Em marcha lenta
COMPARAÇÃO ENTRE CIDADES
O desempenho das redes de 2G e 3G é ainda pior nas cidades do interior. Das dez cidades com melhores velocidades de 3G, nove são capitais. A única cidade do interior que está na lista das dez melhores é Juiz de Fora (MG), com 2,27 Mbps de velocidade média. Entre as 10 cidades com as piores médias de velocidade de download, Ribeirão Preto (SP), Manaus (AM) e São Luís (MA) são as mais populosas.
Além disso, duas das principais capitais do país, São Paulo e Rio de Janeiro, têm velocidade média de download nas redes 2G e 3G inferiores a cidades como Goiânia (3,9 Mbps), Natal (3,32 Mbps) e Cuiabá (2,95 Mbps). Na capital paulista e na fluminense, a velocidade média é 2,01 Mbps e 1,89 Mbps, respectivamente.
“A análise dos dados da OpenSignal mostra que existem problemas de infraestrutura e investimento em capacidade de redes móveis em cidades com enorme concentração populacional, especialmente no interior”, diz Zanatta. Para ele, a baixa qualidade está intimamente ligada ao elevado número de reclamações sobre o serviço registrado em todo o país.
No ano passado, telefonia móvel (que inclui internet móvel) foi o assunto mais atendido pelos Procons brasileiros, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), com 13% das demandas. Além disso, as queixas registradas na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre o serviço aumentaram 53% em 2015 em comparação ao ano anterior. “Com a expansão desse mercado no Brasil, é crucial que os consumidores exijam qualidade adequada na internet móvel e maior controle pela Anatel”, finaliza o advogado do Idec.
Análise do Idec de dados da OpenSignal indica que a velocidade de conexão de redes 2G e 3G no país é 30% menor do que a média mundial. Grandes cidades apresentam qualidade ruim de internet móvel, principalmente no interior
Se você acha que a internet do seu celular é lenta, demora demais para carregar as páginas e mais ainda para baixar fotos e outros arquivos, provavelmente você está certo. E possivelmente não está sozinho: a qualidade do sinal de internet móvel no Brasil é ruim, no geral. Essa é a principal conclusão da análise realizada pelo Idec de dados divulgados em fevereiro pela OpenSignal, empresa britânica de monitoramento e performance que avalia o serviço de internet móvel no mundo todo.
O estudo, obtido em primeira mão pelo Idec, avalia a qualidade das redes móveis no Brasil e no mundo. No caso do Brasil, ele destaca como as principais operadoras (Claro, Tim, Vivo, Oi e Nextel) se preparam para fortalecer suas redes de 4G durante as Olimpíadas 2016, que ocorrem em agosto no Rio de Janeiro (RJ).
Mas, para grande parte dos consumidores brasileiros, o que interessa mesmo são as redes 2G e 3G, que correspondem a aproximadamente 75% das conexões de internet móvel do país. Por isso, a partir dos dados da OpenSignal, o Idec analisou a qualidade dessas duas redes nas 40 cidades mais populosas do Brasil, metade capitais e metade municípios do interior, de acordo com o ranking do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Levando em conta a dificuldade que brasileiros enfrentam para baixar arquivos na internet, a avaliação foi focada nos dados de qualidade de download.
O resultado mostra que a velocidade das redes 2G e 3G no Brasil é 30% pior do que a média mundial. A velocidade média no país é de 1,97 Megabits por segundo (Mbps), enquanto a média global atinge 3,2 Mbps. “Há uma evidente discrepância entre o desempenho das redes 4G, que ainda são minoria no país, e das redes 2G e 3G. Enquanto a qualidade de 4G é boa, a maioria dos consumidores ainda sofre com velocidades de download nas redes 3G muito inferiores ao padrão mundial”, destaca o advogado e pesquisador em telecomunicações do Idec, Rafael Zanatta.
No site do Idec, consumidores podem consultar um mapa interativo que mostra a qualidade do sinal de internet móvel em tempo real, por operadora, em cada localização. Acesse: bit.ly/internet-movel-brasil.
Os dados da OpenSignal são obtidas por meio de um aplicativo para smartphone que faz medições e testes no aparelho de usuários do mundo inteiro. Ao instalar o app, ele coleta dados de cobertura e qualidade de sinal das operadoras. Você pode baixá-lo gratuitamente e contribuir com indicadores da sua operadora e cidade para a base de dados internacional. Quanto mais pessoas usarem o aplicativo, mais preciso será o banco de dados da Open Signal, que oferece uma metodologia alternativa aos estudos oficiais feitos pelas agências do governo brasileiro. O aplicativo está disponível para aparelhos Android e iOS (procure por “Open Signal” na Google Play ou Apple Store para baixá-lo).