Separador
Atualizado:
Com o intuito de avaliar qual rótulo frontal é o mais apropriado para a população brasileira, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) realizou uma pesquisa online com 1607 brasileiros e brasileiras entre agosto e outubro deste ano.
Os participantes foram questionados sobre quais produtos apresentaram nutrientes acima do recomendado para uma alimentação saudável e o número de acertos foi de 75,7% para as embalagens com as advertências em formato de triângulo, contra 35,4% para as embalagens com o modelo de semáforo.
O impacto destes números para apenas um dos nutrientes críticos avaliados, se colocados em uma escala populacional, é de que 53 milhões de brasileiros compreenderiam os rótulos em formato de triângulo, enquanto que com o modelo de semáforo seriam somente 35 milhões.
De acordo com a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto, se estes dados fossem referentes a todos os nutrientes críticos contidos nos produtos, o número de brasileiros favorecidos seria ainda muito maior.
“O selo de advertência fornece uma informação compreensível para a maior parte da população brasileira. Nossa proposta inclui pessoas com baixa escolaridade e também daltônicas, que não conseguem diferenciar as cores presentes no modelo de semáforo”, destaca.
A metodologia da pesquisa
A pesquisa incluiu questões para os participantes responderem dando notas em uma escala com numeração de 1 a 7 - em que os extremos representam sentidos negativos e positivos, respectivamente.
O triângulo, comparado ao semáforo, foi eleito como a forma mais confiável para transmitir a informação nutricional sobre os produtos. Enquanto a nota média para a confiabilidade das informações presentes no triângulo foi 5,6, o semáforo teve uma pontuação média de 4,8.
Foi constatado também que o modelo de semáforo não afeta a percepção do consumidor sobre a qualidade nutricional de um produto. Quando uma embalagem sem nenhum rótulo frontal foi comparada à que continha a rotulagem de semáforo, a pontuação dada pelos participantes foi praticamente a mesma.
“Esse resultado demonstra que a inclusão do semáforo no rótulo frontal de um produto nao fornece mais informação ou informação diferente daquela já presente na atual rotulagem brasileira. Ou seja, não faz diferença”, afirma Bortoletto.
A pesquisa do Idec foi realizada em parceria com o Nupens/USP (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo) e a UFPR (Universidade Federal do Paraná).
O estudo foi apresentado à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 30 de novembro como parte do processo de aprimoramento da rotulagem nutricional brasileira.
A proposta do Idec
Entre as mudanças apresentadas na proposta de rotulagem nutricional do Idec, destaca-se a inclusão de um selo de advertência na parte da frente da embalagem de alimentos processados e ultraprocessados (como sopas instantâneas, refrigerantes, biscoitos, etc.) para indicar quando há excesso dos nutrientes críticos: açúcar, sódio, gorduras totais e saturadas, além da presença de adoçante e gordura trans em qualquer quantidade.
Os pontos de corte para o que é excessivo devem seguir o modelo de perfil de nutrientes da OPAS (Organização Panamericana da Saúde), baseado nas recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).