Prejuízo para o consumidor e o planeta
Um dos principais vilões da emissão de gases de efeito estufa são os automóveis. Anualmente, os escapamentos dos carros despejam na atmosfera mais de 1 milhão de toneladas de gás carbônico. Isso numa estimativa otimista. Um cálculo menos edulcorado indica que essas emissões de CO2 poderiam superar 4 milhões de toneladas. Sem contar outros gases, esses poluentes, como o monóxido de carbono e o dióxido de enxofre.
Assim, possibilitar ao consumidor que a escolha de seu automóvel seja balizada por atributos ambientais torna-se uma necessidade, e deveria ser considerada pelas empresas que fabricam ou comercializam esse produto. No entanto, como mostra a pesquisa apresentada em nossa matéria de capa, as montadoras negam ao consumidor brasileiro essa opção: as 14 empresas fabricantes ou representantes das marcas pesquisadas não informam a eficiência energética (consumo de combustível) e os níveis de emissão de gases de seus modelos.
Buscamos essa informação em sites, no Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) e nas concessionárias, sem obter dados satisfatórios e seguros. Estranhamente, no caso dos sites globais e nos dos países de origem dessas marcas, esses esclarecimentos, com raras exceções, estavam disponibilizados. É uma prova de duplo padrão de informação, quando se nega ao consumidor brasileiro dados oferecidos aos consumidores de outros países. Essa sonegação de informações é padrão nas indústrias automobilísticas instaladas no Brasil. Por isso, continuaremos lutando para que o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) seja obrigatório.
O padrão de desenvolvimento de muitos países é medido pela atividade da sua indústria automobilística. Isso sempre significou emprego, dinheiro etc. Mas sabemos que o desenvolvimento de uma nação também deve considerar a qualidade de vida de seus habitantes e a conduta transparente e responsável das empresas que nele atuam. Sem isso, podemos ter aqui os mais modernos carros, mas não teremos necessariamente a melhor escolha.