Tudo é de todos
Título: O que é meu é seu: como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo
Autores: Rachel Botsman e Roo Rogers
Editora: Bookman
Ano: 2011
Páginas: 241
Duração: 57 minutos
Onde encontrar: em livrarias
por RENATA DE SALLES S. PISTELLI*
"O acesso aos bens é mais importante do que a propriedade". Essa afirmação sintetiza a análise do livro O que é meu é seu – como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo, publicado em 2011 no Brasil. Ele demonstra o deslocamento do desejo de possuir cada vez mais coisas para a satisfação em ter acesso aos benefícios proporcionados por elas, por meio do compartilhamento.
Os autores, entusiastas da causa, descrevem um rico repertório de histórias e de personagens reais que, no século passado, contribuíram para a fabricação da cultura do consumismo, estimulada por interesse das grandes corporações, e outros que atualmente encampam um movimento de ruptura com essa lógica de consumo e propõem a efetivação de relações baseadas na colaboração, na troca e no fortalecimento de laços sociais.
Os adeptos do consumo colaborativo são, em sua maioria, jovens da chamada geração millennial, espalhados pelo mundo todo e conectados por redes sociais. São consumidores que pertencem, em geral, a classes sociais de elevado poder aquisitivo e cultural, que optam pelo acesso a bens e serviços em detrimento da propriedade por questões ideológicas e de interesse próprio. Para essas pessoas, o desejo de compartilhar não está relacionado à necessidade de sobrevivência, mas sim à vontade de resgatar e experimentar hábitos coletivos e colaborativos.
As consistentes iniciativas de consumo colaborativo descritas no livro são muito interessantes, criativas e demonstram grande capacidade de mobilização, sustentação e ampliação da proposta. Para mim, toda mobilização que busque maior autonomia das pessoas em relação ao poder econômico das grandes corporações é essencial, sobretudo em nossa sociedade, que segue extremamente desigual.
Enquanto milhões de pessoas – que até pouco tempo atrás não tinham acesso a itens básicos de necessidade humana – estão começando agora a entrar na "festa do consumo", outros grupos há tempos integrados aos circuitos econômicos compartilham a ideia de que se entregar aos desejos de consumo, além de insustentável, está ficando "fora de moda".
*Mestranda em sociologia da educação pela Universidade de São Paulo e bacharel em direito. É sócia-fundadora do Instituto Kairós e atua como assessora técnica da Fundação Paulistana de Educação e Cultura (Fundatec).