De onde veio o meu pet?
Buscar informações sobre a "origem" do filhote antes de comprá-lo é uma medida importante para saber se o bem-estar do animal foi respeitado. Veja dicas
No fim do ano passado, o funcionário público Jefferson Assis, de São José dos Campos (SP), decidiu ter um animal de estimação. Em vez de ir logo ao pet shop mais próximo, o futuro dono do Magoo, um cão da raça buldogue inglês, começou a pesquisar sobre a origem do filhote que levaria para casa. Visitou canis e pesquisou sobre a raça e os criadores na internet, em livros e artigos.
Para quem pretende comprar um pet, os cuidados tomados por Assis são importantes para obter mais informações sobre o criador. A principal delas é saber se o bem-estar do animal foi respeitado. "A indústria de cães de raça cresceu muito. Há criadores que pensam só no dinheiro e não se preocupam em dar os cuidados necessários aos filhotes", adverte a veterinária Helia Lin, de Curitiba (PR).
Esses "maus criadores" são chamados internacionalmente de puppy factories, termo que significa "fábricas de filhotes". Algumas entidades de proteção aos animais, como a Animals Australia, promovem campanhas contra essa lógica de comércio cada vez mais comum. Segundo a entidade, 95% dos filhotes vendidos nos pet shops australianos são gerados em locais com características de "linha de produção".
Segundo a veterinária Carolina Bordon, especializada na reabilitação de animais em São Paulo (SP), há criadores que expõem os animais a condições insalubres e até a maus tratos. "As fêmeas são submetidas a gestações consecutivas e em condições precárias. Muitas vezes, os pets permanecem presos por longos períodos, e o uso de seleções genéticas de maneira inadequada ocasiona doenças futuras nos filhotes", elenca.
COMPRA CONSCIENTE
Não existem parâmetros fixados para a criação dos filhotes, nem um selo que certifique um "bom criador". Por isso, o consumidor preocupado em não comprar um animal vindo de uma "fábrica de filhotes" precisa ir atrás de informações sobre o criador ou o pet shop. Para ajudar nessa busca, listamos algumas dicas. Aguce o seu faro:
• Antes da compra, informe-se em três ou quatro criadores diferentes. Pesquisar na internet também é importante para levantar mais informações sobre a reputação do vendedor.
• Agende uma visita ao canil e peça indicação de pelo menos dois clientes que tenham adquirido um animal com aquele criador.
• Atente-se à reação deles a estranhos. Se demonstrarem medo, por exemplo, pode ser uma pista de maus-tratos.
• Na visita, veja se os olhos dos filhotes são brilhantes, se o pelo é macio e sedoso e se o corpo é saudável (nem magro e nem acima do peso).
• Observe se tem água e ração suficiente para os filhotes e também a higiene do espaço onde ficam.
• Pergunte a idade dos filhotes. O ideal é que fiquem com a mãe entre 45 a 60 dias de vida. Se separados muito cedo, eles terão maior facilidade em desenvolver doenças e mudanças de comportamento.
• Peça para ver os pais, tanto o macho quanto a fêmea, para poder verificar a condição de saúde da família.
• Cheque o calendário sanitário de vacinas, importantes para a prevenção de doenças infecciosas, e do vermífugo.
• Não compre filhotes em sites ou feiras, pois o contato com o vendedor é superficial. Na internet é mais fácil ser alvo de golpes.
• A compra em pet shops requer mais atenção. Algumas informações sobre a origem do bichinho dificilmente serão esclarecidas.
• Pesquise preços. Se o valor estiver muito abaixo da média, suspeite.
• Não tenha pressa. O impulso na compra pode pular etapas necessárias para uma compra consciente.
Fontes: Helia Lin; Carolina Bordon; Mauro Atalla, presidente do Kenel Clube de São Paulo.
Um filhote de raça pode custar caro. Ao mesmo tempo, há muitos animais em abrigos ou nas ruas que precisam de um lar. Por isso, a adoção é sempre uma boa alternativa. "Quando se adota um ser vivo existe a troca de amizade e de respeito. Também é o início de um processo de responsabilidade e de uma nova chance ao animal", acredita Izabel Nascimento, presidente da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa).
Para adotar um bichinho de abrigos, o interessado deve apresentar alguns documentos pessoais, como cópia do CPF e comprovante de residência atualizado. Depois do cadastro, normalmente é feita uma entrevista. Nascimento explica que as entidades adotam critérios rigorosos para que o animal adotado não retorne às ruas.
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Onde adotar
No país, diversas entidades se dedicam a encontrar um lar para os animais abandonados. Uma busca na internet pode ajudar a encontrar um ponto de adoção mais próximo de sua cidade. Confira algumas das maiores no país:
• Cão Viver (MG): www.caoviver.com.br
• Adote Bicho (PR): adotebicho.com.br
• Adote um Focinho (SP): adoteumfocinho.com.br
• Adote um Gatinho (SP): adoteumgatinho.com.br
• Clube dos Vira-Latas (SP): clubedosviralatas.org.br
• Associação Quatro Patinhas (RJ): quatropatinhas.com.br
• Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (RJ): suipa.org.br