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Campanha da Red PaPaz, que alerta sobre riscos da publicidade de alimentos ultraprocessados a crianças, havia sido recusada por canais de televisão da Colômbia
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    Alimentação [1]

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16/04/2019

Atualizado: 

15/05/2019
Após censura, peça educativa sobre ultraprocessados é liberada na Colômbia

Foto: Red PaPaz/Divulgação

 

A Corte Constitucional da Colômbia confirmou no início de abril a sentença que obriga os canais privados de televisão a transmitir o comercial “No coma más mentiras” [2](em português, “Não coma mais mentiras”), da ONG Red PaPaz. O Idec atuou como amicus curiae (amigo da corte) no processo.

A campanha, que visa alertar a sociedade sobre os riscos da publicidade de ultraprocessados a crianças, foi vetada pelos canais Caracol TV e Canal RCN. O comercial foi elaborada pela Red PaPaz, uma organização colombiana sem fins lucrativos formada por pais, mães e cuidadores que atuam em prol dos direitos das crianças e adolescentes.

Para a Corte, o controle prévio realizado pelos meios de comunicação não encontra respaldo legal e configura um caso de censura e de violação do direito à liberdade de expressão e do direito do consumidor à informação.

O Idec, que participou do processo em conjunto com a ACT - Promoção da Saúde [3], considera a decisão um avanço para a sociedade. “A decisão é muito positiva, pois ela garante um ambiente mais democrático para a divulgação de informações importantes para a sociedade, como os riscos à saúde decorrentes do consumo de ultraprocessados”, afirma Mariana Gondo, advogada do Idec.

A batalha judicial

Em seu lançamento, a campanha da Red PaPaz foi recusada pelas emissoras Caracol TV e Canal RCN, empresas concessionárias do serviço nacional público de televisão, que se negaram a transmitir o material por se tratar de "um conteúdo polêmico que poderia gerar desaprovação por parte dos anunciantes".

Em contrapartida, a ONG ofereceu um acordo em que assumiria a responsabilidade pelo conteúdo da peça. Porém a oferta foi ignorada pelos meios de comunicação na época.

Com isso, a Red Papaz entrou com uma ação e venceu em primeira instância, porém as emissoras recorreram e o processo chegou à Corte Constitucional. No final de março, o Idec encaminhou manifestação em apoio à ONG colombiana.

Por fim, a decisão da Corte foi favorável à campanha e o julgado reforçou que a peça se trata de uma campanha de saúde pública baseada em evidências científicas, da OMS (Organização Mundial de Saúde) e OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), e não visa a promoção de nenhum produto.

No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor [4] estabelece que é um direito básico do consumidor a informação adequada e clara sobre os produtos, inclusive sobre os riscos que apresentam. Uma das condições para a garantia do direito à alimentação adequada [1] é a informação ao consumidor, permitindo que ele saiba o que come.

 

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URL de origem:https://idec.org.br/noticia/apos-censura-peca-educativa-sobre-ultraprocessados-e-liberada-na-colombia

Links
[1] https://idec.org.br/programas-tematicos/alimentacao [2] https://m.eltiempo.com/vida/salud/corte-constitucional-falla-a-favor-de-campana-de-red-papaz-para-transmitir-comercial-347204 [3] http://actbr.org.br/ [4] https://idec.org.br/codigo-de-defesa-do-consumidor [5] https://idec.org.br/noticia/industria-do-tabaco-colaborou-para-viciar-criancas-em-bebidas-adocadas [6] https://idec.org.br/noticia/idec-contribui-com-consulta-da-anvisa-sobre-cereais-integrais [7] https://idec.org.br/noticia/idec-cria-site-para-apoiar-politicas-publicas-sobre-alimentacao