Enxoval made in USA
MENOS É MAIS
No "paraíso das compras", muitos pais se rendem ao forte apelo de consumo e acabam comprando bem mais que o necessário. "Lá fora a tentação é grande porque você quer aproveitar a oportunidade e acaba gastando bem mais do que imaginava", diz Valéria. Embora afirme que o enxoval dispensou compras por mais de um ano, ela admite que houve excesso. "Perdi muita roupa porque não fez muito frio no inverno e também porque o bebê cresceu mais do que eu previa", afirma.
Na gravidez do segundo filho, Fabiana Ribeiro Salerno, 34 anos, optou por um enxoval básico e, conforme o bebê crescia, ia comprando de acordo com a necessidade. "Acho muito difícil prever o que a criança vai usar daqui a um ano", diz. "Meu primeiro filho demorava bastante para perder as roupas, já o segundo foi completamente diferente", completa.
Com base na experiência anterior, Fabiana começou pelos itens da lista da maternidade e depois completou com as peças para os primeiros quatro meses do bebê, período em que é mais difícil sair para as compras. Ao todo, ela estima ter gastado aproximadamente R$ 1.500 no enxoval feito em São Paulo. "Se você pesquisar bem, vai encontrar bons produtos a preços razoáveis por aqui", ensina. No Brasil, há uma grande variedade de produtos para o enxoval, com opções para todos os bolsos. Uma consulta aos principais sites nacionais mostra que há carrinhos de bebê, por exemplo, de R$ 150 a R$ 5 mil.
Para os pais de primeira viagem, Fabiana aconselha a não se deixar levar pelas listas completíssimas oferecidas pelas lojas. "Há itens totalmente desnecessários. Não entendo para que comprar um conta-gotas, por exemplo, se os remédios já vêm com dosador", observa. O ideal é pesquisar bastante, consultar pais mais experientes e pensar no que realmente é necessário para o bem-estar do bebê. Veja, abaixo, algumas dicas para não exagerar.
• As listas de enxoval costumam exagerar na quantidade, além de incluir itens supérfluos ou até mesmo inúteis. Por isso, antes de sair comprando, consulte outros pais mais experientes. Publicações especializadas também podem ajudar.
• Considere que os recém-nascidos costumam ganhar muitos presentes, tanto no tradicional chá de bebê quanto logo após o nascimento. Portanto, mais racional é começar pelo básico e, só depois, avaliar o que realmente está faltando.
• Outra opção interessante é aproveitar roupinhas usadas do irmão mais velho, de priminhos e amigos. Como os bebês crescem rápido, muitas peças são usadas poucas vezes e continuam novinhas.
Em busca de preços mais baixos, brasileiros estão aderindo à onda de comprar produtos para bebê no exterior. Mas será que vale mesmo a pena ir tão longe só para isso? Veja as nossas orientações, faça as contas e decida de forma consciente
Um enxoval completíssimo, com tudo a que o bebê tem direito, sem gastar os olhos da cara. É em busca desse sonho que muitos futuros pais estão embarcando em uma longa viagem até Miami, Orlando ou Nova York, nos Estados Unidos, três dos principais destinos eleitos pelos brasileiros para compras no exterior. Quem fez essa opção defende as suas vantagens: variedade, produtos diferenciados, qualidade e preços incomparáveis.
A advogada Juliana Ferreira, 31 anos, é uma delas. Em agosto de 2011, ela embarcou com o marido para uma viagem de dez dias em Miami. Do Brasil, o casal levou malas praticamente vazias, uma lista de enxoval e outra de locais de compra pesquisados na internet. Entre um e outro passeio, boa parte do tempo foi gasta vasculhando as lojas. "Encontramos tudo o que procurávamos e a preços muito abaixo do que se vê por aqui: um carrinho de bebê que custava por volta de R$ 3.500 no Brasil, à época, saiu por US$ 500. Um bebê-conforto de R$ 500, lá não passava de US$ 100", lista.
Juliana afirma ter economizado bastante ainda em artigos como lençóis, cobertores, toalhas de banho e roupinhas – compradas em quantidade suficiente para vestir o bebê por um ano. "Imagine que, com US$ 12, você compra um kit de bodies com cinco peças. Aqui, uma única peça da mesma marca custa em torno de R$ 25", compara.
A estilista e administradora Valéria de Tullio Galea, 32 anos, também aproveitou a viagem de férias com o marido no Caribe, em abril de 2011, para dar uma esticadinha até Miami. "Compramos o enxoval completo, até a decoração para o chá de bebê", diz. Entre as "pechinchas", Valéria destaca as roupinhas de marcas famosas por US$ 5 a US$ 10 dólares. "Aqui, esses mesmos artigos não sairiam por menos R$ 50 a peça", diz.
NA PONTA DO LÁPIS
Assim como Valéria, Juliana acredita que foi uma boa ideia ter incluído um roteiro de compras no programa de férias. "Unimos o útil ao agradável: compramos tudo, mas também aproveitamos para fazer vários passeios e curtir a cidade", lembra. Mas quando o objetivo é unicamente fazer compras, será que compensa viajar para tão longe? Para responder a essa pergunta, a Revista do Idec pesquisou preços e calculou o custo de uma viagem de cinco dias a Miami. Entre passagem aérea para o casal, aluguel de carro, hospedagem e alimentação, sem extravagâncias, gasta-se, em média, R$ 9 mil. Veja o quadro à direita. É claro que os custos da viagem podem variar muito dependendo da época do ano, do tipo de hospedagem ou se forem usadas milhas acumuladas em programas de fidelidade para as passagens aéreas, por exemplo.
Além de avaliar os gastos com a viagem, antes de se empolgar com os preços mais baixos, é importante lembrar que, para ficar livre de impostos, o valor das compras no exterior não deve passar de US$ 500 por pessoa. Se passar disso, é preciso declarar os gastos à Receita Federal.
A advogada Caroline Almeida Saleiros, 36 anos, foi preparada para isso. No fim de maio deste ano, ela embarcou para Orlando e voltou com quatro malas e o enxoval completo para o seu bebê. Suas compras excederam o limite máximo para entrada no país em US$ 1200, e ela teve de pagar R$ 900 de impostos. Além disso, também pagou pelo excesso de bagagem. "Mesmo assim valeu a pena. Fiz as contas antes de ir e vi que compensaria", afirma Caroline. "Já viajei sabendo que ultrapassaria o limite [de US$ 500] e precisaria declarar à Receita. Curiosamente, fui a única no meu voo a fazer isso. Mas vi muitas pessoas serem surpreendidas pela fiscalização e pagarem multa por sonegar o imposto", alerta. Segundo a Receita Federal, o turista deve pagar 60% de imposto sobre o valor excedente aos US$ 500. Quem sonega e é pego pela fiscalização, além do tributo, paga também multa de 50% sobre o valor do imposto.
Outro ponto importante a considerar nas compras feitas fora do país é que, em caso de defeito em algum produto, o prejuízo é seu. "Na loja em que comprei o carrinho, assinei um termo de que estava ciente que não teria garantia fora do território americano", conta a advogada, que assumiu o risco.