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Reportagem do Diário do Porto, publicada em 04/06/2021
Em um evento virtual realizado pela Frente Parlamentar Ambientalista nesta quarta-feira 2, especialistas e empresários defenderam a ratificação urgente da Emenda de Kigali. Os painelistas concordaram que a ratificação da emenda será uma oportunidade para o Brasil acenar para o mundo com uma “pauta positiva”, com “ganha-ganha” para todas as partes envolvidas: indústria, governo, consumidores e defensores do meio ambiente.
A Emenda de Kigali limita o uso de gases de alto potencial de efeito estufa, os HFCs (hidrofluorcarbonetos), usados principalmente em aparelhos de ar condicionado. A medida chegou à Câmara no dia 5 de junho de 2019, há exatos 3 anos, já passou por diversas comissões e está pronta para ser votada em plenário, parada na mesa da Presidência da Câmara há quase dois anos.
O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Rodrigo Agostinho, ressaltou que hoje é difícil conseguir espaço na Câmara dos Deputados até mesmo para a discussão de temas que são consensuais, nos quais “ninguém sai perdendo”.
“É o caso de Kigali, uma emenda que poderia ser uma força enorme para a indústria nacional. Os consumidores também serão beneficiados porque terão equipamentos modernos e mais eficientes, além das vantagens para o meio ambiente. É um ganha-ganha”, afirmou Agostinho.
A diretora executiva do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Teresa Liporace, argumentou que a Emenda de Kigali integra um conjunto de esforços de entidades ambientais e de empresários brasileiros alinhados na defesa do aumento da eficiência energética. Teresa ressaltou que o Brasil contará com equipamentos com menor consumo de energia, o que vem em momento propício.
“Estamos nos aproximando de uma crise energética. Este passo na direção de aumentar nossa eficiência energética é muito importante, é a alternativa que nós temos”, defendeu. Ela acrescentou que já existem projeções mostrando que o crescimento de consumo por aparelho de ar condicionado irá crescer aproximadamente 40% nos próximos dez anos no país.
Inovação
O Presidente da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), Arnaldo Basile, afirmou que é muito importante para o Brasil ratificar a Emenda de Kigali, pois a medida irá trazer benefícios econômicos e acelerar a inovação tecnológica no país. “Falta esse empurrão, falta essa ratificação de Kigali”, defendeu.
Com a ratificação da emenda, a indústria brasileira terá acesso a um fundo da ONU estimado em U$S 100 milhões, a fundo perdido, para modernização de fábricas e produtos. O setor vem se preparando para as mudanças que virão com a aprovação da emenda. Ele contou que a Abrava criou recentemente o Departamento de Meio Ambiente e o Grupo de Trabalho Kigali para unir esforços do empresariado.
O consultor do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) Roberto Peixoto concordou que o cenário de inovação vem crescendo. “A tecnologia se desenvolveu rapidamente nos últimos cinco anos. Há equipamentos com fluidos refrigerantes de baixo GWP e alta eficiência energética para a maioria dos setores do mercado. Essas tecnologias estão cada vez mais acessíveis”, explicou.