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Mais do que o preço, há tempos a preocupação com os impactos sociais e ambientais da produção, especialmente dos alimentos, é crescente entre os consumidores. Por ser o Brasil o terceiro maior produtor de frango do mundo - e também o maior exportador e quarto maior mercado consumidor - o Idec, com apoio do SOMO, realizou uma pesquisa para identificar a forma com que essa indústria encara sua responsabilidade socioambiental.
Foram enviados questionários a sete empresas, das quais apenas uma respondeu (destacada em verde, na lista abaixo). Confira:
Zanquetta Alimentos Ltda. (marca Alliz)
Dagranja Agroindustrial Ltda. (marca Seara)
BRFoods (marca Perdigão)
Avícula Paulista Ltda. (marca Frango Paulista)
Rigor Alimentos Matadouro Ltda. (marca Rigor)
Sadia (marca Sadia)
Agrodanieli Ind e Com Ltda. (marca Danieli).
O critério para seleção das empresas foi uma pesquisa de mercado em grandes supermercados da cidade de São Paulo, realizada no dia 30 de setembro de 2010, onde foram identificadas as marcas disponíveis para o consumidor.
Como o objetivo da pesquisa era realizar uma comparação entre as respostas das indústrias, o Idec optou por não expor as respostas da única empresa que respondeu nosso questionário, já que não será possível comparar com outras empresas do setor.
O Idec parabeniza a empresa Agrodanieli Ind e Com Ltda. pela disposição de participar da pesquisa, demonstrando o seu respeito pelo direito do consumidor à informação, e lamenta a não participação das outras empresas.
Problemas do setor
Com base em pesquisa exploratória e em consulta com sindicatos de agricultores familiares e de trabalhadores rurais, ambas realizadas antes da elaboração do questionário, foi possível identificar os principais problemas na indústria de frangos brasileira.
O estudo indicou que na cadeia produtiva da carne de frango problemas são encontrados na relação entre as empresas e os pequenos agricultores integrados, que não estão recebendo remuneração adequada e muitas vezes valores inferiores ao custo de produção.
Problemas também são encontrados na relação das empresas com os trabalhadores na indústria, com diversos casos de doenças de trabalho, inclusive com condenações na Justiça do Trabalho, e consequente, alta rotatividade de funcionários.
"A baixa participação das empresas na pesquisa sobre a RSE (1 de 7, ou seja, 14,3%) demonstra falta de maturidade do setor, de transparência e de respeito ao direito dos consumidores à informação", declarou a coordenadora executiva do Idec, Lisa Gunn.
Mesmo que com baixa participação das empresas, o Idec avalia que foi extremamente positiva a realização da pesquisa de RSE. "São dois motivos: o primeiro, maior conhecimento sobre os aspectos socioambientais da produção de frango e, segundo, incidência e demonstração para este setor que além de preço e qualidade, os consumidores estão preocupados com os aspectos socioambientais do processo produtivo", acrescentou Lisa. "Acreditamos que o processo de tentativas de diálogo com o setor deve continuar, visando à melhoria dos padrões de produção do setor para que o consumo de frango no Brasil possa se tornar mais sustentável".