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Vilões da conta de luz: geradores de calor consomem mais energia

Com a tarifa nas alturas, entender a fatura, identificar eletrodomésticos que mais pesam na fatura e mudar os hábitos são essenciais para quem quer economizar

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Estado de Minas

Atualizado: 

04/08/2021
Foto: iStock
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Reportagem do jornal Estado de Minas, publicada em 25/07/2021

Brasília – A carestia da energia elétrica, especialmente devido à cobrança da tarifa de bandeira vermelha patamar 2, tem impulsionado o consumidor a buscar entender melhor a fatura da conta de luz e identificar quais aparelhos domésticos mais impactam no custo. De acordo com simulação realizada por Jani Floriano, professora de economia e coordenadora do Projeto de Extensão Finanças Pessoais da Universidade de Joinville (Univille), a geladeira é o eletrodoméstico que mais consome energia (cerca de 72kWh/mensal) por ficar ligada 24 horas, mas os equipamentos com resistência que geram calor, como o chuveiro elétrico, secadora de roupas, torneira elétrica e ferro elétrico, são os maiores “vilões” quando se trata da média de consumo.

“Todos os aparelhos que produzem aquecimento, como o chuveiro e a torneira elétrica, secador, chapinha, máquina de secar roupas, forno elétrico, Air fryer, aquecedor, entre outros, gastam mais porque precisam de um grande pico de energia para transformar essa energia em calor”, explica.

De acordo com a especialista, o “pulo do gato” não está apenas na redução da utilização desses aparelhos, mas em seguir algumas dicas na hora de usar. “É preciso compreender que, além do tempo de uso, o aquecimento é o que consome mais energia. Então, quando for passar roupas, por exemplo, o ideal é separar todas para passar e começar por aquelas que exigem menos temperatura, deixando as que demandam o ferro mais quente para o final. Outra dica é utilizar o chuveiro sempre em temperatura média, não colocando no modo mais quente”, diz. Ainda segundo a especialista, algumas técnicas mais simples, como pendurar as roupas esticadas no varal, fazem muita diferença. “As roupas menos amarrotadas exigem menos ferro de passar, logo, gasta-se menos energia”, ressalta.

Os equipamentos que transformam energia em calor estão no cotidiano da microempreendedora Ana Carolina Tomé Fernandes, proprietária do salão Camarim da Carol, em Águas Claras, no Distrito Federal. Com os reajustes na conta de luz nos últimos dois meses, a cabeleireira explica que o uso quase em tempo integral de quatro secadores, quatro chapinhas, da água quente no lavatório e das lâmpadas de iluminação representaram um aumento de R$ 50 na fatura. “Esse mês a conta veio quase R$ 300, e antes vinha de R$ 230 a R$ 250, no máximo. Tento tomar alguns cuidados, mas não tem muito para onde fugir. Cada escova progressiva que faço, por exemplo, exige o uso da chapinha e secador por cerca de 3 a 4 horas ininterruptas”, conta.

As pequenas atitudes, segundo Jani Floriano, fazem diferença, ainda que discreta, no valor final da fatura. “O ideal é desligar o modem de internet da tomada, computadores, notebooks, que mesmo na função hibernar consomem energia, enfim, tudo o que consome energia.” Para os donos de pequenos estabelecimentos, a economista ainda indica atenção às regras de iluminação do ambiente e até o investimento em uma pintura com tinta reflexiva.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Para ajudar no consumo racional de energia no país, o Inmetro criou em 2009 o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que classifica os aparelhos de acordo com sua eficiência energética, buscando auxiliar o consumidor a fazer compras mais conscientes. Os produtos são classificados desde a letra A (mais eficientes) à letra G (menos eficientes), como é o caso dos refrigeradores (como geladeiras e equipamentos de ar-condicionado). Essa eficiência, segundo Jani Floriano, é perdida conforme o desgaste do aparelho ou falta de manutenção. “Uma geladeira velha vai consumir bem mais do que uma nova. Então, a eficiência energética depende da manutenção, do tempo de uso e do estado de conservação de cada equipamento”, afirma.

Para ajudar o consumidor a entender a fatura de energia e calcular o consumo mensal de um aparelho que tem ou que pretende adquirir, com base no PBE do Inmetro, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) desenvolveu uma ”calculadora”, que pode ser acessada no link www.idec.org.br/ferramenta/calculadora-da-conta-de-luz.

SEM TRÉGUA

A conta de energia elétrica deverá continuar alta, pelo menos pelos próximos seis meses, devido à atual crise hídrica no país, a pior já enfrentada em 90 anos e que deve atingir a fase mais crítica no último trimestre de 2021. Em nota técnica divulgada na última semana, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê para novembro o esvaziamento quase total dos reservatórios de oito importantes usinas hidrelétricas localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. A “perda do controle hidráulico", termo técnico utilizado pelo ONS, alerta para “restrições no atendimento energético nos subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste”.