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Assista a reportagem completa do Jornal Nacional, veiculada em 19/04/2021
Desde o começo de abril, todos os brasileiros estão pagando mais caro pelos remédios. O reajuste anual, desta vez, ficou acima da inflação.
Tarcísio e a mulher tomam seis remédios controlados. A conta da farmácia já subiu em abril de R$ 320 para R$ 390. Ele ainda teve Covid e gastou mais R$ 70 com remédios. Administrar as contas da casa está cada vez mais difícil.
"Qual que é o impacto? Ou eu escolho entre comprar um medicamento para salvar minha vida ou eu escolho comprar um alimento, está tudo caro", desabafa o aposentado Tarcísio Pereira.
O reajuste é autorizado uma vez por ano pela Anvisa. O percentual desta vez é 10,08%, o maior desde 2016, acima da inflação oficial do país, que, no mesmo no período, ficou em 6,10%. Uma das explicações para este aumento foi a alta do dólar frente ao real.
"Nós sabemos que boa parte dos insumos para fabricação de medicamentos são influenciados pela taxa de câmbio, são cotados em dólar. O encarecimento desses insumos já provocaria, sim, uma revisão mais forte no preço dos medicamentos em 2021", destaca o economista da FGV, André Braz.
Na lista dos remédios que ficaram mais caros estão antibióticos, anti-inflamatórios, medicamentos para dor, para diabetes.
O reajuste não é em cima do preço médio dos remédios que a gente compra nas farmácias. Ele incide sobre o valor máximo, que é tabelado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Por isso, o aumento pode ser maior e acabar pesando ainda mais no bolso dos brasileiros. Um exemplo calculado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor:
O remédio para controle da gastrite custa, em média, R$ 21. Mas o preço limite dele é até R$ 87,65. Com o aumento de 10%, pode chegar a R$ 96,41.
“Acho que uma medida importante para o consumidor adotar, para tentar contornar o problema dos preços elevados, é pesquisar nas farmácias, é nunca ir e aceitar o preço da primeira farmácia. Uma possibilidade, também, é ele se utilizar do programa farmácia popular”, reforça Ana Carolina Navarrete, coordenadora do programa de saúde do Idec.
Alexandre Rodrigues é dono de cinco farmácias e ainda tem remédios em estoque. Para não perder os clientes, vai tentar segurar os preços por enquanto.
“A intenção é manter, manter os preços, não fazendo essa alteração pelo volume alto de estoques em todas as unidades da região e a gente, um meio de o cliente está comprando mais e pagando menos”, finaliza Alexandre.