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Tóquio-2020: incertezas após adiamento dos Jogos

COI e Comitê Organizador ainda não definiram as novas datas do evento, que acontecerá em 2021 devido ao coronavírus

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O Globo

Atualizado: 

31/03/2020
Foto: iStock
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Reportagem originalmente publicada em O Globo, de 27/03/2020

Não são apenas os atletas e as confederações que precisam se adaptar ao adiamento dos Jogos de Tóquio-2020 para o ano que vem. Torcedores e voluntários que planejavam participar do megaevento também estão revendo seus planos após o anúncio da última terça-feira. E com algumas dificuldades em meio às incertezas sobre as novas datas do torneio, além do esperado caos econômico em razão das medidas para conter a pandemia do coronavírus.

Gustavo Cardoso, de 27 anos, faz parte de um grupo de amigos que se junta para viajar pelo mundo para participar de edições dos Jogos Pan-americanos e Olímpicos, uma inciativa que começou no Pan de Guadalajara, em 2011. Com o avanço da pandemia por todo o mundo, ele e os companheiros de viagem sabiam que a viagem a Tóquio estava ameaçada, o que se confirmou nesta terça-feira. O grupo, agora, tenta minimizar os prejuízos com passagens aéreas, hospedagem e ingressos.

Como pretendem estar nos Jogos no ano que vem, Gustavo e os amigos aguardam manifestações do COI para remarcar as passagens. Advogado do Instituto de Defesa do Consumidor, Igor Marchetti afirma que, em condições normais, um cancelamento por fator externo daria direito ao reembolso dos bilhetes aéreos.

Uma MP editada pelo Governo Federal em razão do coronavírus, porém, determinou que as empresas só devolverão o dinheiro dos clientes caso não consigam fazer a remarcação. Quanto aos ingressos, o COI ainda avalia se eles continuarão válidos para o ano que vem ou se haverá reembolso.

Já a hospedagem em Tóquio, um dos fatores de encarecimento da viagem, promete representar um prejuízo para o grupo. Eles alugaram uma acomodação através do AirBNB e foram informados, já na confirmação da compra, que não teriam direito a reembolso em caso de cancelamento.

O GLOBO procurou a empresa para questionar se haveria alguma medida excepcional em razão do adiamento dos Jogos, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. Também foram consultadas agências que vendem pacotes de turismo, e todas aguardam decisões do COI e do Comitê Organizador para estudar respostas aos consumidores.

- Nós sabíamos da possibilidade do adiamento. O surto do coronavírus devastou o mundo. Estávamos cientes de que teríamos multas para pagar, mas todo mundo está com a consciência tranquila. Ficamos triste pela situação que está acontecendo no mundo - afirma Gustavo.

Voluntários também lidam com incertezas

O jornalista Guilherme Ishii, 28 anos, era outro que estava pronto para participar de Tóquio-2020. Depois de atuar como voluntário no Rio-2016, ele repetiria a experiência no Japão. Além de economias pessoais, organizou uma rifa para custear a viagem. Com o adiamento, precisou devolver o dinheiro aos que já haviam participado. Por outro lado, não terá dor de cabeça com hospedagem e transporte aéreo. É que, diante da avanço do coronavírus, ele postergara essa etapa do planejamento.

- Fico triste com o adiamento, mas sei que é pelo bem da população mundial. A covid-19 afetou muito a Europa e a Ásia e está começando a afetar bastante os EUA e a América Do Sul. Com isso, os atletas não terão tempo hábil para treinar e se preparar adequadamente para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. O nível técnico das competições seria duramente afetado caso fossem mantidas neste ano - aprovou Ishii.

Em situação parecida está Estela Pedro, 42 anos, escalada para ser voluntária no Budokan, área de disputa do judô e do karatê em Tóquio. Assim como Guilherme, ela adiou a compra das passagens por desconfiar que o coronavírus obrigaria o COI a repensar o evento. “Acho até que demoraram para anunciar a decisão”, avalia a produtora de arte, que ficaria hospedada na casa de japoneses. Tão logo o adiamento foi comunicado, ela escreveu aos anfitriões que não viajaria mais. O sonho de colocar o plano em ação em 2021 permanece, mas esbarra, mais uma vez, na incerteza:

- Depende muito, principalmente, da situação econômica que o Brasil vai enfrentar diante dessa pandemia. Eu trabalho com audiovisual e ganho por projeto executado. Se não tenho projetos, não ganho dinheiro. Logo, acaba ficando mais difícil. Por enquanto, todos os programas de TV e tudo do setor audiovisual parou ou foi cancelado. Então, não sei te dar uma resposta precisa. O tempo vai dizer...

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