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Consumidores não conseguem renegociar dívidas com os bancos

Levantamento revela os principais motivos que dificultam a renegociação e os critérios dos bancos no tratamento dos consumidores endividados

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Atualizado: 

19/03/2018

Entre julho e setembro de 2016, o Idec realizou uma pesquisa online sobre a experiência dos consumidores em relação à renegociação de dívidas. O levantamento contou com a participação de 1.815 internautas e mapeou os critérios dos bancos para tratar os clientes endividados. 

De acordo com a pesquisa, 53,6% dos participantes já tentaram renegociar uma dívida. Contudo, desse total, apenas 39,2% tiveram sucesso. Os principais motivos de insucesso são: transferência do débito para outra empresa (29,1%); pedido de novo prazo para o pagamento negado (27,3%); e negativa do banco de renegociar dívidas que ainda não estão inadimplentes (24,2%).

Dos consumidores que tentaram renegociar a dívida, 56,7% consideram que a instituição financeira não avaliou a sua capacidade de pagamento na proposta de acordo. Esse dado é parecido com o resultado de uma enquete realizada no Portal do Idec entre junho e setembro de 2016: dos 556 internautas que participaram, 38% disseram que não conseguiram renegociar uma dívida porque não tinham condições de pagar o acordo proposto pela empresa. 

Neste cenário, em vez de solucionar o problema, geram um novo ciclo de inadimplência. “Os frequentes acordos firmados com repactuação e alongamento da dívida se apresenta como a única alternativa oferecida pelas instituições para solucionar o problema do endividamento”, afirma Ione Amorim, economista do Instituto e responsável pela pesquisa.

Clique aqui para ter informações mais completas sobre os resultados da pesquisa e o perfil dos participantes.

Discurso contraditório

O resultado revelou também uma discrepância entre as vivências dos consumidores e o discurso dos bancos Santander, Itaú, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco do Brasil, apontados como os maiores credores pelos participantes da pesquisa. 

As instituições afirmam ter políticas para renegociação e tratamento de dívidas vencidas e vincendas, além de acolherem os endividados e orientá-los sobre educação financeira e uso responsável do crédito. 

Contudo, os resultados da pesquisa foram outros, pois não há evidências de ações efetivas para tratar o endividamento. “Todas as respostas foram bastante genéricas e contrastam com a posição dos consumidores entrevistados”, afirma a economista. “Há um estímulo e uma banalização da oferta de crédito pelos bancos, como já mostraram pesquisas anteriores. Contudo, quando esse crédito, em vez de resolver, piora a situação financeira, os consumidores ficam desamparados”, completa Amorim.

Educação financeira

Com relação às políticas para o combate ao superendividamento dos clientes, todos os bancos disseram que adotam essa prática. Mas o Idec constatou durante a pesquisa que 46% dos consumidores não tiveram nenhum tipo de orientação a respeito. Apenas 0,7% mencionaram ter participado de oficinas promovidas pelas instituições sobre o assunto. 

Amorim aponta que faltam iniciativas neste sentido e também alternativas para a fase seguinte, no momento em que o endividamento já está consolidado. “Para o Idec, é imprescindível discutir o assunto e, inclusive, fomentar o debate sobre uma regulação que possibilite os consumidores formas mais eficientes para o tratamento de suas dívidas junto aos  bancos”, finaliza.