Ligando os pontos das energias
Título: Linhas - Ligando os pontos das energias no Brasil
Realização: Greenpeace
Concepção: Marina Yamaoka
Vídeo: Eliza Capai
Fotos: Carol Quintanilha
Ilustrações: Alexandre De Maio
Coordenação: Bruno Weis
Onde assistir: http://linhas.minisserie.org.br/
por GILBERTO M. JANNUZZI*
O Greenpeace vem desenvolvendo diversas ações a fim de questionar o modus operandi do planejamento energético. Ao mesmo tempo, procura divulgar novas oportunidades para se produzir e consumir energia. Em seu novo projeto Linhas – Ligando os pontos das energias do Brasil, a ONG percorre diversas regiões do Brasil e dá um pulo no vizinho Peru para tratar do tema.
Linhas é uma sequência de seis blocos com vídeos muito bonitos e textos objetivos. Cada bloco traz um personagem da região apresentando sua perspectiva sobre os benefícios da eletricidade para seu cotidiano, expectativas e problemas enfrentados com empreendimentos hidrelétricos.
Talvez o principal mérito do trabalho seja esse mesmo: o de trazer para o público, principalmente para o consumidor urbano dos grandes centros, o ponto de vista daqueles brasileiros que vivem em regiões onde se instalaram ou se planejam instalar hidrelétricas.
O projeto apresenta a experiência e competência brasileira de construir grandes empreendimentos, que nas décadas de de 70 e 80 tiveram sucesso e consolidaram o parque gerador nacional. Essas iniciativas foram resultado de um tipo de planejamento e de tecnologias que tinham sentido e foram bem executados naquela época. Os tempos são outros. A própria sociedade mudou, novas tecnologias e maiores incertezas em relação ao clima surgiram.
O Greenpeace faz esse registro e nos traz esse projeto exatamente em uma época em que enfrentamos novamente uma grave crise de abastecimento de energia e de água no país. É um momento para se refletir sobre as opções energéticas disponíveis e sobre o futuro.
Vários blocos apresentam a geração de eletricidade através de pequenas centrais fotovoltaicas e aerogeradores, mostrando inclusive a oportunidade de geração de emprego nas comunidades que recebem esses sistemas. Não deixa de ser um contraponto interessante com os relatos dos impactos de Belo Monte, que também fazem parte de um episódio.
O projeto sugere ainda outras soluções, como expandir a geração de eletricidade através de biomassa, e reconhece os benefícios e a importância da eficiência energética. No entanto, não amplia essa discussão e também não detalha o papel do consumidor. Talvez nem fosse essa a intenção. No entanto, um sistema moderno de planejamento energético vai exigir maior participação dos atuais consumidores, principalmente em relação ao consumo mais consciente de água e de energia. Fica a sugestão para um novo episódio do projeto.
*Professor titular de Sistemas Energéticos da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).