Bloco Associe-se

Associe-se ao Idec

Guia dos Bancos Responsáveis 2018 aponta falhas em políticas dos principais bancos brasileiros

As nove instituições financeiras avaliadas tiraram nota abaixo de 5 na maioria dos temas; no ranking geral de nove países, Brasil está na sétima colocação

Separador

Atualizado: 

22/11/2018

O Idec, ONG de Defesa do Consumidor, lança nesta quinta-feira (22) a edição 2018 do Guia dos Bancos Responsáveis (GBR). O estudo, que já foi feito em outros oito países e chega a sua 7ª edição no Brasil, avalia as políticas e práticas dos bancos em 18 temas de interesse da sociedade, relacionados aos consumidores, meio ambiente e economia.

Atualmente, mais de 140 milhões de brasileiros utilizam o banco para receber salário, movimentar dinheiro, fazer investimentos ou empréstimos. Os bancos, por sua vez, são remunerados de várias formas: principalmente pelas tarifas, juros e serviços. O dinheiro que fica “guardado” no banco é repassado por meio de empréstimos para terceiros. Mas quem são esses terceiros? E se, indiretamente, esse dinheiro estiver financiando guerras ou o desmatamento das florestas?

Para dar este tipo de informação ao consumidor, o Idec, por meio do GBR 2018, analisou as políticas de nove bancos: Banco do Brasil, Bradesco, BNDES, BTG Pactual, Caixa Econômica Federal, Itaú, Safra, Santander e Votorantim.

Cada um deles foi avaliado, com notas de 0 a 10, em 18 itens divididos em três grupos: temas transversais, no qual entram mudanças climáticas, corrupção, igualdade de gênero, direitos humanos, direitos trabalhistas, meio ambiente e impostos. Temas setoriais, como armas, alimentos, florestas, setor imobiliário e habitação, mineração, óleo e gás e geração de energia; e também em 4 temas operacionais, que são direitos do consumidor, transparência e prestação de contas, inclusão financeira e remuneração.

“O GBR é um instrumento importante para o consumidor saber, por exemplo, se o banco com o qual trabalha é transparente, respeita os consumidores e promove ideias que estejam de acordo com ele. Queremos dar para cada pessoa o poder da informação, e assim, aumentar a sua capacidade de fazer escolhas”, afirma a economista do Idec, Ione Amorim, responsável pelo estudo.

O resultados do estudo mostra os bancos com um desempenho fraco. Em três temas (direitos trabalhistas, meio ambiente e inclusão financeira), as notas são satisfatórias, mas isso se deve principalmente à legislação brasileira, que nesses assuntos força que as instituições adotem políticas mais rígidas. Contudo, os resultados ruins nos outros 15 temas, principalmente “Armas”, “Mudanças Climáticas” e “Setor Imobiliário”, derrubaram a nota final, que ficou entre 2 e 4,3. Veja a média de cada banco na tabela abaixo:

Os piores resultados foram no tema ”Armas”. O item avalia o financiamento ou investimento em empresas envolvidas na produção, manutenção e distribuição de minas terrestres, munições de fragmentação e armas biológicas, químicas ou nucleares. Com exceção do Santander e do Safra, todos os bancos avaliados ficaram com nota 0, por não apresentarem nenhuma política sobre o tema. Veja no site.

Pela primeira vez, o guia incluiu o tema “Igualdade de Gênero”, que leva em consideração as políticas para igualdade salarial, assédio e representatividade das mulheres em altos cargos administrativos, dentre outros. A maior nota foi 2,4, o que mostra que as políticas dessas instituições estão ainda muito aquém do esperado. As notas em todos items, assim como as avaliações de cada banco, estão disponíveis no site www.gbr.org.br .

Quem não gostar da conduta do banco, pode reclamar. O site do GBR permite o envio de mensagens de satisfação ou insatisfação para os canais de reclamação de cada instituição, incentivando os bancos a tornarem suas práticas mais transparentes.

Sobre o Guia dos Bancos Responsáveis

Desde 2014, o GBR faz parte do Fair Finance Guide International (FFGI), que reúne organizações da sociedade civil em 11 países com o objetivo de responsabilizar as instituições financeiras pelos impactos de seus investimentos e serviços financeiros na sociedade e na natureza. No Brasil, também fazem parte da coalizão a Conectas Direitos Humanos o Instituto Sou da Paz.

Dos onze países que fazem parte do programa, nove deles já realizaram a mesma pesquisa com suas instituições financeiras. No ranking geral, formado pelas médias de todos os bancos analisados em cada país, o Brasil ocupa a 7° posição, à frente do Japão e da Indonésia, mas suas notas o colocam ao lado desses dois países no bloco de baixo da tabela. Veja ao lado as notas médias dos bancos avaliados em todos os países do FFGI.