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Em meio à polêmica, Brasil discute liberação de trigo transgênico

Assunto será debatido em audiência da CNTBio. Variedade foi liberada na Argentina, mas enfrenta oposição da indústria brasileira e de entidades como o Idec

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Globo Rural

Atualizado: 

26/10/2020
Foto; iStock
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Reportagem da Revista Globo Rural, publicada em 22/10/2020

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) realiza, nesta quinta-feira (22/10), uma audiência para discutir a possibilidade de liberação de uma variedade de trigo transgênico no Brasil.

A reunião será transmitida via internet, a partir das 13h30, com participação de representantes da Embrapa, de entidades da cadeia produtiva do trigo, do setor de biotecnologia e de consultores.

Desenvolvida pela Bioceres, a cultivar já foi aprovada na Argentina, o que colocou o país na condição de primeiro do mundo a autorizar a produção de uma variedade geneticamente modificada do cereal. A promessa é de uma cultivar resistente a estresses hídricos e tolerante a herbicidas à base do princípio ativo glufosinato de amônia.

No entanto, a liberação da variedade recebeu críticas da própria cadeia produtiva argentina. Em comunicado, o Comitê Executivo da Associação do Trigo (Argentrigo) alertou sobre riscos comerciais e de perda de mercado com a variedade transgênica. E advertiu sobre a falta de experiência do mercado local em consumir um trigo geneticamente modificado.

De qualquer forma, a comercialização desse material depende da aprovação do Brasil, que tem forte dependência das importações do trigo argentino. Mas, por aqui, a notícia também não foi bem recebida pela cadeia produtiva.

Também em comunicado, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abritrigo) disse que moinhos brasileiros consideravam a possibilidade de interromper as compras do cereal da Argentina.

“Nunca reprovaram transgênico”

Nesta quarta-feira (21/10), o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) manifestou preocupação com a audiência pública. Na avaliação da entidade, não está prevista uma participação significativa de defensores dos direitos do consumidor. E, mesmo com a oposição em relação à variedade, a expectativa é de que o trigo transgênico seja aprovado.

“A CTNBio tem sempre maioria esmagadora de biotecnólogos escolhidos pelo ministro de Ciência e Tecnologia para aprovar transgênicos. É um jogo de cartas marcadas. Passei quatro anos lá como especialista em direito dos consumidores e foi sempre assim. Nunca reprovaram nenhum transgênico”, alerta a professora Marijane Lisboa, conselheira do Idec, no comunicado divulgado pela instituição.

Na visão do Idec, a aprovação do trigo transgênico no Brasil vai contra as expectativas dos consumidores. E a comunidade científica tem defendido que essa análise leve em consideração evidências de saúde e ambientais, bem como compromissos com a preservação da biodiversidade.

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