Natal dos tablets
Quase Parecidos
Primeiramente vieram os desktops, computadores de mesa. Há alguns anos eram praticamente a única opção. Hoje em dia têm preços baixos (bons equipamentos chegam a custar menos que um telefone celular). Depois, surgiram os computadores portáteis (em inglês, notebooks ou laptops); caríssimos no começo, hoje custam um pouco mais que os desktops.
Até aí a diferença era nítida: um era fixo, paquidérmico, e o outro, portátil, leve. Mas aí surgiram aparelhos que tornaram esses conceitos mais difusos: os netbooks (notebooks ainda menores, recomendados para quem está sempre em trânsito), os smartphones (telefones celulares com acesso à internet e a inúmeras outras funções) e os tablets (computadores pessoais menores que os netbooks, mas maiores que os smartphones).
A orientação primordial para guiar sua decisão é considerar se o aparelho será usado por períodos prolongados ou não. "Para uso não prolongado [período de até meia hora], os tablets e smartphones são mais recomendados", avalia João Moretti, especialista em tecnologia e diretor-geral da Mobile People, empresa focada em tecnologia móvel. A razão é simples: são compactos, podem ser transportados com facilidade, e no caso dos tablets, funcionam com o chamado touch screen (toque direto na tela, o que dispensa o uso de mouse e teclado). Já os smartphones podem ou não adotar essa tecnologia.
No entanto, se o objetivo for utilizar o aparelho por bastante tempo, tablets e smartphones exigem paciência. É que eles são tão compactos que sua usabilidade fica prejudicada. Por exemplo, redigir um texto longo é tarefa árdua com o sistema touch screen. Claro, existe a opção de se acoplar um teclado, mas se isso for feito com frequência é melhor ter um notebook.
Outra diferença importante entre notebooks, smartphones e tablets são os hardwares. Os notebooks são mais potentes: costumam ter processadores melhores, mais capacidade de armazenamento de dados e mais velocidade.
Dada a efemeridade dos smartphones e tablets, eles não são supermáquinas – pelo menos por enquanto. E nem precisam ser, ainda. Você deve ter notado que pouco se falou dos netbooks. É que os especialistas têm apontado que eles estão fadados ao fim. Justamente por serem um meio-termo entre notebooks e tablets: são notebooks limitados tecnicamente e sem a versatilidade dos tablets.
Tablet ou smatphone
Para começar, o smartphone é um celular – o que não é o caso de um tablet. Este pode até fazer as vezes de um telefone, por meio de voIP (voz sobre ip, que é a transmissão de voz pela internet, como o programa skype, por exemplo) ou de um chip de uma operadora de telefonia móvel (caso de poucos modelos disponíveis). Ainda assim, o tablet não substitui o celular, pois é grande demais.
Outra diferença importante: o tablet é um e-reader (leitor digital) por natureza. O tamanho da tela é excelente para a leitura de livros eletrônicos e versões digitais de revistas e jornais. Já os smartphones não servem para esse fim, pois a tela é por demais diminuta. O tamanho da tela do tablet lhe confere ainda outra vantagem sobre os smartphones: mais conforto para acessar a internet.
Não existe milagre
Ao digitar a palavra "tablet" no google, uma quantidade incrível de sites que vendem (ou dizem vender) o produto aparece na tela. Mas também é possível encontrar inúmeros casos de consumidores que compraram o produto virtualmente, mas nunca o receberam, principalmente em sites de compras coletivas.
O analista de sistemas Delmiro Ribeiro da Cunha Júnior comprou um tablet de 10 polegadas por R$ 370 em julho, num desses sites. O produto deveria ser entregue em 60 dias. Nesse meio-tempo, descobriu que quase 10 mil internautas haviam comprado o tablet e muitos ainda não o haviam recebido. "Entrei em contato com a empresa, mas as respostas eram todas vagas", conta Júnior. No fim de outubro, ele conseguiu que o dinheiro fosse devolvido. "O ressarcimento deve vir na próxima fatura. Vamos ver se desta vez eles cumprem o combinado", conclui.
Para não passar pela mesma situação que Júnior, desconfie de preços muito abaixo dos praticados no mercado; certifique-se de que a empresa é confiável; verifique se ela tem um canal de atendimento direto ao cliente (e-mail, chat, telefone e endereço físico); desconfie de respostas pré-formatadas; investigue se existem reclamações contra ela; guarde cópias da oferta do produto e o comprovante da venda. Esse aparelhinho está chegando com tudo ao mercado nacional. Vale a pena ter um? O que considerar na hora da compra? O Idec responde a essas e a outras dúvidas.
Lá estavam eles, os tablets, sendo usados há quase 45 anos pelos tripulantes da Discovery, a nave espacial do aclamado filme 2001: uma odisseia no espaço, do cineasta norte-americano Stanley Kubrick. Ele pode não ter acertado a data – já estamos em 2011 –, mas o dispositivo, à época fictício, hoje é realidade.
No terceiro trimestre deste ano, a venda desses "tabletes" pelo mundo superou pela primeira vez a de notebooks (computadores portáteis): 13,6 milhões contra 7,3 milhões. O Brasil começa a seguir essa mesma marcha inexorável. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, chegou a afirmar que o Natal deste ano será o Natal dos tablets. É que o governo está concedendo isenção fiscal para as empresas que quiserem produzir esses aparelhos em solo nacional – o que quer dizer que tendem a custar mais barato que os importados. O ministro também afirmou, em agosto, que nove empresas estavam autorizadas a iniciar a produção. Procurada, a assessoria de imprensa do ministério não soube informar o número de empresas que já estão produzindo o eletrônico.
Mas antes de comprar um tablet é importante ter em mente quais são as suas necessidades, pois você também pode optar por notebook, netbook ou smartphone. As diferenças mais gritantes entre eles são tamanho e preço, mas uma análise mais minuciosa vai revelar que não é só isso. "São dispositivos com características diferentes, voltados para usuários diferentes. Cada um tem uma proposta. O consumidor precisa avaliar qual produto vai atender melhor às suas exigências", pondera Hugo Valério, diretor da área de informática da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Comprar um tablet no exterior pode ser vantajoso — principalmente se o modelo não for fabricado no Brasil. A versão básica do iPad2, por exemplo, é vendida nos Estados Unidos por US$ 499 (cerca de R$ 900); aqui, custa R$ 1.649. Os tablets da Apple ainda são importados; o governo chegou a alardear que eles seriam produzidos por aqui neste ano, mas até agora, nada. Adquirir esses aparelhos no exterior implica dois inconvenientes: 1. Cada viajante tem direito a isenção de impostos sobre os bens que custaram até US$ 500. Acima disso, há a incidência (pelo menos em tese) de 50% sobre o valor excedente. Portanto, calcule se de fato vai sair mais barato; 2. Se o fabricante não estiver oficialmente representado aqui no Brasil — por meio da própria empresa ou de importador autorizado —, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) não pode ser aplicado.
“Já se o fabricante tiver representantes no Brasil, o consumidor pode se valer da garantia dada por ele e também da garantia legal”, afirma Guilherme Varella, advogado do Idec. Segundo o CDC, o consumidor que comprar um tablet com vício aparente tem 90 dias a partir da data de entrega para reclamar; se o vício for oculto (aquele que não é constatado prontamente), o tempo para a reclamação passa a ser contado a partir da constatação do defeito. “O fabricante tem 30 dias para sanar o defeito. Mas muitas vezes, para que o reparo possa ser feito, o produto deve ser enviado ao exterior. Nesse caso, sugerimos que o consumidor aceite prazo um pouco maior”, orienta Varella.