Ranking do Idec
Em 2020, problemas com instituições financeiras foram os que mais fizeram os associados pedirem ajuda ao Idec, ultrapassando as operadoras de planos de saúde, que estavam no topo do ranking de atendimento desde 2012
Durante oito anos, o tema "Saúde" foi o que mais gerou dúvidas em nossos associados, que procuravam a área de atendimento em busca de orientações, principalmente para casos de reajuste abusivo de planos de saúde. Mas em 2020 as coisas mudaram. Num ano marcado pela pandemia do novo coronavírus – que levou praticamente o mundo todo a uma crise sanitária e econônica sem precedentes –, o tema "Serviços Financeiros" – que em 2017 e 2018 havia ocupado o segundo lugar do ranking – liderou os atendimentos do Idec, com 22,6% (Saúde veio em seguida, com 20,9%).
O principal problema de consumo envolvendo bancos foi "dificuldade para renegociar/parcelar dívidas" (15%). Em seguida vieram "falta de informação" e "cálculo de juros/saldo devedor de cartões de crédito", com 8,6% cada.
"Desde 2018, ano em que lançamos o documentário No caminho do superendividamento, temos notado o crescimento das demandas relacionadas a superendividamento. Além disso, temos os efeitos da pandemia, que impactou drasticamente o orçamento das famílias brasileiras", justifica Igor Marchetti, advogado do Idec. Ione Amorim, economista do Idec, tem duras críticas ao setor bancário, que foi rapidamente socorrido pelo Banco Central com R$ 1,3 trilhão para socorrer empresas e cidadãos, mas demorou para agir e não foi transparente em relação às regras para renegociação de dívidas. Além disso, as agências fecharam e os call centers tinham poucos funcionários, o que aumentou a espera e obrigou os consumidores a resolverem seus problemas online. Mas nem todo mundo tem familiaridade com a Internet, é bom lembrar. "Muitos consumidores ficaram à deriva, expostos a acordos pouco claros e sem informação, enquanto os bancos priorizavam novas concessões de crédito, sem revisão de juros e com aumento de tarifas. Os mais vulneráveis ficaram à mercê de estelionatários e, assim, o número de fraudes explodiu, sinalizando a necessidade de fortalecer os mecanismos de segurança", declara Amorim. E finaliza: "As instituições financeiras precisam revisar suas políticas urgentemente, pois não é justo que batam recorde de lucratividade durante uma crise que quebrou milhares de empresas de diferentes setores".