Baderna e revolução

Título: Bela Baderna - Ferramentas Para Revolução
Organizadores: Andrew Boyd e Dave Oswald Mitchell
Editora: Ideal
Ano: 2013
Páginas: 168
Onde encontrar: em livrarias

por ADRIANA CHAROUX*

O livro de bolso Bela Baderna – Ferramentas Para Revolução é uma versão reduzida e em português de Beautiful Trouble. Assim como no original em inglês, ele é mais do que um manual metódico de ativismo, pois apresenta um rico conteúdo e referências para entender o assunto.

A publicação relata uma série de ações e protestos criativos realizados mundo afora, a partir da experiência dos organizadores do livro, "baderneiros" veteranos. Tanto o leitor leigo quanto os militantes de carteirinha encontrarão uma coleção de histórias inspiradoras, capazes de despertar atenção e mudanças concretas.

Bela Baderna está organizado em quatro seções, que podem ser lidas em qualquer ordem: táticas, princípios, teorias e estudo de casos. A versão brasileira traz três casos locais: as Jornadas de Junho, lideradas pelo Movimento Passe Livre em 2013; a ação de retomada da terra ancestral Marãiwatsédé dos índios Xavante, ocupada ilegalmente por fazendeiros há 46 anos; e a intervenção Pimp My Carroça, idealizada pelo grafiteiro e ativista Mundano, sobre a invisibilidade e a situação degradante vivida pelos catadores de materiais recicláveis.

Muitas ações vistas nas manifestações do ano passado contaram com estratégias e táticas descritas em Bela Baderna e, que, goste-se ou não, chamaram a atenção de muita gente.

A socióloga e militante feminista Marília Moschkovich, que assina o prefácio da obra, lembra que "a baderna aleatória tem força, mas a baderna organizada tem poder": foi ela quem barrou os 20 centavos nas passagens de ônibus em São Paulo, impediu a implantação da Alca [Área Livre de Comércio das Américas] no início do século XXI, derrubou ditaduras e fez revoluções.

Este ano, o Brasil passará por novas turbulências. A Copa do Mundo e as eleições certamente serão acompanhadas por intensas manifestações. Um bom momento para debater de forma menos moralista os conflitos em torno do projeto de país que queremos.

Nesse cenário de concentração de poder, crise de representação política, agravamento dos problemas ecológicos e desrespeito aos direitos básicos do consumidor, Bela Baderna não poderia vir em melhor tempo.

*Coordenadora da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil