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Reportagem do jornal Correio (BA), publicada em 19/09/2020
A advogada Verônica Marinho fazia questão de só comprar qualquer coisa presencialmente. A pandemia, porém, converteu o que ela gastava com estacionamento em valor do frete de entrega, e a loja física foi substituída pela digital.
De brinde, vieram também os cupons de desconto e a comodidade de não ter que bater perna de loja em loja para pesquisar uma oferta. “Eu passei a comprar praticamente tudo online. Roupa, sapato, bolsa, eletrônicos, eletrodomésticos. A pandemia trouxe essa necessidade. Mesmo tendo a oportunidade de sair, eu continuo comprando pela internet”, conta.
Consumidores como Verônica demonstram porque, mesmo com as lojas do comércio de rua e de shoppings reabertos há mais de um mês, o segmento de e-commerce vai muito bem, obrigado. Segundo dados recentes levantados pelo Ebit | Nielsen, o setor cresceu 47% no primeiro semestre – maior alta no país em 20 anos. O Nordeste, inclusive, expandiu muito em termos de faturamento. Durante estes meses, a região teve uma variação de faturamento de 107% maior no comparativo com o mesmo período de 2019, alcançando 18% de importância nos números totais do país.
Os dados integram a 42ª edição do Webshoppers, o mais amplo relatório sobre e-commerce do Brasil. No geral, o faturamento cresceu 47%, maior alta em 20 anos, impulsionado pelo salto de 39% no número de pedidos, para 90,8 milhões, na comparação com o primeiro semestre de 2019. A aceleração, sobretudo, a partir do segundo trimestre do ano, demonstra a relação direta com a pandemia, o que levou até os mais resistentes a se renderem ao online com o fechamento das lojas físicas.
“O resultado deixa claro que o comportamento de compra online é um movimento que veio para ficar. Sabemos que 93,4% dos consumidores responderam ter a intenção de comprar alguma coisa online nos próximos três meses”, analisa a líder da Ebit | Nielsen, Julia Avila.
O jornalista José Mion também cedeu ao e-commerce e deve se manter fiel à loja virtual. “O medo da exposição ao vírus foi o fator decisivo. Compro 100% por aplicativos. Desde março, não entro nem em um supermercado”, diz. Viu vantagem? Especialistas em e-commerce e Direito do Consumidor destacaram, abaixo, dez estratégias para não sair no prejuízo em uma compra online. De quebra, ainda dá para garantir um desconto.
10 CONSELHOS PARA FAZER COMPRAS SEM SAIR DE CASA
1. Comprar no dia certo Sim, existe melhor dia para comprar online. Segundo o consultor Digital da AGR Consultores, Alex Von Metzen, evite fazer compras no fim de semana. “De certa forma, o fim de semana é análogo ao ‘horário nobre’ da internet, e os preços refletem isso”, afirma.
2. Sites confiáveis Alguns Procons divulgam anualmente uma lista de sites que devem ser evitados pelo consumidor, como alerta o advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Igor Marchetti. “Além disso, identifique sempre se há o cadeado na barra de navegação. Este é um requisito de segurança importante para transações com cartão de crédito”.
3. Preços dinâmicos Muitos produtos online têm preços diferentes para cada tipo de consumidor, baseados não só nas redes sociais, mas também na localização do cliente. “Para conseguir preços mais justos, você pode se deslogar das suas contas nas redes sociais, limpar o histórico de pesquisa e os cookies e utilizar um navegador anônimo como o Tor, por exemplo”, diz Alex Von Metzen.
4. Reputação O vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Rodrigo Bandeira, diz que 150 mil novas lojas virtuais foram abertas durante o período agudo da pandemia. “Outras novas lojas devem surgir. por isso é importante buscar na própria internet a reputação da loja e avaliar esta experiência”.
5. O segredo do carrinho Mantenha os itens no carrinho de compra por alguns dias antes de comprar, como destaca Alex Von Metzen. “O sistema de vendas é notificado de que a compra não foi finalizada e pode estar programado para enviar cupons de desconto, como incentivo para concretizá-la”, ensina.
6. Custos x prazos Quanto mais rápida a entrega, também mais caro será o valor do frete, lembra Rodrigo Bandeira, da Abcomm. “Observe atentamente todas as condições do prazo de entrega e não deixe de comparar estes custos”, recomenda.
7. Caça aos cupons de descontos Pesquise cupons de desconto, verifique se eles são cumulativos e utilize outras formas de abatimento como cashback, programas de fidelidade e promoções da própria loja. “Às vezes há promoções disponíveis que não foram publicadas abertamente”, garante Alex Von Metzen.
8. Ótima oferta ou cilada? Desconfie de qualquer oferta ‘boa demais’ porque ela pode não ser verdade. Outro alerta está no valor do frete. Não adianta receber um bom desconto se o frete é alto. “Economizar no frete é sempre uma estratégia válida, assim como utilizar os comparadores de preço e verificar também o histórico de preço desses produtos”, complementa Von Metzen.
9. Direito de arrependimento O advogado do Idec Igor Marchetti ressalta que, nas compras online, o consumidor tem o direito de arrependimento garantido. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) permite o cancelamento em até sete dias. No entanto, devido à pandemia, até o dia 30 de outubro, a medida não se aplica a compras no formato delivery de mercadorias perecíveis, como alimentos, bebidas e remédios. “Esta é uma das reclamações mais recorrentes que registramos”.
10. Avaliações Confiar nos comentários é mais uma dica do consultor Alex Von Metzen. “Sempre veja as avaliações. Quanto mais, melhor. Se for uma avaliação 5 estrelas, com apenas 5 avaliações, pode ser que estas tenham sido forjadas. Estude bem as características do produto no anúncio e as compare com outras”.