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Propostas apresentadas em 'diálogos com a sociedade' estão distantes das necessidades reais

Pontos apresentados pela ONU para debate em painel sobre produção e consumo sustentáveis não reflete urgência pela inibução dos atuais padrões insustentáveis praticados por governos e empresas

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Atualizado: 

18/06/2012
Por iniciativa do governo brasileiro, a Rio+20 tem promovido uma série de debates temáticos para aprofundar e disseminar as discussões sobre desenvolvimento sustentável. Uma das conferências batizadas de “Diálogos”, realizada no domingo (17/6) tratou dos padrões de produção e consumo sustentável e contou com a presença do Idec. 
 
O painel trouxe dez propostas de temas (*confira a lista abaixo) que a seriam levados para inclusão no documento oficial da Rio+20. Uma delas já havia sido debatida e escolhida pela sociedade por meio do site da ONU (Organização das Nações Unidas). Outra seria escolhida pelos debatedores (confira abaixo) e a terceira pela plateia. 
 
Embora a primeira proposta (“Eliminar progressivamente os subsídios danosos e promover mecanismos fiscais verdes”) esteja abordada de maneira mais crítica na Plataforma dos Consumidores para a Rio+20 elaborado pelo Idec junto a outras entidades, de uma forma geral, os pontos apresentados não refletiam a urgência por medidas concretas para promover os padrões de produção e consumo mais sustentáveis.
 
Em sua fala durante a abertura à plateia, a pesquisadora do Idec, Adriana Charoux, afirmou que, para que se torne possível um consumo sustentável, é preciso democratizá-lo. “Precisamos de mais apoio de governos e empresas, precisamos de mais regulação para promover padrões sustentáveis de produção e consumo e inibir os padrões insustentáveis”, declarou. “Não precisamos de mais greenwashing. Não temos mais tempo. Nós já temos propostas para o futuro que queremos já”, finalizou.
 
Outra participação que mereceu destaque foi a do embaixador brasileiro e ex-presidente da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Rubens Ricupero. Ele destacou que as medidas para sair da crise devem cobrir as três dimensões para o consumo sustentável: desenvolvimento econômico, bem estar social e impacto ambiental.
 
“Em 2008 e 2009, alguns países foram capazes de conquistar resultados bons por meio de suas medidas anticrise. Outros,porém, tomaram medidas de curto prazo. É o caso do Brasil, que focou no estímulo à compra de automóveis, dando a impressão de que o governo só tem isso na cabeça”, declarou Ricupero. “Há cidades brasileiras em que a frota de motos é maior que  a de carros e muitas motos poluem mais que ônibus, sem falar dos acidentes que geram impacto enorme sobre o sistema de saúde. Se o objetivo desses países é cortar custos, eles devem começar ao retirar os subsídios sobre os combustíveis fósseis”.
 
O Idec teve a oportunidade de entregar, em mãos, a Plataforma dos Consumidores para a Rio+20 à uma das mais ilustres componentes da mesa, a ex-primeira ministra da Noruega e presidente da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Dra. Gro Brundtland.
 
 
Propostas trazidas pela ONU a serem debatidas nos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável - painel sobre produção e consumo sustentáveis:
 
  • 1. Eliminar progressivamente os subsídios danosos e promover mecanismos fiscais verdes;
  • 2. Promover um entendimento holístico do desenvolvimento sustentável, tendo em mente os aspectos ambientais, econômicos, políticos e sociais;
  • 3. Promover princípios para uma economia verde e justa;
  • 4. Incuir danos ambientais no produto nacional bruto PNB e complemtntá-lo com índices de desenvolvimento social;
  • 5. Atribuir valor econômico aos recursos naturais, de modo a que não sejam economicamente invíveis;
  • 6. Adotar padrões de carbono e utilizar recursos renováveis para estimular e fortalecer a economia;
  • 7. Utilizar índices relacionados a saúde para medir o progresso para o desenvolvimento sustentável;
  • 8. Promover compras governamentais sustentáveis em todo o mundo como catalizador para padrões sustentáveis;
  • 9. Estabelecer uma comissão das Nações Unidas para criar indicadores-chave de desempenho que possam ser integrados ao cálculo do Produto Interno Bruto;
  • 10. Organizar uma conferência international sobre governança global em 2013.
 
Componentes da mesa:
 
  • . Joseph Leahy (Reino Unido) – Financial Times
  • . Dr. Elisabeth Laville (França) - Diretor da UTOPIES
  • . Dr. Enase Okonedo (Nigéria) - Dean, Lagos Business School
  • . Dr. Gro Harlem Brundtland (Noruega) - ex-primeira ministra da Noruega
  • . Mr. Helio Mattar (Brasil) - Presidente do Instituto Akatu e co-fundador do Instituto Ethos
  • . Dr. Ignacy Sachs (França) - Professor (Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo e da da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS)
  • . Mr. Juan Carlos Castilla-Rubio (Peru) - CEO do Planetary Skin Institute
  • . Dr. Kelly Rigg (Estados Unidos) - Diretor-executivo da Global Campaign for Climate
  • Action
  • . Dr. Mathis Wackernagel (Suíça) - co-fundador e diretor executivo da Global Footprint
  • Network
  • . Dr. Thomas Heller (Estados Unidos) – Diretor Executivo da Climate Policy Initiative
  • . Embaixador Rubens Ricupero (Brasil) - Ex-secretário geral da UNCTAD