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Pressão pela mobilidade urbana sustentável nas eleições 2020

Campanha nacional quer qualificar o debate, que historicamente ignora a mobilidade urbana e, quando a olha de frente, quase sempre enxerga mais o automóvel do que os modais sustentáveis

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JC Online

Atualizado: 

25/08/2020
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Reportagem do JC Online, publicada em 24/08/2020

Pressionar candidatos a prefeito e a vereador para que conheçam e incluam projetos focados na mobilidade urbana sustentável. E saber fazer essa pressão da forma mais inteligente possível. Essa é a estratégia da campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições 2020, uma iniciativa de entidades ligadas à defesa dos modais sustentáveis - caminhar, pedalar e transporte coletivo - que pretende obter compromissos e metas reais dos candidatos às eleições municipais de novembro (nos dias 15 e 29). Para isso, a campanha vai capacitar a sociedade civil organizada sobre os ganhos sociais, econômicos e de saúde que as cidades podem ter com a renovação das matrizes de transporte urbano. E, assim, estimular a qualificação do debate eleitoral - que historicamente ignora a mobilidade urbana e, quando a olha de frente, quase sempre enxerga mais o automóvel do que os modais sustentáveis.

O público alvo são organizações ativistas de todo o Brasil. E a coordenação nacional é feita pela União de Ciclistas do Brasil (UCB), Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Cidade a Pé e projeto Como Anda. Para participar, basta acessar um formulário de interesse no site da campanha. Com a pressão bem fundamentada nas vantagens da mobilidade sustentável, a expectativa é de que se construa bancadas nas Câmaras Municipais e se conquiste prefeitos que entendam, apoiem e viabilizem a execução de projetos que invertam a lógica nociva e histórica de prioridade ao transporte individual no Brasil.

O debate eleitoral sobre mobilidade urbana é sempre muito raso. Sempre foi. No caso da mobilidade a pé, é ainda pior. É como se a necessidade dos pedestres não existisse. Queremos mudar essa realidade. Vamos qualificar as entidades para que elas tenham estratégia de pressão popular sobre os futuros legisladores e gestores das nossas cidades Que saibam como dialogar com os candidatos Ana Carolina Nunes, coordenadora da Cidade a Pé

O fato de o Brasil estar às vésperas de uma eleição para legisladores e gestores municipais potencializa a necessidade desse embasamento, já que são os vereadores e prefeitos que definem e cuidam da circulação de veículos, implantam ciclofaixas, faixas e corredores exclusivos de ônibus, constroem e requalificam calçadas e travessias elevadas, e adotam ou não ferramentas de acalmamento do tráfego - só para citar algumas medidas que simbolizam a mobilidade sustentável. “O debate eleitoral sobre mobilidade urbana é sempre muito raso. Sempre foi. No caso da mobilidade a pé, é ainda pior. É como se a necessidade dos pedestres não existisse. Queremos mudar essa realidade. Vamos qualificar as entidades para que elas tenham estratégia de pressão popular sobre os futuros legisladores e gestores das nossas cidades Que saibam como dialogar com os candidatos”, explica Ana Carolina Nunes, coordenadora da Cidade a Pé, Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo, formada pela sociedade civil organizada, que está ampliando a atuação nacionalmente com a campanha.

Isso precisa mudar. E só mudará com a mudança dos nossos gestores e legisladores. Por isso a importância de qualificar a sociedade civil organizada para que ela saiba como fazer pressão. E estamos nos referindo ao transporte público. Quando falamos de ciclomobilidade e mobilidade a pé, é muito pior. O caminhar, por exemplo, nem é pensado como mobilidade. Não temos sequer um órgão específico que cuide da mobilidade a pé. Quem cuida é o mesmo que cuida do tráfego de veículos. Isso mostra o quanto nossos mandatários precisam evoluir Rafael Calábria, coordenador do Programa de Mobilidade do Idec

O País vive de costas para a mobilidade sustentável. O caminhar, por exemplo, nem é pensado como mobilidade. Isso mostra o quanto nossos mandatários precisam evoluir", Rafael Calábria, do Idec - IDEC/DIVULGAÇÃO

Rafael Calábria, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), reforça que a qualificação do debate eleitoral é fundamental num País como o Brasil, que ainda vive de costas para o transporte coletivo. Estudo do Idec realizado em 12 capitais brasileiras (Belém, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Brasília, Goiânia, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza e Manaus), apontou que nenhuma dela tem ao menos 5% do sistema viário com algum tipo de prioridade ao ônibus - faixas e corredores exclusivos. “Isso precisa mudar. E só mudará com a mudança dos nossos gestores e legisladores. Por isso a importância de qualificar a sociedade civil organizada para que ela saiba como fazer pressão. E estamos nos referindo ao transporte público. Quando falamos de ciclomobilidade e mobilidade a pé, é muito pior. O caminhar, por exemplo, nem é pensado como mobilidade. Não temos sequer um órgão específico que cuide da mobilidade a pé. Quem cuida é o mesmo que cuida do tráfego de veículos. Isso mostra o quanto nossos mandatários precisam evoluir”, ensina.

MAIS MOBILIZAÇÕES

A mobilidade sustentável já tem outras campanhas que também visam a proximidade com os futuros prefeitos e vereadores que serão eleitos em 2020. No início do ano, o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) preparou uma espécie de cartilha para informar os pré-candidatos e a sociedade em geral sobre políticas públicas que podem ser adotadas para transformar as cidades em espaços mais justos e não apenas reinos de automóveis. O documento aborda cinco áreas temáticas: desenvolvimento urbano, mobilidade a pé, mobilidade por bicicleta, transporte público e políticas públicas. São publicações que podem colaborar com a construção dos futuros planos de metas das novas gestões.

A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), que reúne os operadores de metrôs, trens, VLTs e monotrilhos, está elaborando uma carta com recomendações para expansão dos sistemas que será entregue aos candidatos. A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), que congrega os operadores de ônibus, também. Os materiais devem ser divulgados até o início de setembro. Em 2019, a entidade lançou o documento Construindo Hoje o Amanhã - Propostas para o Transporte Público e a Mobilidade Urbana Sustentável no Brasil, que defendia a criação de cinco programas considerados essenciais para construção de um transporte público de boa qualidade e será a base para a carta de intenções em defesa do setor nas eleições 2020.

Conheça o documento Construindo Hoje o Amanhã - Propostas para o Transporte Público e a Mobilidade Urbana Sustentável no Brasil

https://www.ntu.org.br/novo/upload/Publicacao/Pub636976798711988161.pdf

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