Para não vestir trabalho escravo
Título: Moda Livre
Idealização: Repórter Brasil
Desenvolvimento: PiU Comunica
Sistema operacional: Android e iOS
Preço: gratuito
Onde encontrar: Apple Store (goo.gl/Wdgxdy) e Google Play (goo.gl/UOA430)
por JUANA KWEITEL*
Finalmente, os consumidores têm à mão uma ferramenta para serem mais responsáveis pelo que vestem. A ONG Repórter Brasil lançou recentemente o aplicativo Moda Livre, que classifica as principais lojas de roupa do Brasil de acordo com suas políticas de combate ao trabalho escravo.
A primeira versão avalia 22 marcas, entre as principais do país e as que já foram envolvidas em caso de mão de obra escrava, segundo dados do governo. A ferramenta será atualizada se houver mudanças nas políticas das empresas e incluirá novas marcas ao longo do tempo.
De acordo com o site de apresentação do aplicativo, todas as companhias listadas foram convidadas a responder um amplo questionário baseado em quatro indicadores: políticas – compromissos assumidos para combater o trabalho escravo em sua cadeia de fornecimento; monitoramento – medidas adotadas para fiscalizar seus fornecedores; transparência – ações para comunicar os clientes sobre o que vêm fazendo para combater o trabalho escravo; e histórico – resumo de seu envolvimento em casos de trabalho escravo.
Com base nas respostas, as empresas foram classificadas em três categorias de cores (verde, amarelo e vermelho). Aquelas que não responderam ao questionário, apesar dos insistentes convites, foram automaticamente incluídas na categoria vermelha.
A descrição geral de cada marca também informa se a fabricação dos produtos é própria ou terceirizada. O debate internacional atual avança na responsabilização da empresa pelos atos de seus fornecedores, que aumenta em função da importância da relação comercial e da gravidade da infração aos direitos humanos.
Nessa primeira versão do aplicativo, só uma empresa foi listada na categoria "verde", a C&A; sete são "amarelas" e catorze são "vermelhas". Comentários dos próprios usuários sugerem mudanças para aprimorar a ferramenta, como uma quarta categoria de classificação para as empresas que não respondem ao questionário. Também seria interessante ampliar a interatividade e a produção colaborativa de novas informações.
Não sou uma grande usuária de aplicativos, mas tive facilidade para baixar e utilizar o Moda Livre. Ferramentas similares para outros setores como cosméticos, eletrônicos e brinquedos seriam muito bem-vindas. Sem deixar de lado a reflexão sobre o consumismo, não há dúvida de que aplicativos desse tipo nos ajudam a ser consumidores mais cidadãos.
*Diretora de Programas da Conectas Direitos Humanos (juana.kweitel@conectas.org)