O que foi assunto na defesa do consumidor pelo mundo entre julho e agosto de 2017
Alimentos
Alerta no celular
Cansada da falta de iniciativa do governo mexicano para criar uma etiqueta nutricional eficaz para alimentos industrializados, a associação El Poder del Consumidor lançou, no início de agosto, um aplicativo para celulares que informa se a quantidade de açúcar, gordura saturada, sódio e calorias nos produtos é alta.
O chamado “escâner nutricional” foi baseado no selo de advertência implantado no Chile em 2016. A ferramenta mexicana lê o código de barras presente na embalagem e busca as informações num banco de dados com mais de dois mil alimentos cadastrados. O aplicativo gratuito está disponível para iOS e Android.
Nova Zelândia
Duty-Free nem sempre é mais barato
Na Nova Zelândia, a organização Consumers NZ avaliou o preço de alguns cosméticos e aparelhos eletrônicos em duty-free – lojas localizadas em aeroportos cujos produtos são vendidos com isenção ou redução de impostos – e constatou que nem sempre eles são mais baratos do que em lojas comuns ou supermercados. Dos 33 itens avaliados, apenas 10 custavam menos nesses locais. A Consumers ZN demonstrou preocupação com a forma como os produtos são ofertados no site dos duty-free, pois as propagandas fazem o consumidor acreditar que tudo o que é vendido lá é mais barato do que em outros lugares por não ter impostos.
Internet
Navegação limitada e dados capturados
Uma pesquisa da Global Voices revelou que o aplicativo Free Basics, lançado pelo Facebook para “ajudar” pessoas sem acesso à internet, não permite que os usuários utilizem todos os serviços existentes na rede, mas apenas alguns pré-determinados. O levantamento também constatou que o Facebook monitora as atividades dos usuários do Free Basics – presente em 63 países – para conseguir informações preciosas, como seus hábitos e interesses. Uma das formas de fazer isso é incentivando as pessoas a fazer o login nos serviços oferecidos pelo app usando a conta da rede social.
Malásia
Rótulo no idioma local
A organização Consumers Association of Penang está pressionando as autoridades da Malásia para que garantam que as informações presentes no rótulo de todos os alimentos importados vendidos no País sejam escritas na língua malaia, conforme determina a legislação. Só assim, os consumidores locais poderão entender a lista de ingredientes e as informações nutricionais e, então, fazer escolhas saudáveis.
EUA
Campanha por uma internet livre
A organização Consumers Union, dos Estados Unidos, realiza uma campanha online para impedir a Federal Comunications Comission (FCC) e membros do Congresso de mudar as regras que garantem a chamada “neutralidade da rede”. O fim da neutralidade significaria que provedores de internet poderiam bloquear ou deixar mais lentos alguns sites e dar melhor tratamento a outros. Isso vai totalmente contra a ideia de que os consumidores têm o direito de escolher o que querem ler, assistir ou jogar online.
Nos últimos anos, notícias frequentes têm relatado que cidades europeias estão buscando restringir ou banir carros de algumas áreas, principalmente do centro. Hamburgo (Alemanha) e Helsinki (Finlândia) já apresentaram planos audaciosos nesse sentido, enquanto Oslo (Noruega) e Madri (Espanha) querem aumentar a limitação. Seriam esses planos devaneios autoritários das prefeituras locais?
Em uma primeira análise, pode parecer que sim, pela imagem que o carro tem em nossa sociedade e por seu impacto na cultura e nas cidades. Afinal, o advento do automóvel trouxe avanço para a circulação de pessoas. No entanto, a importância que se dá ao carro já não corresponde ao papel que ele tem na mobilidade hoje, nem aos impactos negativos que gera às cidades e a seus habitantes.
Apesar da atenção que se dá às notícias sobre trânsito, por exemplo, o uso de automóveis nas grandes cidades brasileiras não supera 35% das viagens diárias, em média. Em compensação, os custos econômicos e sociais gerados por ele (com poluição do ar, obras viárias e acidentes, por exemplo) são pouco valorizados.
O carro, que surgiu com a propaganda de modernidade e praticidade, tem se mostrado um modelo esgotado e ineficiente. Por isso, movimentos como o Dia Mundial Sem Carro, celebrado em 22 de setembro desde a década de 90, incentivam a redução do uso do automóvel, e gestões municipais notam cada vez mais a necessidade de mudar esse modelo de mobilidade.
A “proibição” do carro é apenas um símbolo para uma meta, mas não se trata disso. O objetivo real é promover alternativas de deslocamento à população. O desafio é enorme, mas é essencial ampliar o debate sobre essa mudança e investir em meios de transporte coletivos, limpos e ativos (como a bicicleta) para, assim, desestimular o uso do carro.