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Reportagem do jornal Extra, pubicada em 26/11/2020
A Black Friday é o momento de pesquisar preços para conseguir o melhor desconto. Uma das categorias mais procuradas nesta época é a de eletrodomésticos, com 50,9% das intenções de compra, segundo um levantamento feito pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ). Mas, antes de comprar, o consumidor precisa escolher o modelo que melhor atende às suas necessidades e verificar o gasto de energia elétrica, por exemplo. Às vezes, o produto mais barato pode acabar saindo bem mais caro.
Os especialistas apontam que não se pode comprar no susto sem analisar bem as características do eletrodoméstico ou do eletrônico, que às vezes está barato, mas pode não ser o que o consumidor espera. E nem sempre o modelo mais caro é o melhor.
— A qualidade não tem nada a ver com o preço. Nós fazemos testes com produtos que mostram isso. E as pessoas podem verificar isso com resenhas. Nossos testes estão no site e nas redes. Pesquisar antes é fundamental — afirma Thiago Silva, técnico e representante da Proteste.
Também é preciso ficar de olho no custo de energia. Muitas vezes, os aparelhos que estão na promoção são de linhas antigas que os varejistas querem despachar e que consomem mais energia. No fim, o desconto oferecido pode ser ultrapassado por um gasto bem maior. O consumidor precisa ficar atento ao consumo em KWh, principalmente dos itens de uso intenso, como geladeira e ar-condicionado, o que pode ter grande impacto na conta de luz.
Para ajudar o consumidor a comparar o gasto de energia, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) criou uma calculadora pela qual é possível selecionar os modelos de eletrodomésticos e verificar quanto podem impactar na conta de luz. Basta acessar o site e informar os modelos e a região em que serão utilizados.
— As pessoas precisam entender que o valor na hora da compra do produto é apenas o início. Tão ou mais importante é o que precisamos para utilizá-lo. Em alguns casos, o custo energético pode até mesmo inviabilizar o uso do produto da forma como o consumidor gostaria ou representar uma despesa alta no longo prazo — afirma Clauber Leite, coordenador do Programa de Energia do Idec.
É preciso também ficar atento a que tipo de modelo atenderá à demanda pessoal e se o aparelho suporta novas versões de atualizações. No caso de eletrônicos, como celulares, por exemplo, um modelo antigo pode ficar obsoleto rapidamente e não atender mais à necessidade do consumidor.
Antes de comprar 10 eletrodomésticos e eletrônicos, fique de olho:
Ar-condicionado:
Aparelhos com mais potência são mais caros e nem sempre necessários, ou pode-se comprar um de baixa potência que não atende. Segundo Thiago Silva, técnico e representante da Proteste, a necessidade de refrigeração normal é de 600 BTU/h para cada metro quadrado de área do aposento, acrescido de 800 BTU/h para cada pessoa que circula pelo ambiente, mais 800 BTU/h para cada aparelho. Deve-se acrescentar 25% (multiplicar por 1,25 na calculadora) em cima do resultado para ter a capacidade de refrigeração necessária, caso o local seja alvo de incidência solar.
É um dos eletrodomésticos que mais gastam energia em casa e com diferença de eficiência energética grande entre os produtos. Dependendo do uso, um aparelho que gasta muita luz gera uma despesa muito alta. Compare o quanto de energia os modelos gastam.
O ar-condicionado split tem custo maior de instalação e é preciso ver se o local comporta o que é necessário, já que uma parte precisa ficar em um ambiente externo. No entanto, é mais econômico. Já os de janela tem simples instalação.
Smart TV:
O tamanho da TV precisa condizer com o espaço onde vai ficar. Se for grande demais ou ficar muito perto do sofá, pode ser prejudicial para a visão. No geral, um ambiente pequeno comporta até 43 polegadas. Se o espaço entre a TV e o sofá for entre 1,5 metro e 2 metros, o aparelho pode ser de até 55 polegadas.
Os sistemas mudam bastante e muitas funcionalidades dependem da compatibilidade. É preciso verificar que sistema a TV utiliza e se comporta espelhamento com celular e outros dispositivos inteligentes e aplicativos.
Uma definição alta de imagem pode não ser aproveitada, se não houver uma operadora de TV que transmita em tal resolução ou se a internet não comportar carregar essa qualidade.
Geladeira:
Segundo o coordenador do programa de Energia do Idec, Clauber Leite, a classificação de eficiência energética está desatualizada nas geladeiras, que acabam sendo grandes vilões na conta de luz. Muitos produtos com certificado A de eficiência deveriam ser revistos. Então, no caso deste produto, é preciso ir além da etiqueta e comparar o quanto os modelos consomem.
É importante também verificar a quantidade de pessoas que vão utilizar a geladeira para saber qual o melhor tamanho. Segundo a Proteste, são indicados aparelhos de 300 litros para até dois moradores, de 300 a 400 litros para três pessoas e de 400 litros ou mais a partir de quatro pessoas.
