 134,96% ao ano) e o do Banco do Brasil, 27% (de 224% para 285% ao ano) nos seis primeiros meses deste ano.  
Embora esses bancos tenham aplicado os maiores percentuais de reajuste, outros têm taxas ainda maiores. O “campeão” é o Itaú, que cobra nada menos do que 632% de juros ao ano do cliente que cai no rotativo do cartão de crédito.
 
Para a economista do Idec, o aumento das taxas de juros do cartão acendem um alerta para o consumidor, já que, em tempos de crise, o uso do cartão tende a se intensificar pela facilidade de acesso e pelo incentivo dos bancos a essa modalidade de crédito. “Isso acaba contribuindo para o endividamento excessivo do consumidor”, aponta Ione. 
Taxa de juros do cartão de crédito 
Banco
Janeiro 2015
Julho 2015
Variação da taxa de juros
(de jan. a jul.)
 
Ao mês
Ao ano 
Ao mês 
Ao ano 
Ao mês 
Ao ano 
Caixa
5,71%
94,78%
7,38%
134,96%
29% 
42%
Banco do Brasil
10,30%
224,40%
11,91%
285,98%
16%
27%
Bradesco
14,05%
384,44%
15,10%
440,37%
7%
15%
HSBC
14,27%
395,63%
15,04%
437,09%
5%
10%
Santander 
15,42%
458,83%
16,06%
497,23%
4%
8%
Itaú
17,95%
624,69%
18,05%
632,15%
1%
1%

Fonte: Banco Central – elaboração: Idec

Cartão lidera inadimplência
 
Segundo dados do Banco Central, em julho, o rotativo do cartão de crédito era a modalidade com pior índice de inadimplência efetiva: 37%. Ou seja, mais de um terço dos consumidores que utilizam o rotativo do cartão não conseguem pagar as faturas em dia. 
De acordo com Ione Amorim, a inadimplência no cartão explica-se tanto pelas altas taxas de juros quanto pelo incentivo que os bancos dão ao uso dessa linha de crédito. “Nas pesquisas que o Idec está fazendo este ano com esses seis bancos, constatamos que cinco deles enviaram cartão de crédito sem solicitação logo após a abertura de conta. Na segunda fase da pesquisa, três desses bancos recusaram empréstimo pessoal, que tem taxa de juros bem mais baixas, no valor de R$ 300, mas liberaram limites altos no cartão de crédito”, relata a economista. “Ou seja, há um claro incentivo das instituições financeiras à modalidades mais caras de crédito, sobretudo ao cartão. E o resultado disso é que o consumidor compromete sua renda excessivamente e não consegue pagar suas dívidas”, conclui.
Inadimplência por linha de crédito
Modalidade
jul/15
Cartão de crédito rotativo
37,0%
Cheque especial
14,9%
Aquisição outros bens
9,9%
Crédito pessoal não consignado
7,1%
Crédito consignado privado
5,4%
Aquisição veículos
3,9%
Crédito consignado público
2,2%
Crédito consignado INSS
1,7%
Crédito imobiliário
0,7%
Cartão de crédito parcelado
0,5%
Fonte: Banco Central