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Reportagem do jornal O Globo, publicada em 25/11/2020
O acesso a conteúdos sobre educação financeira ainda é um entrave no Brasil, de acordo com pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O levantamento, realizado com 975 consumidores, mostra que 41% dos entrevistados nunca receberam informações sobre o tema por meio dos canais dos bancos, embora tenham ciência que as instituições possuem canais sobre educação nos sites e nos aplicativos.
Um dos entraves para este cenário é a falta de uma normal que delimite de que forma deve ser a abordagem que as instituições devem adotar para transmitir as informações sobre educação financeira aos clientes, avalia Ione Amorim, coordenadora de serviços financeiros do Idec.
Em 2019, o Banco Central emitiu o emitiu comunicado n°34.201, pedindo que as instituições autorizadas a funcionar pela autoridade monetária assumissem uma responsabilidade crescente em relação à distribuição de materiais sobre educação financeira para os clientes. A medida é uma recomendação.
— O Banco Central fez uma orientação aos bancos, mas não existe uma norma que institucionalize de que forma essa comunicação deve ser feita. Então, em alguns casos esses conteúdos ficam escondidos ou em áreas não tão acessadas nas plataformas — diz Ione.
Além de uma legislação com parâmetros específicos sobre o assunto, a economista do Idec acrescenta que também é preciso que sejam criadas métricas para avaliar se as medidas de educação financeira estão surtindo efeito prático:
— Diante de maior conscientização sobre controle do orçamento e outras medidas de educação financeiras, será preciso avaliar métricas como aumento em investimentos e redução do endividamento da população. Além de ter um programa bem estruturado, é preciso medir sua eficácia para que ele seja aprimorado onde for necessário.
Acesso limitado
A pesquisa do Idec também revelou que 75% dos entrevistados não conseguem avaliar o conteúdo de materiais de educação financeira disponibilizado pelas instituições financeiras porque não conhecem estas funcionalidades. Dos que utilizam, 8% acham regular, 6% acham bom e o mesmo percentual considera ruim.
Em números absolutos, 613 entrevistados (62,8% do total) afirmou que nunca consultou informações sobre educação financeira nos canais de atendimento do banco, contra 117 (12%) consultou este tipo de material há pelo menos um mês.
Já em relação à estrutura do orçamento, a maioria das pessoas ouvidas pela pesquisa consegue pagar as contas, mas nunca sobra recursos mesmo economizando nos gastos (32,5% de todos os entrevistados).
Logo na sequência aparecem os 28,5% que conseguem controlar os gastos e guardar uma parcela do salário.