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Alimentação com comida de verdade

IMAGEM DE DESTAQUE
Título: Alimentos regionais brasileiros
Elaboração: Ministério da Saúde
Ano: 2015
Páginas: 486
Download gratuito em: http://bit.ly/1DZVNja

por MARIA EMILIA LISBOA PACHECO*

Quem já ouviu falar e já experimentou frutas como a uvaia, o biribá, o buriti, o umbu, o baru, o pinhão ou o açaí? E os tubérculos e raízes como a conhecida mandioca ou macaxeira, o mangarito, o inhame roxo? Ou as hortaliças, como a bertalha, o jambu, o maxixe? Essa variedade de alimentos é expressão de nossa rica diversidade de biomas: da Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga preservada, manejada e cultivada pelos povos indígenas, comunidades tradicionais e pelos agricultores familiares.

A nova edição do livro Alimentos Regionais Brasileiros, lançada este ano pelo Ministério da Saúde, convida-nos à apreciação desses saberes e sabores, fruto das tradições regionais, com receitas que expressam o legado de diferentes grupos e etnias. Ao mesmo tempo, mostra ser possível cozinhar com saúde, com menos gordura, menos sal e menos açúcar.

É importante perguntar: o que (não) estamos comendo? Vivemos tempos de muitas mudanças nos hábitos alimentares, com a redução da variedade de alimentos e com o maior consumo de produtos alimentícios industrializados e ultraprocessados, como os refrigerantes, as massas de preparo instantâneo, os biscoitos recheados e outros. Houve uma redução do consumo de frutas e hortaliças.

Melhoramos as condições de acesso aos alimentos, com redução da mortalidade infantil, da fome e da extrema pobreza, mas constatamos o aumento do sobrepeso e da obesidade no país, o que tem sido acompanhado de maior incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, pressão alta e câncer.

Nesse cenário, o livro é um importante instrumento para o desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional e de promoção da alimentação adequada e saudável. Precisamos dialogar sobre a concepção do alimento como patrimônio de um povo, com respeito às culturas alimentares.

Ele é também um estímulo às reuniões, ações e reinvindicações de consumidores ao poder público para garantir a disponibilidade de alimentação de qualidade com preço justo, próximo ao local de moradia, encurtando as distâncias entre quem produz e quem consome os alimentos.

No ano em que ocorre a Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional [de 3 a 6 de novembro, em Brasília-DF], o livro é um convite para o debate sobre o seu lema Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar.

*Antropóloga, assessora na ONG Fase – Solidariedade e Educação e presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea)


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