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Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada em 28/11/2020
A lista de desafios urgentes a ser enfrentada pela futura gestão municipal é tão ampla e diversa que impede a elaboração de um ranking de prioridades, em qualquer que seja a área. Mas a baixa resolutividade faz com que alguns desses problemas sejam tão conhecidos que dificilmente não vão compor o Plano de Metas do prefeito a ser eleito neste domingo.
Começa e acaba gestão e temas como melhora da qualidade do ensino, déficit habitacional ou de médicos na rede de saúde, alto número de acidentes e mortes no trânsito, combate às desigualdades e cuidado mais atento ao meio ambiente, seja na reciclagem do lixo ou na limpeza dos rios, seguem estagnados, com pouca ou nenhuma melhora em seus índices.
Se a fila da creche – debatida tão exaustivamente nas últimas campanhas – deixou de ser foco na educação, devido ao aumento constante na oferta de vagas pelas últimas gestões, a qualidade da aprendizagem no ensino fundamental é o objetivo agora a se perseguir. Para o diretor-executivo do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, apesar do avanço no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), as notas obtidas pela rede municipal estão muito aquém das esperadas para São Paulo.
“Para termos uma ideia, um terço dos alunos terminam o ensino fundamental 1 (até o quinto ano) sem alcançar a aprendizagem adequada. Eles não estão totalmente alfabetizados nem sabem as operações básicas de matemática. Isso se acentua no ensino fundamental 2, que tem as piores notas. É esse ciclo que deve ser priorizado”, diz.
No transporte público, no entanto, um mesmo desafio precisa ser de fato enfrentado: o custo do sistema de ônibus. Tão criticado por especialistas, que veem problemas na transparência das contas e na forma como se dá o pagamento às empresas - por passageiro transportado -, o modelo começou a ser repensado na atual gestão, mas ainda está longe de ter melhorado e, principalmente, de oferecer mais qualidade ao usuário.
“É necessário mudar o pagamento das empresas para que seja por custo e não por passageiro. Com isso, o acompanhamento dos custos e da remuneração das empresas ficará mais claro. Em seguida, é preciso fiscalizar a composição dos custos e buscar sua redução gradativa, garantindo frequência e qualidade”, diz o coordenador do programa de mobilidade do Idec, Rafael Calabria.
Calabria aponta ainda que o futuro prefeito deve buscar fontes de receitas extra tarifárias. Tributar modos de transporte que precisam ser desestimulados, como o carro, é tema polêmico, mas que deve ser abordado.
Além dos dois grupos e das áreas de educação e transportes, o Estadão consultou outros movimentos igualmente especializados para debater as necessidades de mais oito ações essenciais para que São Paulo se torne uma cidade melhor ao longo dos próximos quatro anos – da sobrecarregada rede de saúde a temas sustentáveis.