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Imagem: iStock Photo
Matéria publicada originalmente por Folha de S. Paulo.
As fortes chuvas que atingiram a Grande São Paulo no último fim de semana deixaram centenas de moradores desabrigados.
Segundo especialistas, pessoas que tiveram a residência atingida pela água precisam tomar medidas urgentes para evitar acidentes como desmoronamentos e incêndios.
O primeiro passo é solicitar uma vistoria técnica da Defesa Civil, principalmente se as inundações forem frequentes.
"O mofo pode ser fruto de um ambiente fechado, e isso nem sempre é um risco. Mas, se for por vazamento ou infiltração, pode comprometer a estrutura do imóvel. É preciso entender a causa", diz a arquiteta Nathalia Lena.
Geralmente, a Defesa Civil interrompe a energia nas regiões afetadas, mas é importante desligar os disjuntores do quadro e tirar todos os equipamentos da tomada antes de começar a faxina, diz José Ismael, diretor das prestadoras de serviço Amélia Faxinas e Maridos de Aluguel.
Ele recomenda que o local seja primeiro lavado com água e sabão, usando panos para esfregar. O passo seguinte é desinfetar o ambiente com uma solução de água sanitária na proporção de quatro copos americanos para 10 litros de água. "Para higienização do ambiente externo, é bom espalhar cal hidratada", diz Ismael.
A auxiliar de limpeza Luciane Santos Alves, 40, teve que retirar todos os itens de dentro de sua casa, em Santo André, para verificar o que foi atingido e o que seria possível recuperar depois da enchente. Ela perdeu móveis e eletrodomésticos.
"Essa foi a primeira vez que isso aconteceu comigo, não tive tempo de salvar quase nada", diz Luciane, que está preocupada com a estrutura da casa. "Nem sei o que devo verificar para que não aconteça mais um acidente."
Um dos problemas está no assoalho. Como o rejunte do piso não foi projetado para segurar a água por muito tempo, pode haver rupturas devido à absorção de umidade. É preciso fazer a drenagem o mais rápido possível. O mesmo vale para pisos de madeira.
Para evitar esse tipo de problema, a arquiteta Lena recomenda impermeabilizar o piso e muros laterais que fazem divisa com casas ou prédios.
Nos condomínios, é preciso convocar uma assembleia extraordinária para aprovar o uso do dinheiro do fundo de reserva para reparos em áreas comuns.
"Os seguros condominiais não cobrem alagamentos, por tratar-se de força maior da natureza. Os moradores serão convocados e decidirão um possível rateio se não houver dinheiro em caixa", diz o administrador Ricardo Karpat, especialista em condomínios.
Se os veículos estacionados na garagem forem danificados, o morador deve acionar o seguro particular e depois pedir que o condomínio pague a franquia.
"O síndico irá convocar uma assembleia para aprovação desse pagamento, pois todos os condôminos participam do rateio", diz Rosely Schwartz, professora do Curso de Administração de Condomínios da FECAP (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado).
Quem tem seguro residencial contra danos causados por enchentes deve fazer a abertura de sinistro pela central da seguradora ou com o corretor responsável pelo plano.
É importante ter fotos e vídeos do imóvel comprovando o incidente, para agilizar o processo. Segundo o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), o prazo para o pagamento ao segurado não pode ultrapassar 30 dias.
Proteja-se
Antes
- Cuidado na compra do imóvel: informe-se com moradores da região e consulte o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, que mapeia áreas de risco;
- Conserte problemas no telhado (isolamento da fiação elétrica, calhas de escoamento e fixação das telhas);
- Se tiver árvores com risco de queda perto da casa, contate o departamento ambiental para a poda ou o corte;
- Procure sinais de infiltração no imóvel, rachaduras nas paredes e no chão. Se houver, solicite vistoria técnica de um agente da Defesa Civil;
- Guarde documentos importantes em uma mochila impermeável, para o caso de precisar abandonar a residência.
Durante
- Desligue equipamentos elétricos e eletrônicos e feche os registros de gás e água;
- Evite contato com a água da enchente, que pode transmitir doenças de pele e leptospirose;
- Mantenha um membro da família atento à subida das águas, mesmo à noite;
- Tenha lanternas e pilhas em condições de uso. Não use velas, lamparinas a álcool ou similares;
- Feche portas e janelas, mesmo que vá abandonar o local, para evitar a entrada de escombros e de animais peçonhentos;
- Se surgirem rachaduras nas paredes ou barulhos incomuns, abandone a residência;
- Não use telefone fixo;
- Não fique próximo a tomadas, janelas e portas metálicas.
Depois
- Consulte a Defesa Civil antes de retornar ao imóvel;
- Só volte à casa durante o dia;
- Use botas e luvas durante a limpeza;
- Beba apenas água engarrafada, fervida ou clorada, enquanto o consumo da rede pública não for liberado.
Fontes: Defesa Civil e Centro de Gerenciamento de Emergências
Matéria publicada originalmente por Folha de S. Paulo.