Dependendo do consumidor, uma geladeira com um freezer grande pode ser indispensável ou não. É preciso verificar o tamanho do freezer nas especificações.
Fritadeira sem óleo:
A Proteste fez um teste com os principais modelos do mercado e atestou que a maioria consegue realizar a função, apesar de diferentes graus de crocância. Os modelos mais caros entregam melhores resultados, mas tudo é uma questão pessoal. Esse é um produto que poderia ser testado antes, com um conhecido ou na loja, para checar se atende à expectativa.
O tamanho do aparelho depende da quantidade de comida que se pretende fazer. Ter um menor do que o necessário pode acabar em desuso. Já um aparelho muito grande pode ocupar espaço na cozinha.
Cafeteira Expresso:
Lembre-se de verificar se as cápsulas da máquina podem ser compradas facilmente perto de onde o consumidor mora ou por loja virtual.
Pesquisar o preço das capsulas também é importante, além de verificar se existem outros modelos no mercado. Comprar uma máquina mais barata com as capsulas mais caras pode acabar não sendo uma boa opção no longo do tempo.
Há máquinas que só fazem café expresso, enquanto outras misturam leite, fazem café gelado e outras bebidas. Se a pessoa quiser usar as funcionalidades, pode valer a pena.
Micro-ondas:
O tamanho do micro-ondas é importante. É preciso que haja uma folga de dois dedos no local onde o aparelho ficará. Muitos produtos são devolvidos pelo tamanho. Os modelos de 28 litros a 34 litros são os mais usados e recomendados para uma família de quatro pessoas. Mas é importante verificar o volume interno e medir os recipientes e os pratos que são utilizados em casa.
A potência é muito importante. Dependendo do quanto pode esquentar, o aparelho pode preparar mais receitas. Algumas funcionalidades como degelar e grelhar facilitam o dia a dia na cozinha.
Celular:
Em geral, os modelos antigos entram em promoção nesses períodos porque as lojas querem abrir espaço para os mais novos. Comprar um modelo mais antigo pode resultar numa grande economia. Mas é preciso cuidado com modelos muitos antigos que podem ficar defasados e limitar o uso. “É válido comprar um modelo antigo, mas só se não tiver apego da crista da onda da tecnologia, que pode deixar de funcionar algumas coisas”, afirma Clauber Leite.
O sistema do telefone também é importante, porque vai dar a compatibilidade com aplicativos e outros aparelhos. O IOS, da Apple, e o Android, da Google, são os mais comuns e assim, mais compatíveis com o mercado. Mas também existe a BlackBerry, o FireFox OS ou Ubuntu, por exemplo. Mas podem apresentar limitações de compatibilidade e acabar não dando a experiência necessária
A maioria dos aparelhos hoje são compatíveis, mas é importante verificar se você tem o serviço pela operadora para usá-lo. Caso contrário, vai pagar para ter o 4G e não terá.
Panela elétrica:
Testes da PROTESTE de 2018 mostraram que o produto tinha um consumo de energia bom em comparação às tradicionais panelas de pressão que usam o gás. Mas é importante verificar o modelo, pois algumas podem gastar mais.
Há no mercado modelos de 3, 4, 5 e 6 litros. O consumidor precisa fica atento porque não é possível usar a capacidade total por segurança. A quantidade de alimentos e líquidos não deve ultrapassar dois terços da capacidade total do aparelho. E para alimentos que se expandem durante o cozimento, como feijão, não se deve usar mais do que a metade da capacidade em litros. É preciso ter isso em mente na hora de ver a quantidade de comida que se deseja fazer.
Robô de faxina:
Quanto mais potente o modelo, maior será a sua capacidade de aspirar. Portanto, se a ideia é só aspirar pó e pelos, um modelo mais simples será o suficiente. Mas para partículas mais grossas, como pequenos pedaços. Há opções de 14 w a 55 w.
Modelos menores conseguem passar por espaços pequenos, no entanto, possuem uma bateria reduzida. O que pode significar limpar poucos cômodos com uma carga.
Todos os modelos possuem sensores e para choques para mudar a posição ao chegar em um obstáculo. Mas se a casa possui andares o ideal são modelos que evitam a queda do aparelho. Caso contrário ele pode cair e estragar.
Processador:
Há mini processadores para pequenos preparos ou temperos e modelos grandes para fazer uma refeição. Como a ideia do produto é facilitar o dia a dia, o tamanho ideal para o uso pode determinar se você vai usar o produto ou não.
Uma maior potência garante eficiência para qualquer preparo e mais rápido. Os modelos mais indicados são os que tem várias funcionalidades em um. Assim, o aparelho compensa no espaço e acaba sendo mais usado. Alguns vem com acessórios extras.