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Matéria publicada originalmente por Estadão
Atualmente 70% das mortes ocorridas em todo mundo são causadas pelas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). No Brasil, as cardiovasculares originaram aproximadamente 30% de todas as mortes prematuras no País. A alta ingestão de gordura trans, encontrada em produtos alimentícios ultraprocessados, está fortemente associada ao desenvolvimento destas doenças. Segundo a Organização Mundial da Saúde, meio milhão de pessoas morrem a cada ano por causa do consumo desse tipo de gordura. A OMS defende que o seu uso pela indústria alimentícia seja eliminado até 2023, em todo o mundo.
Para reverter este quadro foi criado pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), em parceria com e Conselho Nacional de Nutricionistas (CFN), o “Pela saúde do coração, gordura trans não”. Neste momento o projeto tem buscado mobilizar a população a participar da consulta pública aberta pela Anvisa com o objetivo de normatizar a redução da gordura trans nos alimentos processados no Brasil. Além de sua atuação junto ao poder público, o projeto pretende mobilizar profissionais da saúde, formadores de opinião, parceiros e a população em geral para uma ação conjunta que desperte a consciência para a gravidade do tema. Cerca de 28 países já adotaram medidas restritivas ao uso desta substância.
De acordo com a consultora técnica do Projeto, Alice Medeiros: “Já é consenso na literatura científica que as gorduras trans industriais são nocivas à saúde. O seu alto consumo eleva o colesterol, fator de risco direto para as doenças do coração. Essa substância tóxica não só eleva o colesterol total e o LDL (conhecido como colesterol ruim), mas também diminui o HDL (conhecido como colesterol bom), gerando inflamações e agressões aos vasos sanguíneos. Já existem também evidências científicas sobre aumento do risco de infertilidade, endometriose, cálculos biliares, doença de Alzheimer, diabetes e alguns tipos de câncer associadas ao seu consumo frequente”.
A gordura trans é produzida industrialmente para melhorar o sabor, a crocância ou a cremosidade e aumentar a durabilidade dos alimentos ultraprocessados, como: salgadinhos, bolachas recheadas, biscoitos, sorvetes, margarinas e maioneses, entre tantos outros. Desde 2004, a Organização Mundial da Saúde recomenda que a gordura trans seja abolida do cardápio dos brasileiros. Alguns produtos alimentícios de fato diminuíram o seu percentual nos últimos anos, mas nem por isso, ela foi totalmente abolida das fórmulas, diferentemente do que muitas embalagens dizem. Esta foi a comprovação de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Defesa do Consumidor com cinquenta marcas de de bolachas e biscoitos doces e salgados.
De acordo com a pesquisadora do Idec, Ana Paula Bortoletto: “Na tabela nutricional pode estar declarado que a quantidade de gordura trans é zero para uma determinada porção, mas o produto pode conter essa substância. Para confirmar, é preciso ler a lista de ingredientes. Se nela contiver os termos ‘gordura vegetal hidrogenada’ ou ‘gordura vegetal parcialmente hidrogenada’ é porque tem gordura trans. Se o termo for mais genérico como ‘gordura vegetal’ ou só gordura, desconfie, pode ser que essa gordura também seja trans”.
A consulta pública para a regulação da utilização de gorduras trans industriais nos alimentos no Brasil está aberta pela Anvisa até o dia 7 de outubro e está sendo realizada na página da Anvisa, por meio do link http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=48990 . Também pode ser acessada pela página do projeto www.gorduratransnao.com.br
Matéria publicada originalmente por Estadão