Tratados a pão de ló
RAÇÃO É FEITA DO QUÊ?
De 28 de novembro a 08 de janeiro, publicamos a seguinte pergunta no portal do Idec: “O que você leva em conta na hora de comprar ração para o seu animal de estimação?”
Dos 741 internautas que participaram da enquete, 30% responderam “composição do produto”. De fato, as informações nutricionais devem ser consideradas. Ao todo, o animal necessita de pelo menos 40 nutrientes para manter a saúde e garantir a longevidade. “Comece observando a lista de ingredientes. Cães e gatos precisam de gordura, proteína, aminoácidos, sais minerais, vitaminas e fibras”, ensina Márcio Brunetto, pós-doutor em nutrição clínica de cães e gatos e professor responsável pela área de nutrição de cães e gatos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP).
Algumas marcas usam gordura animal bovina ou suína, que perdem em qualidade se comparadas a gorduras extraídas de óleo de soja, óleo de canola, óleo de peixe ou gordura de frango, que são mais bem aproveitadas pelo animal. Outro nutriente das rações são os carboidratos. Estes estão presentes em farelos, que são bastante usados, embora grãos de arroz, quirela de arroz e de milho, e grãos de arroz quebrados possuam mais amido e, por isso, sejam mais bem absorvidos pelos bichinhos. Comparar as fontes proteicas também é importante. Algumas marcas usam farinha de ossos, que, segundo Brunetto, é boa fonte de proteína, mas também contém muita matéria mineral, que pode provocar a formação de cristais na bexiga e problemas nos rins, especialmente em gatos, que tendem a ter doenças no sistema urinário. Já a farinha de carne ou as fontes proteicas de origem vegetal, associadas a fontes de origem animal, possuem menos matéria mineral e, portanto, mais qualidade.
Para deixar os produtos visualmente mais atraentes, fabricantes de rações e petiscos utilizam corantes e conservantes. Brunetto informa que essas substâncias usadas nas comidas industrializadas para animais são as mesmas acrescentadas a produtos para humanos e que antes de ser colocado no mercado, qualquer aditivo ou corante é avaliado pelo Food and Drugs Administration (FDA) – órgão governamental dos Estados Unidos responsável pelo controle dos alimentos para humanos e animais, medicamentos, cosméticos, entre outros produtos – durante dois anos, em pelo menos duas espécies animais diferentes, para identificar se provoca danos à saúde. “Os corantes empregados nos EUA e no Brasil são os mesmos, e há poucas evidências de que tragam riscos à saúde”, ele diz.
A embalagem das rações deve conter outras informações importantes, além da lista de nutrientes.
1- Registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), órgão que fiscaliza a fabricação e comercialização dos produtos de origem animal.
2- Assinatura de um veterinário ou zootecnista que se responsabilize pela formulação do produto. Segundo a médica veterinária Sheila Pincinato, ter o nome e o registro desse responsável técnico possibilita ao consumidor ou ao CRMV-SP acionar o fabricante caso a ração faça mal ao animal.
3- Contato do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), para que se possa recorrer ao fabricante em caso de dúvida ou se houver alguma reclamação.
4- Data de validade do produto.
COMIDA CASEIRA OU RAÇÃO?
É comum as pessoas associarem o aumento da incidência de doenças em animais à alimentação industrializada. Mas será que as rações são mesmo vilãs? Segundo Brunetto, da FMVZ/ USP, e Sheila Pincinato, médica veterinária e assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) não existe nada comprovado. “Ocorre que, REVISTA DO IDEC • Fevereiro 2013 • 35 no passado, as doenças não eram facilmente diagnosticadas. Hoje, há tecnologia, exames laboratoriais e diagnóstico por imagem mais efetivos, que auxiliam muito o médico veterinário. Se estamos diagnosticando mais, é porque temos mais meios”, argumenta Brunetto. “E, se a incidência de doenças está aumentando, por outro lado, a longevidade de cães e gatos também aumentou”, ele completa.
Já quem optar por dar comida caseira ao animal de estimação precisa da orientação de um veterinário para tornar a dieta balanceada, com a proporção adequada de proteínas, carboidratos, fibras, gorduras, sais minerais e vitaminas. Assim, é possível manter o bichinho bem alimentado em todas as fases da vida com alimentos não industrializados.
Especialistas indicam os cuidados na hora de escolher a ração do seu cão ou gato
Comprar comida para o animal de estimação tornou-se uma tarefa mais demorada do que se pode imaginar. Hoje, existem mais de 100 fabricantes de rações no mercado, responsáveis por cerca de 600 produtos diferentes, segundo a Associação Nacional dos Distribuidores de Produtos PET do Brasil (Andipet).
Diante de tantas opções na hora de escolher a ração para o seu cão ou gato, há vários aspectos a se levar em conta. Além do preço que caiba no seu bolso, o critério fundamental é a qualidade do produto. “Quanto melhor a qualidade, mais nutrientes o animal irá absorver e menos fezes irá produzir. Considere também a idade, o porte, a raça e o nível de atividade do bichinho, e também se ele fica dentro ou fora de casa, porque algumas rações contêm inibidores de odores para fezes”, recomenda Katia de Martino, médica veterinária e adestradora da Cão Cidadão.
Além das rações, o mercado está repleto de petiscos, como biscoitos, ossinhos e patês, que os cães e gatos adoram, devido ao cheiro e ao sabor irresistíveis. Mas é importante lembrar que esses produtos só devem ser dados ao pet como recompensa, mas nunca usados para substituir o alimento, pois não são nutricionalmente completos.
1- Jamais compre um produto cuja embalagem esteja furada ou rasgada. E, se ela estiver no chão, certifique-se das condições de higiene do estabelecimento.
2- Leve em conta o tipo de embalagem. As que são laminadas por dentro protegem o produto da luz e da umidade, além de manter suas características sensoriais e gustativas.
3- Evite comprar ração a granel, em embalagens abertas fracionadas, sem identificação do fabricante e do prazo de validade. O Decreto Federal nº 6.296/2007 proíbe fracionar e embalar produtos destinados à alimentação animal sem permissão do estabelecimento fabricante ou importador e sem prévia autorização do Mapa.