Remédios mais em conta
Pesquisar é preciso
O levantamento do Idec também constatou que os medicamentos genéricos custam, em média, 39% do preço do produto de referência (ou seja, menos da metade). Por isso, de modo geral, optar pelo genérico representa grande economia. Para dar um exemplo: quem comprar o anti-hipertensivo de referência Blopress (8 mg, caixa com 30 comprimidos) pagará R$ 91,20, em média, enquanto quem optar por seu genérico desembolsará apenas R$ 9,16, também em média. Ou seja, o medicamento "sem marca" custa apenas 10% do valor do de referência. Já o similar Angipress custa, em média, R$ 78,06 (86% do preço do medicamento de referência).
Contudo, nem sempre o similar custa menos: o hormônio tireoidiano Syntroid, por exemplo, é vendido nas farmácias por R$ 23,20, em média – três vezes mais caro que o medicamento de referência Puran T4 (R$ 7,46).
Além da variação entre as categorias de medicamento, o preço também muda muito de uma farmácia para outra. A diferença chega a 285%, caso de um medicamento de referência.
Diante desses resultados, fica a dica: vale a pena gastar alguns minutos telefonando para farmácias ou acessando o site delas, ou ainda gastar a sola dos sapatos visitando alguns estabelecimentos a fim de encontrar o preço mais em conta. E não se esqueça de comparar o preço do medicamento de referência com o genérico!
SAIBA MAIS
• Confira a pesquisa de preços de medicamentos feita pelo Idec em 2013: http://goo.gl/dTBmq
• Entenda a diferença entre medicamentos de referência, genérico e similar: http://goo.gl/wp1qj O preço de medicamentos genéricos caiu de 2013 para 2014. No entanto, a grande diferença entre o valor de mercado e o teto estabelecido pelo governo abre espaço para aumentos significativos
O Idec levantou os preços de 41 medicamentos, sendo 19 de referência, 16 genéricos e seis similares. Em seguida, os comparou com os valores praticados no ano passado e também com o Preço Máximo ao Consumidor (PMC), teto estabelecido pela Câmara de Regulação de Medicamentos (Cmed), órgão ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O resultado dessa comparação traz três notícias: uma boa, uma neutra e uma ruim.
Vamos começar pela boa: os preços de nove genéricos sofreram queda expressiva em comparação com 2013. Merece destaque o antibiótico Amoxicilina (500 mg, caixa com 30 comprimidos), do laboratório EMS, que baixou de R$ 35,42 para R$ 16,54 (redução de 53%).
A notícia nem boa e nem ruim é que o valor dos 19 medicamentos de referência observados não variou muito; a maioria dos produtos sofreu reajuste de até 6%. Quatro medicamentos ficaram mais baratos (variação entre -14% e -3%); a maior queda de preço foi a do anti-inflamatório Meticorten, que custava em média R$ 18,43 em 2013 e passou a custar R$ 15,90 em 2014. Apenas quatro remédios tiveram reajuste acima da inflação do período, medida em 5,67% entre março de 2013 e fevereiro de 2014. Em relação aos medicamentos similares, só foi possível comparar o preço de um produto: o anti-hipertensivo Angipress (50 mg, caixa com 28 comprimidos), que teve alta de 13%. Como a oferta de similares varia muito de uma farmácia para outra, o Idec não encontrou os demais remédios analisados no ano passado em mais de um estabelecimento.
Entre 18 e 26 de março, o preço de 41 medicamentos (19 de referência, 16 genéricos e seis similares) foi cotado por telefone em 36 redes de farmácias espalhadas por todas as regiões da cidade de São Paulo e no site das seis maiores redes da capital paulista: Drogaria São Paulo, Drogasil, DrogaRaia, Drogaria Onofre, Drogaria Nova Esperança e Ultrafarma. O objetivo era comparar os preços praticados este ano com o valor apurado em 2013 e com o preço máximo fixado pela Cmed. O levantamento é realizado pelo Idec há cinco anos, entre fevereiro e março.
RISCO DE AUMENTO
Por fim, a má notícia: como tem sido observado nos últimos cinco anos, a margem entre os preços praticados no mercado e o teto estabelecido pela Cmed é muito ampla, o que possibilita reajustes elevados de preço. Os produtos de referência apresentaram margem entre 4% e 31%; já a maioria dos genéricos tem margem acima de 100%. Entre os similares, com apenas seis produtos, a diferença ficou entre 29% e 138%.
O medicamento de referência com a maior diferença de valor é o antiulceroso Peprazol (20 mg, caixa com 28 comprimidos), cujo preço médio é R$ 52,21 e o preço-teto, R$ 68,64, uma diferença de 31%. Entre os genéricos, o antiasmático Montelucaste de Sódio (10 mg, caixa com 10 comprimidos), do laboratório Biosintética, tem diferença de 152% entre o preço médio de venda (R$ 14,33) e o teto da Cmed (R$ 36,15).
Para Ione Amorim, economista do Idec e responsável pelo levantamento, a grande variação entre o preço médio de venda e o máximo fixado pela Cmed entre os genéricos e alguns similares reflete, em parte, a concorrência entre os laboratórios que fabricam o mesmo medicamento, assim como a estratégia de distribuição desses produtos no mercado. Mas reforça que essa amplitude é perigosa. "A manutenção de margens muito grandes apresenta risco considerável de manipulação do preço por parte das distribuidoras e redes de venda", declara.